Prólogo

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Fórum do Rio de Janeiro, 16 de outubro 2017.

O circo estava armado, pela janela do carro via-se o aglomerado de repórteres, curiosos, fãs com cartazes em apoio e outros pedindo sua cabeça, engraçado que poucos meses atrás eu que queria as cabeças. Olho o relógio mais uma vez me certificando que realmente é chegada a hora, não tem escapatória, rogo ao cosmos serenidade para enfrentar o que está por vir.

- Marcos... – o meu advogado chama minha atenção.

- Estou pronto, vamos acabar com isso. – Respondo tentando me manter confiante.

- Ok, é importante que você se mantenha tranquilo, vamos passar pelos repórteres, eles farão perguntas, tentaram lhe colocar numa situação constrangedora, faz parte do show! Por favor não caia em provocação, deixemos as respostas para o final da audiência, tenho certeza que sairemos vitoriosos. – Instruiu.

- Tudo bem. – Respondo num sopro já colocando meus óculos escuro e arrumando a camisa.

A porta do carro é aberta por um dos seguranças contratados, logo mais dois estão a frente para abrir caminho entre a pequena multidão. Mantenho minha cabeça erguida enquanto sou guiado para a entrada do fórum. A multidão grita, uns xingam, outros pedem justiça, os repórteres tentam a todo custo conseguir uma resposta as mesmas perguntas de sempre.

Passo aos empurrões pela aglomeração e enfim entro no fórum, o advogado que me acompanha indica o caminho do corredor a direita, alguns funcionários olham curiosos, mas sigo em silêncio, cumprimentando apenas com aceno aos que cruzam meu caminho, paramos em frente a sala de audiência faltando 10 minutos para o início. Começo a sentir a tensão do momento, é hoje, enfim o fim.

O meirinho abre a porta e chama para nos acomodarmos na sala, sou guiado novamente pelo advogado até me acomodar a esquerda da mesa. Em seguida chegam o promotor e o escrivão, a minha frente senta-se um advogado que deduzo ser dela. Em silêncio vejo Juliano e Carol entrarem na sala e se acomodarem nas cadeiras localizadas atrás da minha. Estou suando ainda mais, já é possível perceber as marcas na caminha apesar do frio do ar condicionado, olho o relógio e são 10h e nesse minuto a juíza entra e acomoda-se a cadeira central da cabeceira da mesa, mentalmente rogo uma pequena prece.

A juíza começa lendo os detalhes do processo, explica que a "vítima" não fez denuncia, assim cabendo então ao ministério público a denúncia, ali representado pelo promotor, que explica o cenário e circunstancias da agressão e que apesar de no depoimento o acusado ter alegado não manter vinculo amoroso com a vítima, ficou comprovado através de imagens e transmissões nacionais o relacionamento, logo o mesmo seria enquadrado na Lei Maria da Penha.

A juíza ouve todas as provas e alegações apresentadas pela promotoria e também a defesa do meu advogado que insiste que a vítima não se sentiu agredida, que foi um desentendimento, que vinham sofrendo fortes ataques psicológicos dentro de um confinamento, além da influência de bebida alcoólica devido a uma festa que acontecia no dia da discussão e o acusado vinha sendo privado de atendimento psicológico e medicação. A juíza rebate algumas das declarações a partir dos laudos e depoimentos.

EMILLY

Chego pela entrada dos fundos do fórum, lá fora está uma loucura, não queria enfrentar isso agora, vou para o corredor da sala de audiência, não havia necessidade de vir, mas eu precisava, tinha que estar aqui, seria a primeira vez que nos encontraríamos cara a cara após aquele dia trágico, ele se negou a me ouvir, me machucou com suas acusações, mas eu precisava está aqui. Meu paizinho me acompanha, ele é minha fortaleza nesse momento angustiante

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