Astrid [Em Lançamento]

Capítulo 01 - Mais conhecido como início da coisa toda.

Nunca se pensa que algo de extraordinário vai acontecer nas nossas vidas, apesar de torcermos pra isso acontecer.

Minha vida se tornou algo tão louco de uma só vez que até agora não tinha parado pra pensar em como fui parar numa espécie de novela esquisita e forçada.

- Bom dia... - sussurro pro meu celular com um sorriso bobo.

Minha intenção não era fazer você pensar que eu sou maluca logo no começo do livro. Nada disso.
Acontece que o amor da minha vida está do outro lado dessa tela de celular, acabando de acordar junto comigo.

*Buenos dias, amorzito~* - recebo de volta. Meu sorriso apenas aumenta e eu abraço o aparelho com carinho.
*Tenha um bom dia no curso hoje, ok?*

Digito de volta para que tivesse o mesmo dia maravilhoso na sua aula hoje. Recebo uma carinha sorridente e um coração pulsante. Ah... O dia já começou maravilhoso pra mim.

- Tris, não vai pro curso hoje? - um homem alto e com uma barba por fazer aparece na soleira da porta entre aberta do meu quarto, logo encarando meu celular e fazendo uma cara emburrada.

- Vou sim. - sorrio, falhando miseravelmente em esconder minha emoção.

- Você mal acorda e já pega nessa merda, criatura - resmunga, mas eu me recuso que ele estrague o meu bom humor. - Vai logo tomar banho, o café já tá pronto.

- Sim senhor, paizinho - cantarolo e ele sai dalí, entrando no seu quarto e trancando a porta. Hah... tenho mesmo que lidar com isso todo santo dia.
Me levanto passando as mãos pelos meus cabelos eninhados e sacudo meu edredom azulado com força sobre mim pra tirar algum bicho que possa ter subido por ele. Nunca é tão fácil fazer isso, já que não sou tão alta, chega a ser vergonhoso.

Passando-se o tempo, termino meu banho e me organizo pra poder finalmente sair, tudo isso sem tirar a tela do meu telefone de vista.
Passo as mãos pela minha camiseta branca estampada quando termino de comer minhas torradas matinais, conferindo mais uma vez se não havia mais nenhuma nova mensagem, só então guardando o aparelho no bolso traseiro da calça jeans escura.

- Estou indo! - grito avisando e recebo um "Vá com cuidado" como resposta.

Ter dezoito anos não é bem o que eu pensava que seria; nada muda de verdade enquanto você continuar na sua bolha de comodidade na casa dos seus pais. Mal vejo a hora de ir de uma vez pra Washington DC, começar minha vida de universitária. De algum modo consegui uma bolsa para a American University, uma das universidades mais renomadas do país. Não tivemos tempo de ir até lá enquanto a vaga das residências estudantis estavam abertas para inscrições, e por isso tivemos que alugar alguma casinha ao redor da área mesmo. O aluguel não era tão caro e fechamos negócio.

Olho pra fora da janela do ônibus percebendo que havia divagado nas idéias pra variar. Já estava chegando.
Vou fazer basicamente Ciências na AU, por isso meus pais acharam uma boa ideia iniciar um curso baseado nisso à alguns meses, antes do início das aulas, pra poder não ficar "completamente por fora do que se passa". Sim, eu inicialmente começaria em fevereiro, porém graças à umas bagunças aleatórias que tiveram por lá, as aulas do ano passado foram paradas e só estamos retomando em julho.
Falta apenas uma semana para as aulas dos ingressantes desse ano iniciarem e a viagem de Ohio pra lá me aparece cada vez mais animadora.

Sobre a universidade ser em outro estado já é algo um tanto surpreendente por si só pra mim (além de ser a AU), eu ainda tinha que me apaixonar por um ser que só conheço pela tela de um celular... Além de ser uma garota, assim como eu.

Cleara Collin Hatterfield é uma garota de Wisconsin. Madison, pra ser um pouco mais exata.

Há um ano, estávamos num simples chat de pessoas aleatórias quando começamos a nos falar. Eu já conhecia o nick LinField de um site de fanfics popular e simplesmente ela mandava ver nas palavras. Eu já era a sua fã desde aí, porém senti algo mais quando nos falávamos no chat. Nunca tinha coragem de falar no seu privado, minhas mãos suavam feito condenadas quando ela mandava um simples "boa noite" no grupo. Eu parecia mesmo aquelas típicas adolescentes eufóricas e apaixonadas quando falava dela pras minhas amigas, que logo sacaram o que tava acontecendo por alí.
Quando finalmente contei a uma delas que sentia algo um tanto diferente de admiração pela Collin, fiquei realmente surpreendida pelo fato de ela compreender completamente e me apoiar. Isso me deu coragem de contar à minha outra amiga que também não via problemas com isso. Não que eu própria não estivesse achando estranho... Pensei que iam me achar desesperada por demais por estar gostando de uma garota, além de ela ser de outro lugar.
E ainda, apesar disso tudo, eu nunca na minha vida tinha me interessado por alguém do mesmo sexo antes. Bem... Eu também nunca havia namorado um garoto antes. Pelo menos não seriamente.
O primeiro amor que eu achei mesmo que fosse dar certo foi talvez o garoto mais bonito que eu conheci na minha vida até hoje, chamado Trasler. Estudamos juntos na oitava série e conversávamos às vezes. Ele sempre foi simpático, mas eu não fazia a mínima ideia nessa época de que garotos bonitos são geralmente o pior tipo de cara pelo qual você pode se apaixonar.

Aprendi isso de uma maneira um tanto dolorosa.

Apesar de tudo que aconteceu, ele ainda tem a mesma cara de pau e fala comigo de vez quando.

Minha vida foi bem mais fácil quando tratei de deixar o passado pra trás e me focar no que vinha em seguida, afinal ainda sou muito jovem pra ficar sofrendo por falsos amores, não é mesmo?

Minha vida amorosa realmente começou quando conheci a Collin.