Foco os meus olhos na arma apontada na minha direção. O cano preto, negro de ganância espeta o seu foco em mim, indefeso, apenas com a capacidade de sair deste conflito com palavras, que neste momento, não me saem.
Na minha visão periférica, as pessoas olham, chocadas e com medo, para o que acontece comigo e com o destino tridimensional que envergo à minha frente. Na minha cabeça surgem caras conhecidas, nomes, pensamentos aleatórios que não consigo controlar. O meu coração aperta ao pensar no meu irmão que, infelizmente, já não está a meu lado neste mundo.
-Deita-te de barriga para baixo! - a voz grossa do homem que me aponta a arma ecoa por entre o tecido preto opaco que tem à frente do rosto. Eu levanto mais as minhas mãos no ar para tentar acalmar a situação.
-Vamos conversar, ok... - ele interrompe-me com um grito que fez tremer todos no café, incluindo eu.
-Deita-te no chão antes que te espete uma bala no meio da testa! - os seus olhos emanam raiva, as pequenas veias vermelhas dos mesmos a salientarem-se. Um ataque de fúria percorre o meu corpo quando mergulho mais profundamente nos meus pensamentos e concluo que quem deveria de estar com raiva não é ele, mas todas estas pessoas que estão aqui a fazer de reféns.
-Para que é que quer esse dinheiro? - o coração a pulsar na minha boca, os pulmões enchem-se contra as minhas costelas, os tremores alcançam as minhas mãos. Ele aperta o gatilho da arma entre os seus dedos.
-Cala-te, puto! - ele manda severo e altruísta, como se aquela arma lhe desse o poder para fazer parar as palavras carregadas de uma súbita coragem, de saírem dos meus lábios.
-Sabe quantas crianças com doenças poderiam ter uma cura com esse dinheiro? - na minha mente vejo as caras inocentes e desprotegidas das crianças a quem ensino guitarra. A raiva sobe cada vez mais por mim acima enquanto os segundos avançam.
-Já disse para te calares e te deitares! Tens amor à tua vida, ou quê? - grita histéricamente como se eu o fosse ouvir de qualquer das maneiras. Há um enorme problema que impede isso, é que eu escolho as coisas e as pessoas que quero ouvir, e ele não é nenhuma destas opções.
-Para que é que serve o amor à vida quando estou à frente de um idiota como tu? - não medi as consequências das minhas palavras, mas, de certo modo, senti que seriam as palavras certas para serem ditas. Especialmente com a quantidade de raiva com que brotaram dos meus lábios.
Tudo o que oiço depois das minhas palavras fazerem explodir todo o resto da poluição sonora do local, é o ressoar do tiro que me acertou. A minha cabeça lateja um pouco, mas logo tudo o que sinto é o sangue a fluir do lado esquerdo do meu peito. Os meus olhos, desfocados e impossibilitados, sem controlo, vêm uma mulher loira a lacrimejar ao meu lado. Evita olhar-me e fazer barulho com o seu choro desesperante. Ao longe oiço a voz do estupor que tinha à frente. Novamente, oiço um tiro, e observo a reação da mulher ao meu lado. Ela treme e encolhe-se sobre si, os seus lábios gesticulam algo baixinho, como uma oração.
A luz do sol que sai da porta da loja, faz-me lembrar o lindo dia que está lá fora. O ar esgota-se nos meus pulmões. O céu azul que paira sobre a cidade de Los Angeles, um sítio onde, supostamente, os sonhos se devem realizar. Um desabafo surge na minha mente, e eu sou obrigado a pensá-lo. Quero entrar no exército, seguir as pisadas do meu avô. A minha cabeça esmaga-se a si própria em dor. Penso na ironia de ter pânico de foro, mas mesmo assim mesmo assim ser bombeiro voluntário, porque é uma maneira de ajudar quem realmente precisa. Faço tarefas pequenas, mas continuo a ajudar. A pele da minha mão fica cada vez mais pálida, o sangue que flui de mim escorre agora com menos intensidade. O branco da luz aumenta, a luminosidade na minha cabeça. Sinto um sorriso lento nos cantos dos meus lábios quando deixo de ouvir a minha respiração. O meu coração vai-se aos poucos, para no meu peito e volta a bater quando se lembra que eu preciso dele para continuar a avistar aquele homem que, agora, trespassa a porta da loja. Reconheceria aquele rosto em qualquer lado. Ele ajoelha-se a pé de mim e gesticula algo que, por instinto, me leva a fechar os olhos. A luz continua lá, mesmo eu estando de olhos fechados. O sangue para de escorrer, o coração para de bater e num último e quase profundo suspiro, eu sinto uma parte de mim sair e relaxar.
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Olá! :)
Se estás a ler isto e se chegaste até aqui, MUITO OBRIGADA! Não imaginas o quão importante é para mim que leias esta história.Sei que ainda estou no início e que provavelmente quase ninguém a vai ler, mas estou muito entusiasmada por finalmente poder entrar no mundo da escrita e partilhá-la com alguém.
É isso, se gostaste do prólogo, por favor, avança para o 1º capitulo. Significaria o mundo para mim.
Mais uma vez, OBRIGADAAAAAAAA!!!
NESS ;)
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Fallen Angel
FantasyTodos nós temos um anjo da guarda. Eles olham por nós, amparam-nos nas quedas, seguram-nos nos momentos em que nos vamos abaixo. E se o meu anjo da guarda fosse, na realidade, o meu verdadeiro amor? Uma história de amor entre um rapaz que morreu s...