Sun & Moon

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Toda noite era a mesma coisa; falta de sono e um tanto exagerado de pensamentos invadindo a cabeça desocupada de Isabela, todos esses pensamentos eram relacionados a Dong SiCheng, o garoto chinês que caiu na escola da garota duas turmas a frente.

A amizade dos dois foi tão repentina que nem ela conseguia explicar o que de fato havia acontecido, ela acreditava que tinha sido o olhar confuso dele para o cardápio da cantina e a repentina coragem que lhe veio à tona naquele momento, mas quando percebeu ela e o chinês com sotaque engraçado já riam feito melhores amigos.

Em menos de um mês SiCheng já frequentava a casa de Isabela, a mãe mesmo trabalhando o dia todo no hospital teve a oportunidade de conhecer o garoto e ela também simpatizou muito com ele, via que Isabela tinha um grande carinhos por ele e vice-e-versa.

Era uma amizade que muita gente invejava, aliás ele era o intercambista e quem não faria de tudo para passar pelo menos o intervalo paparicando ele, mas nenhuma daquelas pessoas cativava SiCheng como Isabela cativava e ele não queria contar os dias que faltavam para ele ir embora, ele queria que o tempo parasse.

Mas como nada era perfeito, o tempo enorme que os dois tinham fora consumido e eles estavam no aeroporto.

O voo dele já havia sido chamado e daqui a muitas horas ele estaria na china, longe dela e ela não podia suportar, não podia acreditar que perderia o seu melhor amigo, não, ela perderia o amor de sua vida.

Foi repentino assim como a amizade deles, no último mês Isabela admitiu para si mesma que gostava dele, que não podia viver sem ele, mas ela não queria que ele sentisse a dor que ela estava sentindo, então preferiu guardar esse sentimento as sete chaves, no fundo do seu coração.

Ela queria gritar, espernear, pular nele e impedir que ele desse as costa e entrasse naquele maldito avião, mas ela não o fez, apenas se abaixou e deixou que todo aquele turbilhão de sentimentos se transformasse em lágrimas, esperou que ele voltasse e lhe dissesse que aquilo tudo era uma grande pegadinha e que iria ficar ali, com ela, pra sempre. Não aconteceu.

Depois de minutos naquela mesma posição ela decidiu que iria escutar as últimas palavras de SiCheng.

“ - Mesmo se você fechar seus olhos, mesmo se você tampar seus ouvidos, você vai ouvir, quando eu estiver pensando em você.- Eles estavam de testas coladas.- Somos de diferentes lugares, mesmo assim, eu posso te sentir, porque você nunca vai sair daqui.- Ele apontou para seu coração.- Eu farei de tudo para falar com você todos os dias. Não me esqueça.”

Mas ele sabia que ela não conseguiria esquecer, não depois de ler o final do caderno dela, ela costumava descarregar todos os sentimentos dela nas últimas folhas do caderno, e ele descobriu que o maior sentimento que ela tinha era dele, pra ele e por ele; ele descobriu que ela o amava e ficou desapontado por ela não o ter contado isso, mas ela não a culpava, porque ele também não havia contado a ela e se arrependeu amargamente quando a viu abaixada, chorando. Ele também a amava, incondicionalmente e doía nos dois ter que deixar um ao outro.

Agora era só aceitar, que não estariam mais sob o mesmo céu, aceitar que os dedos finos de Isabela não iriam mais fazer cafuné nos cabelos pretos dele, e ela não sentiria mais os abraços quentinhos dele.

Porém os dois tinham uma coisa em especial que ninguém poderia tirar, as lembranças que um dia iriam ser relembradas pelos dois.

Enquanto isso, SiCheng encara o céu da tarde sentindo a brisa leve e Isabela o céu estrelado da madrugada fria do Brasil, ambos fecham os olhos no mesmo momento e os pensamento voam um de volta para o outro.

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