eighteen / hazel

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E assim ele fez, começou à me ligar freneticamente. Em nenhuma das vezes eu atendi, ele iria perceber a minha voz de choro.

Não dava para eu continuar fugindo, eu teria que atender. Então eu engoli o choro e atendi.

— Alô? – Falei ao atender o celular.

— Me diz o que você tem. – A voz dele era estranha, estava meio abafada.

— Eu nem sei quem você é, não posso ficar te contando meus problemas. – Respondi.

— Você sabe que pode confiar em mim, anda, me diz logo, boneca. – Ele disse, é, ele estava abafando o celular.

— Você me conhece, não é? – Perguntei e um silêncio pairou. — Por isso está abafando o microfone do celular, para eu não reconhecer sua voz. Seu nome não é Peter, eu não conheço nenhum Peter.

— Pare de tirar conclusões precipitadas. – Ele disse rindo. — Não, eu não te conheço.

— Então eu não entendo, por que se importa tanto comigo? Por que está evitando que eu reconheça sua voz? – Perguntei confusa.

— Esse não é o foco agora, eu quero saber o que aconteceu. – Ele insistiu.

— É a Amber... – Respondi, e lá vinha o choro novamente. — E-ela...

— Boneca, respira. – Ele disse me acalmando. — Não chora e me conta logo.

— Ela faleceu... – Respondi deixando o choro tomar conta de mim novamente.

— Meu Deus... – Ele disse baixo. — Eu sinto muito, meu amor.

— Eu precisava de você aqui comigo... – Falei sem pensar, mas continuei. — Para me fazer rir com as suas idiotices.

— Eu queria poder estar aí, eu queria poder te dizer quem sou... Mas tudo tem seu tempo, um dia você saberá quem sou. – Ele disse.

— Falta muito? – Perguntei.

— Eu não sei responder isso, boneca. – Ele disse. — Mas não tenha pressa, como eu disse, tudo tem seu tempo. – Ele completou. — Agora me diz, como essa tragédia aconteceu?

— Ela morreu de overdose. – Respondi tentando conter o choro que insistia em descer.

— Eu sinto muito, muito mesmo. – Ele disse e aquilo de alguma maneira me confortou, nem que seja um pouco. — Mas não se esqueça, você ainda tem amigos ao seu lado, que te amam e te apoiam. E a Amber, onde quer que ela esteja, tenho certeza que não gostaria de te ver assim.

— Não mesmo. – Eu concordei rindo fraco. — Mas é um vazio tão grande perder um amigo, sabe? É como se parte de mim tivesse ido junto à ela...

— Eu não entendo, pois nunca perdi um amigo. Mas imagino como deve ser, e quero que saiba que estou aqui para qualquer coisa. – Ele disse e eu sorri. — Está sorrindo?

— Sim... – Respondi.

— Que bom, isso me conforta mais. – Ele disse.

— Eu vou desligar, preciso comer algo, nos falamos mais tarde? – Perguntei.

— Sim, claro. – Ele respondeu. — Até mais, boneca.

Após ele ter dito isso, finalizei a ligação.

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Espero que tenham gostado

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stuck on you ↬ shawn mendesOnde histórias criam vida. Descubra agora