Blue Ice; Yoonseok!

❄ Capitulo único ❄

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Em um mundo onde toques carregam mais significados do que palavras, eu me faço presente na parte que pensa diferente; na pequena porcentagem que, assim como eu, acreditavam que as palavras são, nada mais nada menos, que ações invisíveis aos olhos e completamente carregadas para serem guardadas no coração.

Yoongi Hyung não fazia parte da mesma porcentagem que eu. Porém, também não pertencia a outra parte que amava através de toques. Min Yoongi era gelo da cabeça aos pés, incluindo sua alma.

Não sei como ou porque nos aproximamos, mas depois de alguns meses, eu já não me enxergava longe do mesmo e nem ele parecia se distanciar. embora as palavras, assim como os gestos, eram nulos de sua parte. Ele me amava em silêncio e de forma duvidosa, deixando-me com medo de que fosse tudo imaginação da minha mente; no fundo eu sabia que não era.

— Eu não gosto das palavras, Hoseok — meu Hyung disse certo dia — Elas costumam machucar.

Desde então eu aprendi a amá-lo em meio a sussurros, prometendo-me dia após dia somente a ele enquanto achava que ele não ouviria ou que ele não estava prestando atenção. Costumava elogiar seus cabelos ou seu sorriso que tão raramente se mostrava.

— Seus cabelos são tão bonitos, o azul combina com você — eu havia elogiado e a surpresa estampada em seus olhos era única, até ser substituída por sua habitual cara de tédio.

— Você não costuma elogiar-me, porque está fazendo isso agora? — e mais uma vez sua alma de gelo fazia aparente, tão fria quanto seus olhos e tão azul quanto seus cabelos que ele incessantemente corrigia-me, dizendo que eram verdes.

Ninguém acreditava em amor, nossos amigos as vezes nos olhavam com olhos cruzados, ansiosos por uma simples demonstração de afeto que eu - contra minha vontade- já havia tido certeza que não viria. Eu já tinha me acostumando com Min Yoongi, mas ele pareia nunca estar satisfeito com minha presença de palavras.

Por fim, acabei de engolir todas para mim, sufocando e padecendo pouco a pouco com elas engasgadas; eu tinha medo de machucar meu Hyung e ele tinha medo das palavras, pois desde cedo não havia conhecido a beleza das mesmas, apenas as acusações que vinham através delas.

Eu ainda não havia dito "eu te amo" e nem precisava, pois não seria respondido. Cada palavra, frase e maneira que eu conhecia de amá-lo foi sumindo aos poucos em meu interior, até que um dia eu pensei não amá-lo mais. O desespero havia tomado conta de mim e as brincadeiras desaparecido junto da minha alma sempre tão infantil.

Yoongi estava me congelando antes que eu tivesse a oportunidade de derrete-lo; eu já havia parado de tentar.

— Hoseok, você me ama? — suas palavras vieram em uma tarde estranhamente fria, mas eu não sentia mais frio.

Seus lábios eram doces e frios, mas impossíveis de resistir. Eu podia dias e noites com meus lábios apenas juntos aos seus, mesmo que eu não sentisse mais nada; eu lutaria para encontrar um único frio pelo qual possa me pendurar e então, quem sabe, ele iria me amarrar novamente. Eu não gosto do silêncio, não gosto do quão barulhento ele é.

Sinto falta de minhas tão adoráveis palavras.

— Não há resposta certa para o amor, Hoseok — seus olhos me encaravam tão frios que eu podia sentir a ponta dos meus dedos congelando sobre cimento frio que estávamos sentados. — Preciso saber a hora de deixa-lo ir.

Eu não quero ir, eu não quero que você me liberte; eu não sou um pássaro e não posso voar e muito menos cantar, apenas me mantenha junto a você, atado e sobrevivendo a cada instante aos toques gélidos que você esconde a cada noite.

— Eu queria que você pudesse gritar — seus olhos pareiam marejados, mas eu não seria um idiota o suficiente para me iludir com aquilo.

Eu também gostaria de gritar. Se eu pudesse teria dito a todos que sou seu e que não há nada que eu mudaria, porque apesar de tudo, de toda a confusão de pensar não tido mais, eu ainda o amo.

Ainda o quero, o desejo, e principalmente, quero tê-lo; desejo afagar seus cabelos azuis gelo e ouvir o quão chato eu sou por não parar de agir como um bobo apaixonado, embora você gostasse demais, disse para se afastar e admitir.

— Eu amo você — sussurro quando ele se afasta, encolhendo-me em mim mesmo ao observar as primeiras luzes da noite surgirem.

Canso-me de buscar justificativas ou modos de me expressar, minha garganta já encontrava-se seca e as palavas engolidas já não mais habitavam em mim; meu interior que antes era revestido de flores, agora se encontra coberto com somente os espinhos. As pétalas se foram junto com o carinho que eu guardava.

Anos poderiam passar, eu sabia que nunca me livraria do sufoco que Min Yoongi me causava e sendo sincero, eu ansiava cada vez mas pelo frio de seus olhos. Eu não diria a ninguém, nem mesmo a ele, mas eu já vivia somente por ele.

Eu estou perdido, mas ele ainda pode ser encontrado.

— Eu te amo tanto, Yoongi Hyung — sussurro ao entrar no quarto e encontra-lo caído sobre as cobertas, tendo seu corpo iluminado pelas luzes da rua e me dando a certeza que o mesmo já dormia.

Haviam lágrimas em seu rosto, as primeiras que eu havia visto indas dele e eram causadas por mim, que havia prometido a mim mesmo que não machucaria meu Hyung.

Esse era o motivo pelo qual eu havia me afogado em minhas palavras, mas agora parecia tão inútil.

— Os sorrisos que ofereço, ofereço somente a ti, Jung Hoseok — sua voz me assusta, ele havia escutado o que fora dito por mim. — A parte mais inocente e pura de mim é dada somente a ti.

Com um piscar de olhos falho e alucinante, sou encarado pelo azulado, que não estava adormecido.

— Eu não sei oque é amor, Jung Hoseok, ao contrario de muitos, eu não costumo amar. Jimin até já me disse que eu não tenho um coração — ali estava o sorriso de lado que eu tanto amava e que o mundo conhecia — Mas eu te desejo e quero que fique comigo, quero que você grite. Sua voz é bonita demais para ser abafada. E suas palavras, ah... se eu soubesse o quanto adorava ouvir cada uma delas, jamais teria se calado.

As lágrimas que há muito haviam secado se mostravam inundando meu peito pouco a pouco, fazendo-me vomitar palavras rebuscadas que ali escondidas de encontravam estranhas; sentia-me inundar novamente de afeto.

De maneira estranha e que eu não conheço, pois veja bem, eu amava em meio a sussurros, deixo que meus braços se fechem ao redor de Yoongi.

Ele me aperta em silêncio como sempre, mantendo-me perto e não deixando que eu me perca em mim mesmo; ali eu não via problema em gestos ou toques. Sua pele queimava meu copro com seu frio, deixando-me cada vez mais grudado a ele e então, eu pude senti-lo derreter aos poucos.

Com um abraço simples, puro e digno, direcionado a ele.

Sendo somente dele.

Um gesto que falou mais do que palavras, pela primeira vez.