Capítulo II - ALIX

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-Você precisa de um namorado; seu humor está realmente péssimo hoje! – Sétmy cantarolou as palavras que me causaram uma leve irritação

-Todo este conteúdo tem que ser mandado para a edição gráfica, aprovado por mim, para depois ser publicado. Não diria que é mau-humor.

-De longe você é maluca, Srta Shulman! Sua preocupação com a Thompson chega a ser doentia. – seu riso ecoou por toda minha sala e sua leveza de espírito iluminou cada ponto escuro da cidade.

Sétmy continuou sorrindo e ergueu os olhos para a imensidão.

-Fique tranquila. Mais cinco minutos e já finalizo meu artigo. Aí, eu levo todo o conteúdo para a edição gráfica...

-Se quer me dizer algo, diga.

Ela hesitou por instantes. Respirou fundo uma vez e finalmente abriu os lábios:

-Você me preocupa. E não, não é algo à toa ou tolo como diz. Espere. Deixe-me terminar. Por favor.

Ela esperou e eu apenas a observei. Em seguida, continuou:

-Escute Alix. Simplesmente, não é fácil para mim te ver nesse estado. Só o trabalho te ocupa o tempo, você não tem vivência social. Você precisa sair, aproveitar. Precisa ser feliz fora do padrão "eu amo meu trabalho"!

Suspirei, exasperada por mais uma vez Sétmy achar que as pessoas precisam uma das outras.

-Ah, Sétmy! Isso não é verdade. Estou satisfeita aqui. Por que toda essa insistência? A todo momento você volta nesse assunto como se eu fosse escrava da Harley.

Cruzei as mãos e percebi seu nervosismo. -Você tem só 23 anos! Não vê que sua vida está passando como um filme na sua frente? Não enxerga que logo não poderá fazer nada do que quiser? Você é uma executiva de sucesso que tem todo o poder e fama que tanto almejou, e só vive disso. A vida é mais do que apenas cédulas e renome!

Sétmy sempre foi insistente. Essa mania em querer achar defeitos no meu modo de vida e no meu trabalho me saturavam facilmente. Infelizmente, não havia como eu odiá-la. Sétmy podia ter todos os defeitos existentes. Podia ser insuportavelmente preocupada, irritante e constantemente difusora de suas crenças inúteis, mas ainda assim, era uma pessoa que nos permitia gostar dela. Que não sabia como me sentia completa e como era realizada com tudo que tinha. Afinal, o que mais se quer quando se tem tudo o que já se quis?

-Não está me escutando! Será que você nunca vai acordar? Ou será que vai acordar quando seu tempo aqui acabar?

-Pare! Já chega! Eu sei o que fazer da minha vida. Como quer se preocupar comigo ainda? Sou feliz e parece que você não repara nisso. Então, pare com essa mania de querer corrigir o que acha que está errado.

Essa era a vantagem de se ter controle sobre si e saber o que realmente se tem e quer. Saber que está certo e não tremular no momento de argumentar. Desestruturar aqueles que s ouvem.

-Não. Você não é feliz. Eu vejo pelos seus olhos. Você é triste a amargurada como se achasse que tudo fosse acabar no próximo minuto. Rezo por você todas as noites. Rezo e peço a Deus que te deixe enxergar.

Seu timbre de voz abaixava a cada palavra; nunca falava alto. E seus olhos perdiam o comum brilho que sempre se observava neles. Por um momento, pensei que choraria, mas não. Apenas baixou a cabeça e se sentou no sofá em meu escritório, brincando com os papéis da escrivaninha ao lado.

Mesmo assim, continuei, exalando minha fúria. -Deus? O que é Deus para você? Não existe essa força divina, Sétmy! Ouça o que digo. Isso não é comprovado. A razão prevalece sobre a espiritualidade e religião. Acha mesmo que os conflitos ocorridos no Oriente são por religião? Não, Sétmy! Não são! Eles ocorrem por motivos políticos, por poder! E vem querer que Deus me ajude? Cheguei neste patamar por vontade própria. Porque quis vencer. Estou onde estou por vontade própria. Por mérito.

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⏰ Última atualização: Jul 17, 2017 ⏰

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