Capítulo IV

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Novamente ela vai embora, novamente me diz adeus e novamente estou aqui olhando o vazio que ela deixou... desperto do transe e decido: Isso não acabou! Saio em disparada pela porta na tentativa de alcança-la, mas não a vejo, vou abrindo caminho pelas pessoas na pista, a vejo subindo as escadas para o camarote e me apresso, algumas pessoas me reconhecem e tentam me parar, mas me esquivo e sigo para a escada, ela já está no último degrau, subo de dois em dois os degraus, assim que chego ao camarote a vejo abraçada ao namorado e isso me traz a realidade, o que eu estou fazendo? Ela seguiu com a vida dela, eu segui com a minha, por que mexer no que já está quieto há tempos se no fim sabemos que sairemos mais machucados? Lembro suas palavras de pouco tempo: "há um abismo de rancores entre nós. "

Desço as escadas indo em direção ao bar onde encontro meus amigos que agora estão acompanhados, para mim a noite acabou, o reencontro foi pesado, me trouxe sentimentos e recordações e agora precisava colocar meus pensamentos em ordem. Olho novamente para o camarote e não a vejo mais, melhor assim, checo as horas, 3:42h, estou cansado, pego a comanda e vou em direção ao caixa, Aline me acompanha, definitivamente esqueci dela: - Aline, desculpa, não me leve a mal, mas no momento não sou uma boa companhia e preciso ficar sozinho, vou pagar um taxi para te deixar em casa. Ela me olha confusa, mas concorda e mais uma recordação me vem, Emilly jamais aceitaria as coisas tão passivamente, contestaria, questionaria o porquê e certamente se faria presente por pior companhia que eu fosse, uma verdadeira parceira, mas hoje ela é parceira de outro que sabiamente soube aprecia-la, por que tinha que ser assim? Volto minha atenção a Aline, seguro sua mão e vamos para o caixa, preciso sair logo daqui.

Enquanto faço o pagamento, Aline permanece ao meu lado, tranquila e em silêncio, melhor, não estava em condições nenhuma para conversar, meus pensamentos são todos voltados para ELA, esta noite, a pseudo-conversa, o quase beijo, queria ter sentido novamente seu sabor. Arrasto Aline para fora da boate, chamo um taxi e me despeço dela:

- Obrigado pela sua companhia, desculpe a minha e boa noite. - Falo com um sorriso sem graça enquanto coloco minha mão na sua cintura a guiando para a porta aberta do veículo, ela sorri resignada, leva a mão ao meu rosto enquanto aproxima do seu colando nossas bocas em um beijo tenro, não retribuo, mas não a afasto, não quero magoa-la, ela então me olha sorrindo insinuante enquanto percorre o dedo pelos botões da minha camisa e pergunta: - Tem certeza que não quer que te acompanhe ao hotel? Eu sorrio sem humor: - Não, obrigado. Ela acena em concordância e com um sorriso sem graça entra no carro e parte. Inalo o ar frio da madrugada, olho para o céu e enquanto aguardo o próximo taxi observo ao redor, algumas pessoas indo embora, penso se poderia ir caminhando, mas desisto, de longe vejo casais aos beijos, abraçados, sorrisos apaixonados e tudo me remete a ela, provavelmente estaria assim com o namorado, idiota de sorte, o taxi chega, entro e indico o endereço, o taxista está ouvindo uma balada antiga, mas que imediatamente me leva novamente o loop de memórias: "...Chega de mentiras, de negar o meu desejo, eu te quero mais do que tudo, eu preciso do teu beijo, eu entrego a minha vida pra você fazer o que quiser de mim, só quero ouvir você dizer que sim...". Fecho os olhos, embalado pela música recosto minha cabeça no encosto da cadeira enquanto viajo em flashes de nós dois.

