de: Daniela Rodrigues <girldani19@gmail.com>
para: Carlos Kannenberg <carloskannenberg47@gmail.com>
data: 11 de setembro de 2016 15:03
assunto: Uma Brincadeira No GrupoOlá, estranho.
Peguei seu email naquela brincadeira em algum grupo de livros que ambos participamos. Fiquei minutos a fio tentando enxergar uma pessoa que eu, de fato, poderia confiar mesmo parecendo bizarro confiar em alguém que não conheço. De uma coisa eu sabia: essa pessoa não seria uma garota. Apesar de ser uma garota, tenho certos problemas com elas e por isso não tenho amigas. Quando encontrei seu nome, pensei: "Olha! Um garoto". Dei Ctrl + C e Ctrl + V e agora estou aqui escrevendo esse email.
Eu me sinto sozinha. Não fisicamente, mas emocionante. Todos ao meu redor parecem tão chatos e mesquinhos consigo mesmos. Uma merda tudo isso! Minha mãe acredita fielmente que todos têm razões para agirem da forma que agem. Porém, existe mesmo um motivo pra pessoa ser um babaca sem fim? Eu acredito que não. Mas isso não vai mudar o pensamento dos outros. O meu pensamento e opinião só é mais uma no meio dos bilhões existentes muito antes de mim. Talvez você seja uma daquelas pessoas que não vai concordar em nada do que falo, mas eu irei tentar demonstrar que você pode aceitar o que penso, mesmo não sendo o mesmo em diversas formas.
Minha mãe e eu acabamos de nos mudar para uma nova cidade. Ela resolveu vim morar com seu mais novo marido. Uma bela bosta, né? Não gostei nada da notícia. Infelizmente não pude fazer nada. Segunda feira agora será minha primeira aula numa escola nova. Sei que um monte de pessoas vai ficar me olhando estranho nos corredores ou vão até mesmo pregar peças em mim porque sou a novata, e isso não me deixa mais feliz de jeito nenhum. Por sorte meu padrasto, o Fernando, não é daquelas pessoas chatas e não tem nenhum filho. Ponto pra mim. Imagine ter que lidar com outro “irmão"? Pois é.
Enfim, amigo-estranho, só quero poder conversar com alguém que, de alguma forma, possa me entender. Uma pessoa que não me julga ou que se acha o fodão. Nem sei quantos anos tem ou o seu estilo de vida ou como é sua relação familiar, mas, quando vi seu nomezinho lá e seu perfil em preto e branco com aquele gatinho, quis logo te mandar um email para te ter exclusivamente pra mim, entende? Só quero ter um diário. Não um diário qualquer, mas um que possa me ouvir de verdade. Um amigo. Que possa até me dar conselhos. Se tiver vontade de responder, por favor, vá em frente. Se não, só me ouça, ok?
Até maisde: Carlos Kannenberg <carloskannenberg47@gmail.com>
para: Daniela Rodrigues <girldani19@gmail.com>
data: 13 de setembro de 2016 16:05
assunto: Re: Uma Brincadeira No GrupoQuerida pessoinha.
Sabe, desde que me conheço por algo particularmente social, costumo ser monótono em todo início de conversa. Costumo começar com aquele venho e repetitivo "Oi" e muitas vezes acrescento a frase "Tudo bem com você?", o que acaba por me deixar com raiva. Para mim, perguntar se alguém está bem não passa de algo forçado, e muitos deixam nítido isso. Claro, não sou esse tipo de pessoa. Quando pergunto é porque realmente estou interessado. Mas é estranho, não acha? Como muitas vezes automaticamente acabamos perguntando por educação ou coisa do tipo. E sabe o mais engraçado? Dizemos que estamos bem, apenas para não se dar o trabalho de explicar tudo o que nos destrói emocionalmente.
Com a frase "me sinto sozinha", muitos nos dão a entender que estão "sozinhos" no sentindo "estou sozinho em casa" que nesse caso seria fisicamente. Mas digamos que sou um especialista em se sentir sozinho emocionalmente. Acho que não me sinto sozinho e sim... deslocado. Claro, não vou começar a comparar problemas, não sou um babaca desse tipo, até porque, estou aqui para lhe ajudar no que precisar. Por isso, não hesite quando precisar de um... amigo.
Agora vamos para algo mais referente ao seu email: sabe, sinceramente achei que ninguém me escolheria como diário, mas poxa, não é que pela primeira vez uma brincadeira desse tipo fez efeito? E sem querer prolongar muito as coisas, acho que se mudar de cidade não seja lá "o mostro de sete cabeças". Okay, até certo ponto é. Odeio me mudar, mas vivo me mudando, acho que nunca morei em uma mesma casa mais do que um ano e meio, o que me deixa em desvantagem, pois sou péssimo para me socializar em lugares novos. E também odeio pessoas ou colegas novos, nesse caso, uma escola nova. Todos ficam nos olhando e perguntando nosso nome, como se fossem se importar. Eu, por exemplo, poderia dizer que meu nome é Pedro e ninguém ao menos iria notar.
Sobre o seu novo padrasto, digamos que ele mereça uma chance, todos merecemos. Como disse, odeio novas pessoas, muitas parecem querer quebrar minha zona de conforto (ah, e quando digo sobre odiar, prefiro que não se inclua nisso). Um novo padrasto muitas vezes quer simbolizar algo novo e bom. Fernando poderá trazer experiências novas de convivência, digo isso especialmente por não conhecer o cara, mas bem, se uma mudança aconteceu, coisas piores estarão por vir... ou não. Nossa, te desejo sorte e com o que eu puder ajudar, me chame.
Espero não ter dado uma péssima impressão ou de alguma forma tê-la deixado desconfortável, tanto que estarei esperando mais algum email seu, sabe? Gostei de você.
Ah, e antes de um "tchau, até logo", gostaria de dizer que o nome dele é Seven, o do meu gatinho o qual aparece na minha foto de perfil... Gostaria que sempre que possível me contasse mais coisas sobre você, sou curioso (não se assuste haha).
Até mais.***
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Tudo de bom,
Riv&MoH
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Complicada Mente (Em Revisão)
Teen FictionDaniela Rodrigues tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos que construiu ao longo dos anos deixam de fazer sentido quando ela e sua mãe mudam de cidade para morar com o novo marido. Um padrastro era tudo o que ela não precisava num momento...