Mais um dia normal se passou, não aguentava mais essa rotina chata de casa e escola, estava uma noite chuvosa, então assim que cheguei subi as escadas, entrei em meu quarto joguei a mochila em um canto e me joguei na cama.
Peguei o celular e comecei a trocar mensagens com Daya, minha melhor e única amiga, eu havia me mudado pra cá há mais ou menos 2 anos, e não era de me socializar muito, preferia ficar na minha mesmo. Daya me falou sobre uma onda de assassinatos que havia começado na cidade, ela estava com medo, pois assim como eu, estudava a noite, e vinha um bom caminho sozinha, quando nos separávamos por morarmos em bairros diferentes, nem os meus país nem os delas tinham carros para buscar a gente, e meu pai vivia trabalhando, e minha mãe cuidando do meu irmãozinho, não iria ter tempo pra me buscar mesmo que tivesse o carro, Daya era a única pessoa que perdia tempo comigo, então tentei conforta-lá, com as palavras clichês de "vai ficar tudo bem" e "não vai acontecer com você", e ela parecia confiar no que eu dizia, e pareceu ficar mais calma, depois de me despedir dela, coloquei meu celular em uma mezinha que havia do lado de minha cama, e fiquei olhando o teto escuro, que só era possível de se enxergar com o claro dos raios que invadia meu quarto, por um momento me preocupei com aquilo que Daya tinha dito, posso dizer que até senti um leve medo, não por mim, mais por Daya, que morava em um bairro bem mais escuro que o meu, bem mais deserto também, ela era a única pessoa que estava sempre comigo, não sei o que eu faria se algo acontecesse com ela. Parei com esses pensamentos tolos, botando em minha cabeça que nada iria acontecer, e que a polícia o pegaria logo, me virei, e dormi, se passaram 3 dias normais, sem novidades, Daya tinha vindo pra cá ficar comigo esse domingo, ficou até agora à noite, depois ligou pra sua tia que estava na casa dela pra que viesse buscá-la, pois havia ficado muito tarde pra que ela fosse sozinha, e estava perigoso por causa dos assassinatos, não era bom arriscar, levei Daya até a porta, e me despedi dela, esperei até que ela entrasse no carro de sua tia, entrei, subi pro meu quarto e me deitei pra dormir, era mais uma noite chuvosa, uns minutos depois, quando estava quase pegando no sono, ouvi um barulho na escada, que era de madeira então ficava fácil de ouvir quando alguém pisava nos degraus, senti meu coração acelerar, me sentei na cama e fiquei olhando pra porta, "Droga" falei em voz baixa, aquela conversa com Daya tinha realmente mexido comigo, eu não sou dessas, de ficar com medinho dessas coisas, mais não sei porque, de alguma forma isso tinha me assustado. Sacodi a cabeça tentando parar de pensar em possíveis situações que poderiam estar prestes a acontecer caso eu abrisse a porta de meu quarto para ver o que, ou quem estava na escada, e me levantei, peguei meu celular para iluminar meu caminho, olhei pra tela e vi que já eram quase 3 da manhã, o que me deixou mais assustada, porque provavelmente, não seria ninguém da minha família, minha mãe e meu irmão com certeza já estão dormindo, e meu pai sempre chega pela manhã, impossível que seja ele, interrompi meus pensamentos e caminhei até a porta clareando minha frente com o celular, segurei a maçaneta e girei, abri a porta bem lentamente fazendo-a rangir, quando olhei pra escada, não tinha nada lá, então suspirei e olhei em volta, quando olhei ao lado da porta de saída, lá em baixo, vi uma forma que parecia ser um homem, congelei, não conseguia falar, é muito menos gritar pra alguém, ele se virou pra trás e por uma brexa de luz da lua que atravessava o vão da porta, olhando diretamente pra mim, não conseguia ver bem, mais seu rosto não era normal, não era, disso eu tenho certeza, era mais branco que o normal, e parecia ter a boca cortada, em formato de um sorriso, ele levou o dedo indicador até à frente de sua boca, e sussurrou "Shhhhh" e a luz de um relâmpago invadiu a sala me fazendo enxergar melhor seu rosto , cai pra trás e fui me afastando até encostar na parede e dei o grito mais alto que consegui, vi que uma luz se ascendeu na casa e ouvi a voz de minha mãe
-O que você tá fazendo aí no chão Stephani? Levanta dai e vai dormir, tá de madrugada, você vai acordar seu irmão com esses gritos
Apontei lá pra baixo
-Tem alguém lá mãe
Falei gaguejando, estava muito assustada, nem conseguia me mexer direito. Minha mãe foi até perto da escada onde dava pra ver a porta de saída lá de baixo, se virou e disse
-Não tem nada lá, você tá vendo coisas, veja menos filmes de terror mocinha, agora va dormir
Ela veio até mim e me puxou, fazendo com que eu me levantasse
-Okay
Disse e fui pro meu quarto, tranquei a porta e fui pra cama, entrei em baixo de meus cobertores, e fiquei pensando no que tinha visto, eu vi alguém, não foi imaginação, eu juro que vi. Parei e me dei conta do que tava acontecendo, o assunto com Daya tinha realmente me perturbado, deve mesmo ser algo da minha imaginação, suspirei tentando colocar isso na minha cabeça, fechei os olhos e depois de um tempo dormi, o outro dia foi igual a todos, eu desci pra almoçar, e nem eu nem minha mãe tocamos no assunto que havia acontecido, até que vi o que estavam falando no noticiário "Assasino em série faz mais vítimas está noite, polícia encontra vítimas esfaqueadas de modo brutal, mutiladas, com pálpebras queimadas e boca cortada em formato de sorriso, em todos os locais havia um SHHH escrito com sangue na parede" quando ouvi aquilo meu corpo se arrepiou todo e não conseguia prestar atenção em mais nada do que eu ouvia, cenas da noite passada passavam na minha cabeça, aquele rosto, aquele "SHHH", aquele sorriso, era ele, ele havia entrado em minha casa, ele podia ter matado a mim e a minha família na noite passada, não sei como nem porque não fez isso, não sei como vão ser as próximas noites, se ele entrou aqui uma vez pode entrar outras, e fazer o que faz com todos, matar, matar a mim e a minha família. Sai da mesa e subi pro meu quarto, pensei em falar pra Daya tudo o que havia acontecido, mais achei melhor não, ela já estava assustada com isso tudo, e falar isso só iria piorar, então respirei fundo, tentei me acalmar, e ouvi música por algumas horas até chegar a hora de eu ir pro colégio, e foi assim a semana toda, a mesma rotina de sempre, eu só saia do quarto pra almoçar, ir pra escola, e às vezes na casa de Daya, chegava e dormia, não ouvi mais barulhos na casa ou na escada, nem tinha mais notícias dele na TV, por uma semana, até que na segunda, ao chegar na escola, vi que Daya não estava lá, e nem na terça, e nem na quarta, comecei achar estranho pois ela não era de faltar assim, só quando viajava com os pais, mais se fosse isso, ela teria me avisado, e não me falou nada, enviei uma mensagem de texto perguntando se havia acontecido algo, pra ela estar faltando, mais ela não me respondeu, então decidi que iria pra casa dela no outro dia, pra ver se ela estava doente ou algo do tipo...
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A última noite
Horror"Gritei com o que vi, meu coração acelerou de uma forma inexplicável, não conseguia fazer mais nada se não chorar, me ajoelhei no chão e comecei a chorar mais, não consegui acreditar no que eu estava vendo, isso não pode ter acontecido, não pode ser...