Capítulo 5

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Chego no colégio e já estava escuro, os corredores estavam lotados de alunos chegando de seus finais de semana em casa e eu precisava ficar sozinha, deixei minhas coisas no quarto, peguei a foto e a carta e vaguei pelos corredores em busca de algum lugar tranquilo, andei por quase uma hora, já estava desistindo quando me lembrei do telhado, andei para o lugar e assim que vi que o mesmo estava vazio, me sentei no chão com os joelhos dobrados e apoiei os cotovelos no mesmo, respirei fundo deixando que as lágrimas corressem pelo meu rosto, olho para o céu estrelado que lembrava o teto do meu quarto,  tudo agora era tão confuso, a única coisa que me parecia certa agora estava errada e eu não sabia o que fazer, não sabia o que iria ter na carta e não sabia se queria descobrir, fiquei um bom tempo encarando o envelope, tomando coragem para abri-lo e então, respirando fundo, abri a carta e li a mesma.
  " Uma boa mãe nunca deixa seus filhos, mas eu precisei, e isso quebrou o resto do coração que me sobrava. Um dia quando nos encontrarmos espero que me perdoem, porque sim, ainda nos veremos no futuro. Eu irei atrás de vocês, dos meus gêmeos queridos. Por enquanto cuidem um do outro, não deixe o outro sozinho, vocês tem uma ligação muito forte desde do nascimento que não pode ser quebrada em hipótese alguma. Minha doce flor e meu valente herói, não tive a oportunidade de escolher um nome para vocês porem sei que se estiveram juntos inventaram um nome especial para cada um.
Um dia irão entender os sacrifícios que uma mãe ou pai faz pelo filho, o sacrifício que eu tive que fazer. Mesmo longe sem poder ver o crescimento de vocês, o quanto se tornaram inteligentes e honrados, eu ainda estarei pensando nos belos filhos todos os dias, torcendo para que estejam bem e que sejam adotados por uma boa família, uma que queira os dois.
Mas se acabaram se separando ao decorrer dos anos, sei do fundo do meu coração que voltaram a se encontrar e terão uma bela amizade. Me perdoem novamente queridos.

           Com imenso amor, sua mãe, Malorie."

Termino de ler e já estava sem reação, meu coração palpitava fortemente e por um momento minha boca estava aberta em um perfeito "O".
  Naquela pequena carta haviam tantas informações​ que eu nem consegui discernir tudo de uma vez, precisei rele-la várias vezes até cair na real, peguei a foto e fiquei olhando para a mesma, mas não estava olhando para mim, estava olhando para o garoto ao meu lado, meu irmão, meu irmão gêmeo.

