Prólogo

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Gorvak estava sentado em seu quarto, relendo um velho conto que sua mãe lhe contava quando era garoto.
Sempre fora uma de suas histórias favoritas na época, contando sobre um reino no limite do mundo mágico, onde todos os seres viviam em harmonia, até que um grande mago surgira causando a destruição pelas terras, e só a união destes foi capaz de expulsá-lo.

— Histórias de crianças - ele pensava, fechando o livro e jogando num canto do quarto. Estes contos não passavam de ilusões, onde todos eram capazes de ser felizes, e tudo parecia muito certo. O mundo real como ele conhecia era totalmente diferente: Todos os seres eram completamente suscetíveis a algum tipo de corrupção, bastava saber o jeito certo e o que cada um desejava.

Controlar as pessoas era uma de suas maiores qualidades desde muito pequeno sempre foi capaz de controlar àqueles com quem se envolvia, até mesmo os animais,donde imaginava que tal capacidade vinha de suas raízes élficas.
Tal controle não se dava apenas pela manipulação de informações, fazendo com que os que estivessem a sua volta acreditassem piamente no que dizia, mas também possuía uma capacidade única de efetivamente controlar o pensamento dos outros, que segundo sua opinião, era seu poder mais útil.

E, mais uma vez, esta habilidade se faria necessária seus planos nunca haviam estado tão próximos de sucesso, mas ainda assim teria muita coisa pela frente.
Apesar dos poderes de seu reino já serem maiores do que em toda história do Alto Reino, ainda assim precisaria de muito mais se quisesse concretizar seus verdadeiros objetivos.

Para tanto, precisaria do apoio de todas as cidades dos povos livres, afim de que seu sucesso fosse rápido e efetivo.
— Com licença, meu senhor – Ouvira de fora da porta.

— Entre, Hamar.

— Meu senhor, a comitiva de Ilrador acaba de chegar, estão esperando o senhor no grande Salão.

— Vamos ver se estes anões me trazem boas novas desta vez, senão terão o mesmo destino da última comitiva – disse Gorvak com um sorriso maléfico.
Saindo do quarto, vestido com seu costumeiro traje negro, seguindo em direção ao Grande Salão, pensava em como era simples se impor aos visitantes. Estava ornamentado por uma armadura cinza chumbo que lhe dava um tom extremamente funesto, o que já seria suficiente se sua aparência fosse algo corriqueiro, o que era muito agravada pela brutalidade de seu enorme corpo de quase dois metros e meio, e praticamente um metro de largura, sem contar os braços.  As partes que ficavam expostas demonstravam um grosso pelo de cor baia; Possuía enormes mãos capazes de esmagar uma cabeça que ficavam a mostra quando não usava suas luvas de malha de aço negro.

Neste momento, fazia questão de deixar visível sua desagradável face, com pequenos olhos cor de sangue, um enorme nariz chato praticamente coberto por cicatrizes, cabelos curtos, também de cor baios, e caninos que deixavam claro que sua presença jamais seria algo amável.

Quando jovem, sua aparência era uma afronta a si próprio, mas com o passar do tempo, deixou de se incomodar com aquilo, começando a ver que na verdade era uma força.

A única coisa que ainda lhe incomodava era como tudo isto aconteceu, que tal monstruosidade proveio de uma maldição imposta pelas próprias espécies da qual ele descendia – elfos e anões.
Graças a este pequeno "presente", seu trabalho de amedrontar seus adversários acabou por se tornar simples demais, pois como se não fosse bastante seu grande poder, o simples fato da sua presença deixava claro que qualquer conversa com ele era muito rápida e objetiva, o que facilitava bastante seus planos.
Ao abrir as portas do Grande Salão do Alto Reino, encontrou um grupo de seis anões, em pé no entorno da mesa principal, todos já bastante velhos. Ao avistarem-no, todos fizeram a saudação de costume, um punho fechado em um braço estendido acima da cabeça, que depois vinha de encontro ao peito.
Ao sentar-se em seu trono, Gorvak fez sinal para que se aproximassem, quando o que parecia ser o mais velho dos mesmos o fez um tanto relutante, de cabeça baixa, nitidamente nervoso com a situação.
— Salve Gorvak, Alto Rei de Asgard, Governante dos Povos Livres, Grande Líder... – dizia o anão quando Gorvak o interrompeu.
— Poupe-me da bajulação anão, quero saber quais são as que me traz.
— Meu senhor, creio que trago boas notícias. Fora encontrado algo parecido com o que o senhor procura próximo a uma Mina de Anões, nas montanhas de Fjorgyn.

Gorvak parou para analisar o rosto do anão, que obviamente estava à espera de uma boa resolução da informação que trouxera, quando por fim disse:
— Qual o seu nome?

— Hamung, meu senhor, filho de Darmung, Governante de Ilrador – respondeu o anão.

— Muito bem Hamung, finalmente parece que obtive boas novas.
— Fico feliz em ter sido útil, meu senhor.

— Hamar, leve nossos convidados aos seus aposentos, creio que precisarão de uma boa noite de descanso por hoje.
— Sim, meu senhor, assim o farei de imediato – respondeu o serviçal.

Finalmente sucesso, pensou Gorvak. Ter encontrado aquela ponte tinha sido uma tarefa complicada, mas sabia ainda que precisaria de mais se quisesse completar seus anseios.
Uma só ponte seria muito pouco para o tamanho de sua audácia.

Com um sorriso de satisfação, Gorvak levantou-se do seu trono, dirigindo-se novamente aos seus aposentos, pois precisava se preparar para viajar logo no dia seguinte.

Esperara muito até ali, e não tinha nenhuma intenção de esperar nem um pouco a mais.

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⏰ Last updated: Jun 14, 2017 ⏰

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O Conto do Mundo Perdido -As Crônicas do RagnarokWhere stories live. Discover now