O sentimento de escrever.
Eu encaro o papel em branco (ou em azul, gosto da cor e de como ela não machuca meus olhos, mas os acaricia) com uma determinação juvenil.
Então digo pra ele "me ouça!" e ele me ouve, enquanto meus dedos transcrevem meus pensamentos.
Apago uma palavra.
Corrijo outra.
Então leio tudo novamente, para ver se meu subconsciente fez tudo certo. Caso contrário,
Apago a palavra,
e a corrijo com outra.
Faltou uma letra, Helena!
Ponho-a de novo.
Comento um pouco sobre minha própria escrita e converso sozinha acerca de qualquer coisa que me apetecer.
Vou pra outra aba do computador e me distraio por poucos segundos, procurando inspiração momentânea.
Volto ao bloco de notas, ou ao Word.
Escrevo mais, forçada ou inspirada já não sei.
E palavras e mais palavras vão se juntando a linha invisível.
Então percebo que estou repetindo muito a palavra "então".
Troco-a por um espaço vazio.
digo pra mim mesma que esse trocadilho não foi bom.
Assim, troco "então" por "assim".
Encaro a tela, e descanso o braços, que penderam o processo todo.
Me distraio novamente, mas dessa vez com o celular.
Olá, estou de volta.
Esqueci que isso não é um bate-papo.
Voltando a escrever, começo a imaginar meu "imaginômetro" ou "inspirômetro" (ambos nomes horríveis) baixando.
Será que minha inspiração, ou minha imagem de embaixadora da beleza poética e prosaica (pesquisei o significado da palavra pra ter certeza de que se referia ao que eu pensava que se refere) são inversamente proporcionais ao tempo que demoro a escrever?
Não sei.
Talvez seja o contrário.
Oh não, lembrei de algo pra fazer.
Mas espera...
Eu já tinha algo pra fazer.
E porque não queria terminar esse algo com raiva, comecei isto agora.
Esqueça disso, e volte ao seu primeiro trabalho.
Sim, escritora...
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A incrível narrativa da escritora sobre ela mesma.
RandomNarrei eu mesma escrevendo o texto. Foi divertido.