Mesmo distraída um som foi ouvido, olhei na direção do mesmo e vi uma pessoa se aproximando. A pessoa. Jason. Rapidamente escondi a carta e a foto, não queria que ninguém soubesse de nada daquilo. Não estava esperando ele ali e nem queria conversar com ninguém, mas como o garoto gostava de me irritar já foi logo falando.
– Achei que fui o único a pensar em vi para o telhado. - ouvi seu resmungo, mas nem o olhei devido aos pensamentos confusos que me consumiam, só percebi ele se sentando alguns centímetros longe de mim. Logo fazendo uma pergunta boba. – O que está fazendo aqui? - não obteve resposta e alguns segundos de silêncio percorreu o local até uma nova pergunta surgir: – Você ta bem, May?
  Respirei fundo e por um momento parei pra pensar naquela pergunta, estar bem parecia uma coisa bem difícil agora, mas eu não sabia o que dizer e não queria me mostrar fraca.
– É claro, por quê não estaria? - disse em um tom meio forçado sem conseguir olha-lo.
— Basicamente porque mesmo com a fraca luz estou percebendo um inchaço abaixo de seus olhos. Você estava chorando? - o olhei e percebi sua sobrancelha arqueada, deveria estar pensado que era uma fraca que vinha até o telhado apenas para chorar e chorar. Com esse pensamento eu realmente não esperava suas palavras seguintes: – Não precisa responder. Não foi a única a ter um péssimo fim de semana.
   Nesse momento não soube exatamente o que falar, o garoto não estava me julgando por ter chorado, mas estava também admitindo que não estava tão bem. Fiquei em silêncio por alguns minutos o olhando sob a fraca luz da lua, sem saber exatamente o que dizer ou fazer. Fiquei apenas ali, o observando, vendo o garoto que para mim parecia ser completamente mimado e ter tudo e todas as garotas e queria.
O olhar do garoto também veio em minha direção depois de alguns segundos, ficamos ali um olhando o outro. Até que por fim ele falou rindo:
– Continue me olhando assim que vou achar que está gostando de mim, querendo me comer. Não em sentido de devorar. E sim apreciar meu corpitio.
  Dei um sorriso fraco e suspirei.
-Me desculpe Jason!- disse em um tom baixo, mas mesmo assim o mesmo ouviu. – Me desculpe por ter te julgado tão cedo.
  – A garota que me odeia me pedindo desculpas? Isso é um milagre! - falava rindo e com uma expressão divertida no rosto. – Olha, não vou me desculpar porque nunca te julguei e nem falei mal de você. Mas aceito suas desculpas, se...
– Se?- arqueei uma sombrancelha olhando o garoto, esperando por sua condição.
– Se sair comigo. Se desculpar direitinho e conhecer o verdadeiro Jason, tirar essa mal impressão de mim. Que tal? - um sorriso estava presente nos lábios dele, só não conseguia decifra-lo.
  – Sair com você?- arqueei uma sombrancelha para o garoto e dei uma gargalhada. - Nem pensar!
  – Porque não? Você me julgou errado, ta julgando de novo. Pode ser que tenha o melhor encontro da sua vida.
– Eu não vou sair com você.- cruzei os braços na frente do corpo- Nem adianta insistir. Fora que tem aquela sua namoradinha que já parece querer saltar sobre meu pescoço toda vez que nos vemos.
– A Annie? - ouvir um resmungo saindo de seus lábios, oh, briga de casal? – A gente terminou, ela é uma vadia. Não deveria ofende-la, mas ela merece. Ela não tem direito de saltar em seu pescoço mais, nem quer olhar mais na minha cara.
  – Se ela é uma vadia por que você a namorava? - o olho sem entender o motivo dele ter brigado com a garota
  – Isso já não é da sua conta. É uma coisa minha. - qualquer expressão de alegria sumiu do seu rosto ao falar disso.
– Tudo bem... - fiquei calada por um tempo e observei as estrelas, elas pareciam agora a única coisa que ainda tinha uma certa beleza. – O céu está lindo! - comentei na esperança de poder mudar de assunto e esquecer o que acabou de acontecer.
  — Não vai querer mesmo sair comigo? Saiba que não desisto fácil, nem você mudando de assunto. - disse após meu comentário, ele era realmente insistente!
–Vai perder seu tempo. - rio fraco e estremeço um pouco com o frio e abraço meus joelhos murmurando sobre o frio que faz aqui em cima.
— Gosto de perder meu tempo com coisas que valha a pena. - soltou uma risada e olhei ao perceber um movimento, ele tirava sua jaqueta e me estendia a peça. – Aqui, pode colocar.
– Não precisa... Você vai ficar com frio. - disse o olhando.
– Sou um cavalheiro, aguento o frio. Pode ficar com a jaqueta, depois me devolve.
– Certeza? - o olho e quando ele confirma com a cabeça pego a jaqueta e a coloco. – Obrigada... Então Jason, me fale de você.
– Não há nada de interessante em mim. Estudo aqui a um ano e meio, faço parte do time de futebol americano, minha família mora do outro lado do país e por isso não os visito muito. E você garota misteriosa?
– Garota misteriosa? - arqueio a sombrancelha.
– Claro, sempre ocultando as coisas. Deixando sua personalidade forte falar por si, você tem muito escondido dentro da sua alma.
– Eu não tenho muito o que falar... Eu era uma garota mimada e que não ligava pra nada e pra ninguém, até que sofri um acidente, fiquei entre a vida e a morte e então vim para cá... Não tem mais nada sobre mim que alguém precise saber, agora sou uma nova May. - mordi meu lábio inferior evitando falar de meus "pais".
– Uma nova May, um novo Jason. Um encontro. Não seria perfeito? Seria! Só você não percebe.
Rio com a insistência do garoto e aperto a jaqueta contra mim.
–Não percebo mesmo.
– Digo novamente: não irei desistir de sair com você. Vai ter que me aguentar.
–Você vai acabar cansando de insistir. -sorrio e suspiro olhando para o garoto que havia feito eu sorrir um pouco em meio aquele clima pesado.
– Não vou não. Mas agora preciso ir, estudar para uma prova. - o garoto se levantou e veio até mim, não esperava o beijo na bochecha que recebi. – Até mais, May.
  Observo o mesmo sair e assim que sua figura some, resta somente sua impressão, fico olhando para o lugar que ele estava alguns minutos antes, tentando entender tudo o que acabou de acontecer, então os meus problemas voltam a tona, agora que ele havia saído eu poderia pegar a carta novamente, e é o que eu faço, pego e mesma e leio, leio mais algumas vezes e fico olhando o nome de minha mãe ali, "Malorie", aquele nome que me parecia tão perto mas ao mesmo tempo tão distante, aquele nome que estava mexendo comigo e eu estava disposta a encontrar a mulher que o possuía, e não só ela, encontrar também aquele garoto tão parecido comigo, aquele garoto que estava ligado a mim de algum jeito, eu precisava encontra-los, essa era agora a minha meta.

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Hello meus amores

Espero que tenham gostado do capítulo, não é muito grande, porém é mais um começo na vida de May, votem aqui e me digam o que estão achando e quais as idéias de vocês sobre esse irmão da May (Miih, você não vale ksksks)

Amo vocês e obrigada por estarem me acompanhando.

Um encontro do acaso...Onde histórias criam vida. Descubra agora