Guardian Angel

Capítulo Único

Shirou caminhava pelas ruas de sua cidade em Hokkaido tranquilamente. Ele era um jogador normal adolescente que estava próximo de terminar o colegial. Lógico que ele estava preocupado com o time que foi obrigado a deixar para trás por conta de um ferimento.
Atravessando a rua na faixa, ele pensava em algumas coisas, como, por exemplo, qual faculdade cursar, afinal, faltava pouco tempo para se formar no colegial, se seguiria a carreira de jogador, o que faria com a antiga casa dos pais...
Ah... Aquela casa. Quantas lembranças não guardava? Quando entrava nela parecia fazer uma viagem ao passado. Cada canto, cada móvel, cada foto, cada quadro lhe lembravam da sua falecida família.
Entre estes pensamentos ele para no meio da rua. "Se eu parasse de, simplesmente, viver, não iria reencontra-los?" Este fatal pensamento lhe corre como uma flecha, mas logo ele abana a cabeça e afasta essa ideia suicida e volta a andar, ou o que se faz com muletas. Quando da um passo em direção a calçada destino, um som alto de buzina enche o ar e, em seguida, ele olha para o lado e vê um caminhão desgovernado em sua direção. Mesmo se corresse não sairia da frente do veículo a tempo.
Neste momento, por uma razão desconhecida, ele lembra de uma cena em sua infância.

Flashback on

- Shirou... Você acredita em anjos? - Pergunta um rosado ao seu lado.
- Acho que sim, Atsuya... - Diz olhando para um bonequinho de plástico em sua mão.
- Filho, venha aqui colocar o último enfeite. - Chama uma mulher de cabelos cinzas ao lado de uma árvore de Natal praticamente enfeitada, com um único espaço livre. Aquele espaço era para o anjo de plástico em sua mão.
- Por que o Shirou tem que ficar com o último enfeite? - Pergunta o mais novo fazendo bico.
- Porque você colocou o último ano passado, esse ano é o Shirou. - Diz o pai, um homem de óculos e cabelos cinzas.
- Tudo bem Atsu, pode colocar... - Diz estendendo a mão com o boneco para o rosado.
- Tsc, não teria graça eu colocar sozinho... É sua vez afinal. - Rejeita a mão do mais velho.
- Então quer dizer que deseja colocar comigo? - Pergunta puxando o mais novo pelo pulso. - Se era só isso, não precisava ficar bravo.
O atacante apenas colocou a mão em cima da do mais velho e posicionou o brinquedo no local vago.
Quando o mais novo estava virando as costas, o pequeno acinzentado ainda estava olhando para a árvore.
- Aquele pé da árvore era assim mesmo? - Pergunta apontando para o suporte que tinha um dos pezinhos mal encaixados.
- Shirou-Baka. Sempre foi assim. Vem pro quarto que eu vou vencer você naquele jogo hoje. - Diz dando mais um passo e logo em seguida se virando. - Se apaixonou pela árvore? Você fica olhando pra ela sem parar...
- Já estou indo... - Vira as costas para a árvore.
Quando ia começar a andar, recebeu um empurrão que o derruba no chão.
- O que... - Diz se virando e vendo a árvore caída e o seu irmão de baixo dela.
- Me ajuda aqui... - Grunhe o rosado que estava preso de baixo da árvore.
O mais velho vai correndo e levanta a árvore com um pouco de dificuldade, por ser um item maior que ele.

Flashback off

O caminhão se aproximava velozmente e ruidosamente do pequeno jogador, que por instinto fechara os olhos.
Após uns segundos de silencio, ele vagarosamente abre os olhos. A primeira visão que teve foi do caminhão virado e entre ele e o automóvel tinha um garoto com grandes asas brancas nas costas.
- ... - Tenta dizer algo, só que sua voz não saia. O medo o congelara.
- Consegui... - Foi a última coisa que ouviu antes do mundo de tingir de preto.

