Capítulo 2

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Ao passar dos dias, eu também fazia parte dá roda de conversa. E ria todas as vezes que ela dava um fora em um dos meninos. Ela era simpática com todos, mas não dava bola para nenhum. Meu irmão já estava frustrado, assim como os amigos dele.
- Droga. Essa menina deve tá se achando. Cheia de pretendentes e não escolhe nenhum. Parece que é sapatão. - Ao ouvir aquilo, um estalo se fez em minha mente. Será que Luciana era lésbica? Fazia sentido? Não... Só porque ela não dá bola para os meninos não significa que ela seja lésbica. Eu também não dei bola e nem por isso eu sou.
- Nada a ver, Daniel! - Eu repreendi.
- Não? Ela esnoba qualquer um dos meninos que se aproxima. Mas quando você tá perto, ela não​ para de te olhar. Eu até notei que ela mudou o perfume. E quando você não aparece ela inventa desculpa para entrar mais cedo. Mas quando você está, ela nem liga pra hora.
- E qual o problema nisso? Não podemos ser amigas? Só porque ela não quer ficar com você, não significa que ela seja lésbica. E qualquer um pode mudar de perfume quando bem entender. Eu hein. Você fala cada besteira. - Tentei responder o mais calma possível, mas eu estava nervosa.
A ideia de que Luciana poderia ser lésbica, me afetou de forma atordoante. A imagem do seu sorriso e seu corpo não saia da minha mente. A forma como ela me abraçava apertado também não.
A noite chega e a quantidade de meninos era menor em sua calçada. Eu ainda estava atordoada, e preferi ficar em casa.
- Filha? Sara! - Minha mãe retira o fone do meu ouvido.
- Que susto, mãe!
- Tô te chamando tem um tempão. Aquela menina da frente tá aqui na sala te esperando. Vou mandar ela vir pro seu quarto. - Quando minha mãe da as costas, Luciana entra no quarto acompanhada pelo meu pai, que sai em seguida e fecha a porta, nos deixando "a vontade".
Ela senta na beira da minha cama, e repara na minha parede. Nos desenhos que eu mesma pintei.
- Adorei o seu quarto!
- Obrigada... - Eu a olhava intrigada. Eu nunca tinha passado da calçada dela, e ela nunca tinha retornado a minha depois do dia que ela me chamou.
- Senti sua falta, então eu vim te ver. Seu irmão disse que você não estava se sentindo bem... - Ela parecia preocupada.
- Foi só uma dor de cabeça boba. Nada demais. - Minto. Eu só não queria ir lá. A presença dela me provocava um misto de medo e arrepio na espinha.

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