Paisagem Vermelha.

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  Eu divaguei, minha mente estava em estado de pavor, meu corpo todo estava gelado e eu sentia um cheiro muito forte de sangue, devo ter ficado algumas horas desacordado, quando me dei conta levantei num único movimento, peguei meu escudo que estava a alguns metros de mim e caminhei direção à saída, quando a luz ofuscou minha visão, pude perceber que todos da minha comitiva estavam mortos, eu não conseguia me movimentar, por um momento o terror dominou meu coração, todos os meus companheiros estavam caídos, várias poças de sangue tornaram a paisagem vermelha, os cavalos certamente haviam fugido pois, não avistava nenhum, eu só não estava mais assustado porque eu entendia o que estava se passando, o momento que eu fiquei desacordado foi revelador, e eu precisava compartilhar a situação com o rei, o estado precisava saber que só tínhamos um único inimigo. 

 Caminhando pela estrada pela qual havíamos chegado, encontro um dos nossos cavalos, estava pastando, me aproximei e cuidadosamente subi nele, ele não parecia estar machucado e por isso não tive medo de fazê-lo correr o mais rápido possível, enquanto ele corria tudo se passava pela minha mente, eram tantas imagens, quando consigo me concentrar avisto uma das torres do castelo, corri mais rápido ainda, os guardas do portão me viram, e rapidamente abriram o portão, eles devem ter falado alguma coisa quando passei por eles, mas eu estava muito rápido e nem entendi, na teoria eu deveria reportar a missão para o meu superior, mas eu corri direto para a entrada da torre principal, subi as escadas, os lordes que ali estavam me olhavam com um olhar de espanto, talvez pelo sangue que sujava meu elmo e o restante da minha armadura, abri as portas do salão principal onde o rei se encontrava.

— Pelos deuses homem, o que houve contigo? — ele falou isso enquanto eu me ajoelhava para pedir a palavra.

— Meu rei, preciso-lhe reportar uma coisa, todos os soldados que enviou para cobrança de impostos do vilarejo ao norte estão mortos— ele fixou os olhos em mim esperando mais informações sobre o ocorrido — encontramos um casa abandonada, meu rei, pertencente a uma bruxa muito velha e poderosa. 

Com essas palavras ele relaxou os músculos faciais, sentou e disse;

— Veja bem, meu caro, você está reportando a morte de mais de 40 soldados da minha tropa, não fale asneiras, diga tudo que aconteceu sem delírios.

 Nesse momento eu soube que nada do que eu dissesse iria ser acatado pelo rei sem que ele achasse loucura, mesmo assim continuei a falar tudo que havia acontecido, o rei esperou eu acabar, disse que iria mandar uma tropa para analisar o ocorrido porém, ordenou que eu fosse levado para as masmorras, eu supliquei que ele deveria me ouvir para o bem maior do reino, ele se enfureceu mais ainda, aquilo me deixou muito confuso, rapidamente me levaram para as masmorras. O tempo no escuro estava me fazendo rever toda a situação a qual eu me encontrava, eu identifiquei tudo ao meu redor, uma pequena abertura por onde entrava pouca luz da lua, uma cela a minha frente, um pequeno rato morto encostado no canto direito da da parede onde eu estava apoiado, deveria ter morrido a pouco, pois não exalava nenhum cheiro ruim, seu sangue poderia estar quente ainda, quente como um bom vinho, e sua carne macia, seu cheiro começa a ficar mais forte, meu estômago responde ao cheiro, que já me agradava me proporcionando um prazer, como a um banquete preparado por um bela princesa, meu olhos estão quase se fechando meu corpo reage e ao me dar conta da situação o rato está descendo pela garganta, aquilo me apavorou, eu não desejei fazer isso, ou será que desejei? são tantas dúvidas que me cercam, cada tempo sozinho aqui é um passo livre pra ela concretizar o plano. 

 Eu não deveria baixar a guarda, acabei dormindo por algum tempo, novamente me pego admirando a luz do sol, que me acordou. Um dos guardas chega bem perto da minha cela e diz para eu me aproximar, ele então me conta que o rei quer mais informações sobre o massacre, é assim que estão chamando o que aconteceu, ele abre a cela e me leva até uma sala, eu desconheço essa, o rei está sentado me esperando, ele ordena que eu sente e logo em seguida manda eu detalhar tudo, e mais uma vez eu digo tudo que aconteceu, ele não acredita e manda me levarem, eu não vejo outra alternativa a não ser mentir. 

— Meu rei, eu estava muito confuso, e revendo a história, percebo que estou equivocado, deviam ter uns 30 homens no grupo que atacou nossa tropa, estávamos todos em guarda baixa, por isso o grupo teve vantagem sobre nós. 

Ele me pareceu aceitar essa nova versão, depois de muita coisa falada ele me libera, eu sei que tenho que sair rápido desse castelo, eu preciso de alguém que entenda toda essa podridão. 

Senhores da sombra.Onde histórias criam vida. Descubra agora