Dois. A Garotinha Do Balão Vermelho

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Comecei aquela noite chorando. Chorei muito. Chorei de verdade. Uma vez quando eu tinha 6 anos, ganhei um balão. Eu amei aquele balão desde o primeiro momento, era vermelho e eu adorava vermelho, eu gostava de qualquer coisa que fosse vermelho, ainda mais se fosse algo que pudesse voar. Eu deixei aquele balão ir embora, depois a menina da minha rua chegou com o dela, e eu quis o meu de volta, mas ele já estava muito alto. Foi uma sensação horrível. Perda, arrependimento, Saudade. Eu pensava que nunca sentiria dor pior. Achei que esse dia nunca fosse chegar, mas esse dia chegou.
Eu chorei muito mais naquele início de noite. E podia jurar que eu trocaria de lugar com ele, tentei ser forte a semana inteira mas quando desabei, percebi que de forte eu não tenho nada.
Ouvi batidas na porta.
- Marceline... É a mamãe. Abra! Por favor querida.
- está aberta. - rapidamente tentei enxugar as lágrimas e disfarçar mas quando bati os olhos nela vi que ela também estava chorando, foi aí que eu desabei mais ainda. Ela correu pelo pequeno espaço entre a porta e a cama. E sem pensar no que ia fazer, me abraçou.
Choramos como se não houvesse amanhã, e como se nós duas precisasse daquilo para sobreviver.
- meu pai mãe. Meu paizinho. E agora o que vai ser de mim? Como vou viver sem o meu pai?
- eu não sei amor. Sinceramente eu não sei..- ela respondeu com o pouco de voz que lhe sobrou.
- eu estou cansada mãe. É muito difícil ser forte o tempo todo.
- não precisa querida. Você já foi forte de mais. Vamos fazer o seguinte. Vamos trocar de lugar um pouco, deixa eu ser a durona. Me abraça e chora. Chore filha chore minha linda. - rimos e choramos, Desordenadas.
Ela segurou meu rosto, com um olhar de admiração.
- o que eu tenho pra te dizer filha. Até mesmo te pedir. Não tome decisões precipitadas. Victor é um bom rapaz, vocês sempre se deram bem, são tão parecidos! Por outro lado, você é jovem, bonita, tem a vida toda pela frente. Faz o que seu coração mandar. - ela beijou minha testa. E se foi. Me deixando só com meus pensamentos.

Minha conversa com Victor não foi nada fácil. Houve sorrisos, mas também houve lágrimas. Mas chegamos a uma conclusão que achamos que seria a melhor. Eu me considerava uma garota (agora uma mulher) de sorte. Porque Victor era tudo que qualquer pessoa queria ou precisasse. Gentil, legal, fiel, bom e compreensível.
Ele disse que me apoiaria em qualquer decisão desde que eu não desistisse de nós dois, e nossa conclusão foi a seguinte...
Desci as escadas sem pressa , e Victor logo atrás de mim. Meu pai estava em sua poltrona lendo o jornal, e minha mãe estava assistindo a TV.
Fui andando devagar e entrei na frente da TV.
- podemos conversar? - falei. Ao fim da frase Vitor chegou do meu lado e segurou minha mão. - Victor e eu decidimos manter a data do casamento. Vamos manter o nosso noivado apesar da distância e ele irá nos visitar aos fins de semana.
A expressão de minha mãe foi de puro alívio, pois eu soube tomar a decisão certa entre terminar com ele ou abandonar a família. Nem um, e nem outro.
Por outro lado a expressão do meu pai também foi de alívio, provavelmente por se sentir culpado por qualquer consequência que eu vivesse.

Já era quase meia noite quando Vitor
E eu estávamos deitados na grama do jardim, entre nossas duas casas. Perto do velho Carvalho.
- Victor. O que você lembra quando olha pra cirius. - perguntei olhando para o céu estrelado.
- meu amor.. - Victor deu uma pausa. Pensativo. - só tenho olhos pra você.
- seu bobo. - soltei uma risada divertida. - eu to falando da estrela Cirius. O que você lembra?
- é... Bom... ER... Desculpa. Qual é mesmo a estrela Cirius? - ele perguntou friamente, como se fosse algo banal. Revirei os olhos.
- esquece.
-esquece mesmo! - ele finalizou. - vamos falar sobre algo melhor. Eu e você.
Victor e eu nós beijamos. Minha mão acariciava sua nuca. A dele ameaçava a descer pela cintura. Percebi que o nosso beijo começava a ficar rápido e nossas atitudes meio irracionais.
- espera! - falei de repente quando segurei a mão dele. Ele fez uma careta, que acompanhava um olhar de reprovação.
- Marceline. Vamos fazer essa distância valer a pena, o.k? Que tal fazer isso dar certo?
- já conversamos sobre isso.
- ah amor. Mas vai! Era diferente. As coisas estão mudando. E além disso nosso casamento já está marcado. Lembra? Destinos traçados, fomos feitos um para o outro. Você é minha, e eu sou seu.
- Eu sei disso. Mas, mas...
- mas?
Segurei a mão dele, levantei, puxei ele, e ele levantou.
- mas é importante pra mim. Quero casar primeiro. - completei, enquanto envolvia meus braços por debaixo dos braços dele em um abraço, encostando a cabeça em seu tórax. Depois o olhei nos olhos. Ele fez um gesto de rendição e me abraçou. Me encostou no Carvalho e nos beijamos.

(capítulo 3 está chegando. Prepare-se para embarcar nas emoções, paixões e aventuras da vida de Marceline)

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⏰ Última atualização: Jun 12, 2017 ⏰

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