***

EMILLY

Arrasto Amanda pelo corredor às pressas, precisava me afastar, as paredes pareciam se fechar ao meu redor me sufocando... respira Emilly, respira...a imagem de sua aproximação, a ansiedade pelo beijo, onde estava com a cabeça? Pedro não merece que eu faça isso com ele, nem eu mereço voltar no tempo, reviver esse sentimento que só trouxe tristeza, dor e mágoas, não posso permitir ficar vulnerável novamente, passo pela pista, algumas pessoas me reconhecem, alguns tiram fotos, mas não paro, subo as escadas quase correndo, precisava estar com minha família, me sentir segura e assegurar que tudo foi uma loucura de momento.

Chego ao camarote e praticamente corro para os braços de Pedro, o abraçando apertado, mentalmente me desculpo com ele pelo que quase aconteceu, pelos meus sentimentos enterrados quererem vir à tona, ele retribui o abraço e isso me conforta, sorrindo carinhoso fala: - Uau... que saudade é essa? Você sumiu, estava preocupado, resolveu seu problema? Sorri em retribuição enquanto enlaço seu pescoço respondo: - Sim... resolvido, aliais, já estava resolvido há muito tempo, digamos que foi só uma certificação. Pedro acena com a cabeça em concordância e me dá um selinho. Me sinto mais calma, apesar sensação da presença dele ainda ser muito forte, evito olhar na direção do bar, onde o vi anteriormente. Papito chama minha atenção: - Está tarde princesa, quer dizer, está cedo, vamos embora! Sim... está na hora de ir embora, preciso ir, então concordo, Amanda pega as flores que ganhei e alguns mimos que ali estavam e seguimos para a saída.

Me despeço de Papito e da mana, vou dormir na casa de Pedro, era o combinado, pensei em desistir e ir junto com minha família, mas talvez fosse melhor assim, apagar essas lembranças que teimavam em aparecer, me assegurar que foi só um momento. Pedro me abraça enquanto aguardamos Amanda trazer o carro, a madrugada era fria, inspiro profundamente o ar gelado para acalmar o calor que ELE provocou. Amanda está demorando, Pedro aperta mais o abraço, enquanto beija o topo da minha cabeça, o gesto carinhoso me traz mais lembranças, fecho meus olhos com força tentando conter as lagrimas, não posso chorar, ele não me fará chorar de novo, nunca mais, abro os olhos já mais controlada, porem com os olhos úmidos.

Observo ao redor e meus olhos captam a cena, era ele, abraçado a uma mulher, ele abre a porta do taxi... ela para à porta e o beija... sinto um soco no meu estomago, meus pulmões parecem petrificados e uma bola fica presa na minha garganta, aperto o abraço em Pedro, as lagrimas surgem novamente... não tenho direito de sentir ciúme, mas que se dane, eu estou morrendo aqui, há pouco ele ia me beijar e estava acompanhado, fingiu o desconforto por eu estar com namorado.... Cretino! Hipócrita! A mulher sorri sensualmente enquanto alisa seu peito sob a camisa, Filha da P..., estou em brasas de raiva, quem ela pensa que é para toca-lo assim, vejo ele sorri para ela e minha raiva ganha níveis desconhecidos, quero ir lá, enfrenta-los, tirar o sorrisinho da cara daquela mulherzinha, faço menção de sair do abraço que me encontro, então me dou conta da realidade... ele não é meu, não mais, quem sabe nunca foi, essa constatação machuca e deixo as lagrimas correrem livres, encosto meu rosto na camisa de Pedro, não quero mais ver, não quero mais sentir isso, seguimos nossas vidas, eu estava feliz, pelo menos era nisso que acreditei até algumas horas atrás, fortalecida levanto a cabeça para colocar a última pá de terra no buraco que ele deixou no meu coração, a dor precisa ser sentida, o vejo entrar em um taxi e partir... dessa vez tinha que ser pra sempre e eu sussurro para o veículo que passa o levando embora:

- Adeus meu bem!

***

Olá!!!

Desculpem a demora, como falei antes, estou sem computador, o capítulo foi feito no celular, tive que fazer várias revisões, talvez ainda encontrem erros... rs... Então obrigado pela paciência e pelas mensagens.

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