" Eliza, sei que nós não nos conhecemos muito bem, e sou seu chefe... mas se você quiser pode confiar em mim... ninguém dessa empresa ficará sabendo" " Eu confio em você, só não sei se quero contar o acontecido... não foi legal"
Olhei para a grande janela de vidro e senti uma lágrima quente escorrer pelo meu rosto machucado. Não sei o que estava mais ferido no momento, meus sentimentos ou o vergão em meu rosto.
" Por favor não chora... me conta... quem sabe eu posso te ajudar" Fiquei por um pequeno momento pensando, e relembrando tudo o que aconteceu na noite anterior, meu coração estava dolorido, e as memórias ainda mais.
" tudo bem então, bom... eu tenho um namorado um tanto quanto obsessivo...ele bebe muito... e acaba que por ficar fora de si... ele é grosso e arrogante..." respirei fundo e continuei o meu desabafo " ontem à noite ele chegou na minha casa bêbado, e mais arrogante do que o normal... ele me empurrou para a cama e me deu um tapa na cara... eu o expulsei da minha casa... e ele não aceita uma rejeição então ele me espancou"
Derek abaixou a cabeça ressentido depois voltou a conversa " sinto muito... sei que essa pergunta pode parecer óbvia mas porque você ainda está com ele? " Fiquei pensativa por um momento, porque eu ainda estava com ele? Nem eu sabia ao certo. "Como eu disse, ele não aceita rejeição... e é arrogante... e suas ameaças sobre mim são fortes e inclue minha família no meio... meus pais nem sabem sobre ele..." " você precisa de ajuda... e se você quiser eu posso dar um pé na bunda dele..." "Obrigada... mas eu vou tentar me resolver" Peguei minhas coisas rápido e sai correndo da sala " licença" Me sentei na mesa tomando um café. Olhei o celular e lá estava uma mensagem de Peter "Precisamos conversar sobre ontem" respondi a mensagem indignada. " não temos nada o que conversar" Desliguei o celular e segui meu trabalho.
••• No final do trabalho fiz de tudo pra sair antes dos demais funcionários, de alguma forma eu queria fugir do chefe. Não sei ao certo por que.
Mas meu plano foi falho. Assim que sai da empresa, meu chefe saia também. É pra piorar Peter me esperava na frente da porta de seu carro. Ele se aproximou e já começou alterando a voz "nós temos sim muito o que conversar garota"
Derek percebeu que algo estava errado. Ele deve ter reconhecido o cara que gritava comigo como o meu namorado obcessivo. Ele logo entrou na confusão.
" Ei rapaz, quem você pensa que é para gritar com ela?" " sou o namorado dela, e você quem pensa que é para se intrometer?" " O chefe! E um cara que pode acabar com sua vida acadêmica ou com a justiça" " Nossa que medo!" Peter agora zombava da cara de Derek. " vamos Eliza você vem comigo!" Gritava Peter. " eu não vou! Já falei não temos nada com o que conversar!" " Ahhh mas você vai!" Ele me puxou grosseiramente pelo braço me fazendo tropeçar e cair no chão. Derek se aproximou de Peter e lhe deu um soco no rosto. Meu namorado obcessivo caiu no chão meio zonzo mas logo depois se levantou e retribuiu o soco com desdém. Ajudei Derek a se recompor e mandei Peter embora o ameaçando a chamar a polícia para prendê-lo.
••• "Você está bem?" Perguntei para Derek que estava com a boca sangrando.
Após Peter ir embora eu e Derek entramos novamente para a empresa. Peguei um pano e embrulhei gelo dentro.
" Sim, mas e você está bem?" Dei de ombros. " vou ficar... não se preocupe" coloquei o gelo no ferimento e ajudei a limpar o pequeno sangramento. Ele olhava pra mim com preocupação. " Obrigada por ter me defendido... você não pre.." " Ei eu precisava sim! Jamais vou deixar uma mulher apanhar na minha frente!" Ele colocou a mão no meu braço em sinal de preocupação e compreensão. Dei um leve sorriso e abaixei a cabeça. "Eu nunca pensei que ele fosse desse jeito... bem que meus pais avisaram" Comecei a chorar em silêncio. Derek passou o dedo indicador na lágrima que descia pelo meu rosto. " não fique assim... errar é normal... todos nós erramos.... eu também já tive uma namorada obcessiva " " com os homens é mais fácil sair fora..."
•••
Acordei as três da manhã com uma sede fora do normal. Pisei o pé para fora da cama e já me encolhi novamente por conta do frio constante. Coloquei meu roupão para que meu corpo não congelasse totalmente. E fui até a cozinha beber água.
Dormi novamente. E despertei as 7:00 da manhã em ponto. Meu humor estava excelente, Peter estava temporariamente fora da minha vida, é isso era magnífico. Sem ameaças, sem ciúmes excessivos e sem brigas.
Me arrumei mais do que o normal que faço no dia-a-dia. Cabelos arrumados, maquiagem feita, roupa elegante e saltos altos. Peguei minha pasta, minha bolsa, as anotações feitas por mim, meu celular que finalmente estava sem ligações perturbadoras e as chaves do meu carro.
Hoje era um novo dia e eu pretendia fazer dele o melhor possível. Afinal Peter me deixou em paz.
••• Desci do carro com meu café Starbucks nas mãos. E com os cabelos soltos ao natural. Abri a porta corrente da empresa e adentrei a porta de um novo dia.
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