Foram cinco anos longe da cidade onde nascera e crescera, cinco anos estudando para assumir os negócios da família, para que pudesse manter os nomes de Kushina e Minato vivos, havia deixado tudo para trás; não que custasse muito a ele, já havia perdido os pais e poucos amigos realmente ficaram por perto. Era assim que Naruto encarava o tempo que passou longe de Curitiba e foi viver em Sidney na Austrália. Ele amava a cidade em que viveu toda a sua vida, quando foi para fora do país aos 18 anos era um rapaz muito diferente, por muito tempo conviveu com a perda e a dor, mesmo tentando esconder a dor atrás de um sorriso largo, precisou ir embora, se encontrar, e agora estava pronto para voltar, se sentia renovado, pronto para encarar novamente a cidade de suas dores e amores. Assim que terminou a faculdade de Administração Empresarial decidiu voltar para seu lar, já havia ficado muito tempo fora. Era uma quinta-feira, bem no meio de Julho, em Curitiba nessa época o clima raramente chega perto dos 20ºC, não tão distante de Sidney, a diferença estava em que Curitiba era muito mais inconstante; as estações tinham dificuldades em se manter estáveis, podendo em um dia ter um pedaço das quatro. O clima seco e gelado era revigorante, não que tivesse sentido tanta falta assim, mas ali tinha recordações maravilhosas. Assim que desceu da aeronave e buscou as malas, saiu rodando pelo aeroporto em busca do padrinho, e tutor, que jurou que o buscaria naquela manhã, mesmo sendo às sete da manhã, no inverno, a época mais preguiçosa para Jiraya.
-Velhos hábitos nunca mudam realmente. – Naruto negou com a cabeça enquanto resmungava para si mesmo, já cansado de rodar perdido pelos corredores e salões.
-Hey Naruto!
Ele rodou a cabeça em busca da voz, e abriu o sorriso quando viu a longa cabeleira cinza, ainda maior do que realmente lembrava. Calmamente andou em direção ao velho amigo, estendeu a mão e foi puxado para um abraço. – Achei que não viria, seu velho tarado!
- Depois de tanto tempo, ainda me chama assim.
Jiraya riu e chacoalhava a cabeça, o som ecoou, o aeroporto estava relativamente vazio naquele dia, mas os que andavam pararam para observar os dois se reencontrando, mas olhavam apenas com o canto dos olhos, logo voltando para seus próprios pés. Naruto sabia o quanto Jiraya odiava quando o chamava de velho e ainda mais de tarado,mesmo sendo que era verdade, o homem era um tutor muito bom, sábio e bom conselheiro, mas era um tarado, sempre correndo atrás das moças mais novas, e não adiantava culpar a idade, sempre havia sido daquela forma.
-Quanto tempo Jiraya! – Por fim Naruto deu uma folga ao tutor- Estava com saudades desse clima amável e inconstante, como andam as coisas por aqui?
-Senti muito sua falta pirralho! – O mais velho chacoalhou os cabelos loiros - Os negócios vão indo muito bem, esses anos tiveram uma colheita excelente! E me parece que o clima, principalmente as praias e garotas, o fizeram muito bem.
-Passava mais tempo com meu orientador do que com garotas, Velho! – O loiro reclamou, mas Jiraya abraçou o enteado e o carregou para o carro, seguindo para o Batel, para a casa dos Uzumaki. – Tenho sonhos para realizar aqui.
Durante o caminho até a casa dos Uzumaki, Naruto recordava com Jiraya da sua infância e adolescência, do quanto era arteiro e aprontava pelas ruas de Curitiba, o quanto era conhecido na redondeza pelos seus feitos, caíram na gargalhada ao lembrar de quando Jiraya bebeu tanto que saiu pelas ruas gritando o nome do seu primeiro amor, procurando em cada moça loira que encontrava, e resmungando sempre que levava uma bofetada na cara, naquela noite foi parar na delegacia, acusado de assédio moral e sexual. Foi ali onde o garoto passou a chamá-lo mais constantemente de pervertido, tarado e principalmente de reforçar o quanto o grisalho estava velho para aquilo tudo. A cara do mais velho retorcia em sorrisos e gargalhadas, mesmo tendo sido tudo complicado conseguiram passar por aquilo, mas jamais iria se acostumar com as réplicas de Naruto, contudo, ele estava feliz, mais por ter o rapaz de volta do que pelas histórias, na verdade gostaria de esquecê-las.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Flores
FanfictionA vida prega peças, as vezes mais do que precisamos realmente, mas em meio a tanta dor eu fui o Sol dela, e ela minha Lua; deitados sobre campos de flores, rodeados pelo perfume. Apenas mais um dia, mas aquele foi diferente desde o amanhecer, e muit...