Já era outono e uma quarta-feira em Minot e com isso o segundo bimestre de aula. Kate saía da aula de química ao lado de David, que não parava de reclamar do quão ruim era a explicação do professor Mesterson. Ela ouvia tudo com muita paciência enquanto procurava Emma pelos arredores da escola, já que ela não tinha ido à aula hoje.
Kate quase não estava aguentando o frio e a ventania do outono, o que a salvava era a sua touca “caída” e seu moletom cinza. Com os cabelos soltos e esvoaçantes junto com o vento ela se sentia em um vídeo-clip do Red Hot Chili Peppers, desfilando pelas ruas de Minot. David ainda não parava de falar do Sr. Mesterson e como ele era um péssimo professor.
-- Ok David! Já entendi! Ele não sabe nada de química, não deveria dar mais aulas nos Estados Unidos e em nenhum outro lugar do mundo. – disse Kate.
-- E não é ? Eu sou melhor em química do que ele! Não da para entender nada que ele fala. – retrucou David.
Kate foi rindo do que o amigo havia acabado de falar e, sabia que apesar de uma brincadeira o que ele falava era verdade. David era muito inteligente, sabia tudo de química, física e matemática seu único ponto fraco é o Frances, e ele também não se preocupava com isso. David tinha o cabelo preto e liso, que combinavam perfeitamente com os seus olhos azuis, mas nunca tirava o seu boné da Legendary Pictures que havia ganhado do seu avô.
-- O que será que aconteceu com a Emma? – perguntou David curioso.
-- Não sei... Ela não me falou nada que ia faltar hoje.
-- Ela nunca fala, não da satisfação nem para os pais dela, quem dirá de nós dois. – David falava rindo.
-- Acredito que ela deve ter tido os seus motivos.
-- Se forem os mesmos de sexta-feira passada...
-- Calma, ela também já é grande... Sabe se virar.
Assim os dois foram seguindo ruas a fora até chegar a casa de Kate, onde se despediram com um com um simples “thau, até amanhã” e ela ficou na porta até David virar a esquina. Entrando em casa cumprimentou a mãe e subiu até seu quarto para esperar o lanche. Seu quarto não era grande, só se contar com o banheiro que também não era tão grande. No quarto havia várias fotos de Kate com seus amigos, com sua família e algumas com apenas ela além de vários pôsteres de banda de rock antigas e atuais, também tinha alguns desenhos pendurados nas paredes, desenhos que ela mesma havia feito.
Kate se joga na cama tira o celular do bolso e resolve ligar para Emma, mas o telefone toca e toca e ela não atende. Então se levantou da cama e foi ligar o rádio que tocava “you shook me all night long” do AC/DC, uma de suas músicas preferidas, quando escuta sua mãe a chamando para o lanche. Kate desce as escadas e senta-se à mesa junto com a mãe.
-- Então, o que aconteceu de novo na escola hoje filha?
-- A Emma não foi à aula hoje, não sei se isso é o que pode se chamar de “algo novo”, mas foi a única coisa diferente que aconteceu hoje.
-- Seu pai ligou...
-- Eu não quero falar com ele. – disse Kate sem esperar que a mãe terminasse.
-- Mas ele é seu pai.
-- Não! Ele é só um homem que contribuiu para minha existência, nada além disso.
-- Filha...
-- Mãe desculpa! Mas não da pra chamar de pai um homem que larga a mulher e a filha quando elas mais precisaram, simplesmente, porque se apaixonou por outra mulher!
-- Tudo bem... Eu te entendo, mas você poderia tentar falar com ele pelo menos uma vez por mês minha filha, por favor? Por mim.
-- Ok. Mas apenas de mês em mês, nada mais!