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Quando abriu os olhos, percebeu que se encontrava em um quarto de hospital. As paredes brancas, a cama com grades nas laterais. Todos esses elementos ajudaram na sua conclusão. Porém tinha um elemento que não se encaixava...
- Q-quem é você? - Pergunta para um garoto que encarava a janela do outro lado do quarto.
Estava curioso, pois, pelo o que sabia, quem iria visita-lo se todos estavam longe?
O sol estava impedindo que o albino visse mais do que apenas a silhueta do garoto, que, mesmo com a pergunta, permaneceu calado.
Quando estava perdendo a paciência, o jovem defensor se levanta da cama e tenta virar o visitante em sua direção, só que a sua mão atravessa como se ele não estivesse ali.
- O-o que... - Olha espantado para a própria mão e logo em seguida para o garoto que o encarava agora.
- V-você consegue me ver? - Diz o garoto com um olhar assustado.
- P-por que a minha mão te a-atravessou??! - Pergunta o albino para a pessoa a sua frente.
O outro apenas suspira e se senta numa cadeira.
- Q-quem é você? - Pergunta o jogador para a figura a sua frente.
- Eu não estou deixando você associar minha aparência a nada né? - Fala colocando uma mão na frente dos olhos do Shirou e a outra em sua orelha direita. Logo em seguida as retira.
Por reflexo, o albino havia fechado os olhos, mas quando os abriu viu que a pessoa a sua frente lhe era extremamente familiar...
- A-ATSUYA???! - Grita sem querer, o que obriga o recém descoberto irmão a tapar a boca do mais velho.
- Shiiiuuuu, só você consegue me ver e ouvir!! Você quer pagar de louco?! - Fala na orelha do albino.
- P-por quê?
- Que merda... agora vou ter que explicar... - Diz coçando a nuca e sentando na cadeira e colocando o irmão na cama. - Bom... pode-se dizer que eu sou o seu Anjo da Guarda...
- Eu não acredito nisso. Anjos da Guarda não existem. - Corta o mais novo de modo a indicar que não ouviria por ser contra as suas crenças.
- Shirou... Eles existem... Eu existo. Você pode negar a minha existência?
- Você sobreviveu. Só isso. - Vira as costas. E pega o controle para avisar uma enfermeira.
- Como você explicaria a sua mão ter me atravessado então?
- Você pode, simplesmente, ser um fruto da minha imaginação. - Aperta o botão de chamar a enfermeira. - Agora eu tenho que ir pra casa. Vê se não me chama para eu não pagar de louco.
- Aff. Você ainda não entendeu nada. - Diz fazendo as asas aparecerem e começando a voar.
O jovem jogador sai do hospital tranquilamente, quando sofre um escorregão no topo da escada, quando estava para rolar escada abaixo, o irmão aparece e o puxa, fazendo seus corpos ficarem colados.
- A-Atsu... - Diz olhando para o seu irmão, cuja a face estava encoberta pela franja.
- Mesmo depois dessa, você não acredita? - Diz bravo.
- E-eu... Acredito... - Diz sussurrando.
-

Que bom. - Solta o mais velho e pega a mão dele. - Você não consegue dar um passo sem correr risco de vida, então eu vou ter que ficar do seu lado o tempo todo.
- Mas o que aconteceu pra você ter virado o meu Anjo da Guarda?
- E-eu só não podia deixar você sozinho assim no mundo. Alguém que quase morre 24 horas por dia, sete dias da semana, 4 semanas por mês e 12 meses por ano, tem que ter alguém do lado né...
Ambos dão risada e continuam andando de mãosdadas como se fossem duas crianças.

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Depois de algumas semanas, o pé do jovem jogador já estava curado, mas nada se comparava com o seu coração. Um coração que fora feito em pedaços e uma alma muito desgastada ganharam um vigor novo após um tempo com o falecido irmão.
Atualmente os dois se encontravam no campo do Colégio Hakuren.
- Você tem certeza disso Shirou? O meu trabalho é te proteger e não te machucar. - Diz o rosado com uma bola na mão.
- Com toda a certeza que alguém pode ter Atsu. O meu pé já está totalmente curado. - Fala batendo o pé que estava enfaixado até alguns dias atrás no chão.
- Mas por que você quer fazer uma técnica de defesa nova? - Pergunta enquanto fazia uma embaixadinha. - A sua Ice Ground está muito boa...
- Mas não boa o suficiente para o nível mundial. Você sabe que eu fui convidado novamente para a seleção. - Diz se posicionando na defesa. - Além de que eu queria fazer uma técnica com você...
- Mas eu não posso jogar... você sabe... - Diz deixando a bola atravessar o pé.
- Não é isso. Uma técnica que você vai me ajudar a desenvolver. É isso que eu quero. - Diz se aproximando do irmão e o abraçando. - Eu sinto falta de quando éramos crianças e fazíamos tudo juntos.
- Também sinto falta desses momentos. - Retribui o abraço. - Mas agora as circunstâncias mudaram. Me tornei um anjo. Você um grande jogador...
- Não, você não está entendendo o que eu quero dizer! - Diz o albino. - Aqueles momentos, eu sinto muita falta deles!! EU TE AMO ATSUYA!!! - Grita, mas logo se arrepende e cora.
- Eu também te amo Shirou, isso é normal entre irmãos, certo? - Diz estranhando a atitude do irmão.
- NÃO!!! - Grita assustando o mais novo. - Não é esse tipo de amor! É um acima desse.
- Shi... - Diz o rosado que corre para abraça-lo. - Como eu disse. Tudo mudou. Anjos... Anjos não podem se apaixonar. Esse foi um sacrifício que eu fiz pra cuidar de você. Então, espero que seja feliz. Pois viver você vai. Afinal, eu sou o seu Anjo da Guarda...
Quando terminou a frase, começou a chorar silenciosamente. O albino, que percebeu apenas quando sentiu as lágrimas molharem a sua blusa, levanta o olhar e rouba um beijo de seu irmão...

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- SNOW ANGEL!!! - Grita o nome da técnica, que para o adversário e rouba a sua bola.
O albino começa a correr pelo campo adversário e marca um gol.
- Aeeee Shirou! - Grita Atsuya. - Você dominou a técnica!!!
O mais velho apenas sorri e acena. O anjo retribui o gesto, mesmo que ninguém tenha visto.

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É o dia do casamento de Shirou Fubuki e Shuuya Goenji. Todos estavam assistindo, exceto por um certo anjo que se encontrava do lado de fora da igreja.
Mesmo sendo errado, mesmo sendo impossível, um anjo se apaixonou, se apaixonou por quem deve proteger.