O Garoto do Cabelo Vermelho - Folclore Brasileiro

Capítulo 2: Encurralado

Ela tinha plena consciência de que estava tão embrenhada na mata que, naquele ponto, estava perdida. E não só ela, o garoto de cabelo vermelho também sabia disto, mas, ambos, também sabiam que ela estava em seu encalço.

Vanessa precisou se esquivar arduamente para passar por debaixo do enorme tronco caído a sua frente, ela sabia que aquilo havia sido proposital, aquela era uma árvore nova e forte demais, não cairia por um mero motivo qualquer. Ele estava ficando com medo e Nêssa se aproveitaria disto. Ela avistou pegadas mais distanciadas na terra, ele estava correndo e ela também iria, se fosse preciso, venceria todas as maratonas e ultrapassaria até mesmo Usain Bolt para pegar aquele pestinha.

Agora, era certo. Ela chegara em frente a uma grande rocha que dividia o caminho em dois, mas não havia pegadas em nenhuma das direções. Vanessa olhou para os dois lados, escondida de trás de uma árvore, se ele estivesse ali perto, não a veria. Mas ela não entendia, o que ele aprontara desta vez? Para onde fora? Uma coisa era certa, ele deveria ser canhoto, pois, Vanessa, percebera que em todas as bifurcações ele sempre tomara o caminho da esquerda, e era por lá que ela iria.

Porém, ela pôde ouvir uma leve gargalhada vinda, exatamente, de trás da rocha. Ela olhou para a mesma e sorriu."Oh, sim", ela pensou. "Eu vou subir". A rocha não era tão vertical assim e nem tão grande também, por cima, ele não a veria. Nêssa correu silenciosa e cautelosamente em direção à rocha, agarrou uma protuberância e apoiou o pé em uma depressão e começou a subir. "É agora", ela pensava, "É agora que eu te pego".

Não foi preciso tanto esforço para chegar ao cume da rocha e ela pôde vê-lo, bem ali, ali embaixo, olhando pelo lado esquerdo, para além da rocha, rindo maroto achando que havia enganado a astuta garota. Mas ela não era tão boba assim, Sr. Curupira. Nêssa pegou a rede, ela já tinha o esquema montado, pularia por cima dele com a rede em mãos; cairia sobre ele e já o teria preso. Ela aguardou mais um mero segundo e sorriu, saltando da pedra, agarrando Curupira.