. 10:32 da manhã marca no celular de Célio.
Um Golf preto com placa de São Paulo estaciona em frente a uma casa simples com portão todo gradeado. Os cachorros começam a latir em alerta. Os vira-lata são pequenos mas fazem um escândalo e tanto. — Algo que ele não queria. Que avisassem sobre sua chegada.
A casa lhe lembra a palavra DESPREZO. A fumaça de seu cigarro exala pela fresta da janela de ao lado. Após uma ultima tragada ele joga o cigarro por ela sabendo que sua regra de fumar 3 cigarros por dia quando não esta escrevendo vai pelo ralo hoje. Deveria ter trazido um maço reserva.
Ele cossa sua cabeça freneticamente e seus cabelo comprido fica desarrumado, é o estilo que ele gosta. Desde que ficou bem em uma foto na contra capa de seu livro ele usa esse estilo relaxado com barba cerrada.
O tempo esta nublado por causa da época de chuvas. — Tsc! — ele da um sorriso cínico — Nublado é um titulo para hoje.
Antes de chegar ao portão ele nota a intensa movimentação dentro da casa, velórios trazem mais parentes que aniversários.
Uma senhora robusta das bochechas rosadas abre a porta antes dele tocar a campainha.
— Entre. O portão esta aberto. — seu tom de voz é melancólico e seus olhos estão avermelhados.
Aposto que teve uma competição de choro.
Sua tia o abraça forte, ele retribui apenas por fazer.
— Como você esta, Célio?
— Eu estou bem tia, apenas quero que esse dia acabe logo. — por mais que ele não admita. A morte de seu pai mexeu com ele.
— Nós também, querido. Saiba que ele esta em um lugar melhor agora.
Eles caminham até a sala. Ela o segura firme pelo braço como se ele precisasse de apoio.
— Claro que está. Até uma caixa com almofada deve ser melhor do que o quarto no hospício — ele pensa em dizer.
Cemitério Municipal Canto Especial.
Há um entra e sai na pequena sala de velório, boa parte das pessoas são os famosos "urubus" que estão querendo fofocar sobre o novo membro local.
O caixão esta bem ao centro e o amadeirado mogno deixa o local mais triste ainda.
Lucia, sua tia que o recepcionou serve de arauto para os outros, sempre cumprimentando quem aparece e contando a triste história do irmão caçula Hector.
Um homem que ele tem recordações leva ao que parece ser seu neto para ver o corpo. Assim que a criança percebe o caixão fechado tenta abri-lo.
— Por que está trancado?
Sem jeito o homem responde simplesmente que é pro corpo descansar melhor.
Célio nunca entendera porque forçam crianças a verem essas cenas mas as proíbem de ver um desenho com pouca violência.
A pergunta do garotinho faz sentido. Ele mesmo queria saber o porque de alguém que faleceu de um ataque cardíaco agravado com uma doença pulmonar antiga teria de ter o caixão vedado? Seus parentes como inteligentes que são nem se importaram em saber mais sobre isso.
Hector Alcântara, o melhor membro de sua família. Célio tem poucas lembranças de momentos felizes com seus pais. Logo quando sua mãe faleceu Hector mudou, deixou de ser o pai legal para o pai cheio de esquisitices que logo fora diagnosticado com stress pós-traumático.
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Asilo Baoz
HorrorCélio é um escritor em decadência que volta para a cidade natal pro enterro de seu pai. Isso lhe traz más lembranças e o caixão lacrado é o estopim pra ele embarcar numa aventura macabra dentro do Asilo que seu país esteve.