CONTO: O Céu Que Nos Une

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Nota: 9 (nove)

O conto de Lucca Moshe começa já deixando claro qual o foco narrativo, na terceira pessoa. O narrador é observador. Apesar de não gostar muito de narrativas na terceira pessoa, essa me prendeu sem que eu pudesse evitar. Apesar de ter um ser angelical, a história é real e pode muito bem ser sentida, exatamente como o autor propôs aos leitores. Há uma linearidade comum a contos, com saltos grandes no tempo. A inovação não está na estrutura, muito menos no modo de narrar. Está na forma que o autor escolheu para tratar do assunto escondido atrás de frases não tão fáceis de compreender.

A personagem feminina no conto é uma perfeita personagem plana com tendência a redonda, pois apresenta grau mediano de densidade psicológica (que só poderia ser aprofundada caso a história fosse narrada pelo ponto de vista dela) e modifica sua personalidade ao longo do conto. A ausência de falas e excesso de descrição sobre os momentos considerados importantes pelo autor foram fatores importantíssimos para garantir um enriquecimento da trama, o qual  poderia ter sido completado com a identificação de um antagonista representativo (não uma pessoa de verdade, mas poderia ser até mesmo uma parte da personalidade de Julia).

As palavras foram muito bem escolhidas,  assim como a justificativa para as ações do anjo. E a reviravolta na escolha de reações dele foi maravilhosa e inesperada. O ato de humanizar o anjo me fez refletir sobre diversas coisas, assim como acredito que o autor queria. Não há muito para avaliar de fato, pois é um conto que, como Moshe propõe, te faz simplesmente sentir. Minha nota foi controlada simplesmente pela falta de inovação na narração e por a personagem não ser completamente redonda. Creio que minhas sugestões não podem ser atendidas para tal conto, pois acredito que ele não funcionaria para o propósito do autor se fosse elaborado de outra forma. Olhando como uma estudante de Letras, apenas modificaria o ponto de vista (imagino que se o anjo narrasse em seu ponto de vista seria ainda mais sentimental, mas talvez não causasse o efeito que causa agora) e tentaria narrar de forma inusitada (talvez começando com o final e mostrando às pessoas como aquilo aconteceu).

Meu lado de leitora apenas não consegue opinar depois do que esse conto me fez sentir.


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