Seu nome era Sol. Nome escolhido por sua mãe que era amante dos astros, estrelas e planetas. E nunca um nome coube tão bem à uma pessoa. Solzinha, como era chamada na infância, levava nos olhos o brilho e a mesma intesidade da estrela central do nosso Sistema Solar. Era de uma beleza indescritível. Quando nasceu, tornou-se imediatamente a alegria de seus pais, Vitório e Lúcia. Sol era filha única. Durante sua infância vivia cercada dos mais belos brinquedos e companhias eletrônicas que uma criança poderia ter. Entretanto todos estes objetos que a entretinham, não preenchiam o espaço vazio que existia na vida da pequena Sol. Sol era SOLitária. Não tinha contato com outras crianças, pois morava no centro da cidade, e era raro ver crianças por alí. Todos os dias, Bianca a babá, vinha para cuidar de Sol enquanto seus pais trabalhavam. Bianca era sua única companhia. Companhia que não era suficiente. Ela via nos olhos de Sol, a carência por outras crianças da mesma idade e resolvera relatar aos seus pais. Vitório, o pai, já havia notado, e pensara que isso talvez no futuro, pudesse gerar problemas sociais à menina. Sol era muito amada por seus pais, por isso estava sempre em primeiro plano. Devido as circunstâncias, optaram por mudar para uma cidade vizinha, onde encontrariam na vizinhança, famílias completas, e uma escola com boa estrutura para Sol.
Depois de um longo planejamento, vieram os acertos. E finalmente chegara o dia da mudança. Sol, com seus completos seis anos estava coberta de ansiedade. Estava alegre e comunicativa, seus pais eram reflexo de todo esse sentimento. A alegria dela era contagiante. Estavam por finalizar o último pacote da mudança quando sua mãe sentou-se sobre o sofá, já embalado por plástico, e puxou Sol para junto de sí e colocou ela sobre seu colo:
- Querida, a partir de hoje tudo será diferente!
Pobre dona Lúcia, não sabia o que este ''diferente" se tornaria.
Vitório era apaixonado por filmes. Desde o nascimento de Sol, vivia por gravar filmes caseiros da filha. Tinha todas as fitas organizadas por data e ano em uma prateleira na antiga sala. Filmava todos os momentos da filha: aniversários, momentos de brincadeira, e até as bagunças organizadas que eles faziam nos finais de semana na cozinha. No dia da mudança não foi diferente. Lá estava Vitório com sua câmera registrando todos os momentos.
Com tudo pronto e organizado no caminhão de mudanças, partiram para a cidade vizinha rumo a uma nova vida, rumo ao desconhecido. A nova cidade ficava cerca de cento e vinte kilômetros de distância da conhecida. Passaram por por prédios, casas, mansões, lavouras, mato e finalmente chegaram à pequena cidade de nome Liberdade. Liberdade era uma cidade que mais parecia um vilarejo. Era formada por casas de arquitetura muito semelhantes, não havia muro nas casas, apenas uma pequena cerca de um metro e meio as dividiam. Todas com um belo gramado à frente e garagem ao lado. O que distinguia as casas uma das outras era a cor delas, cada família coloria a sua casa conforme seu gosto e estilo. Liberdade apesar de não muito longe da cidade, abrigava cerca de oitocentas famílias. Era a cidade modelo-sonho de todas as famílias da região, preocupadas com o desenvolvimento de suas crianças. Pois abrigava uma das melhores escolas em que se podia estudar na época. Todos se conheciam. Morar em Liberdade era como fazer parte de uma grande família. Os vizinhos procuravam ajudar uns aos outros. Ninguém passava por necessidade alí. Eram os melhores vizinhos que alguém poderia ter.
A ansiedade de Sol por conhecer a casa chegou ao fim quando finalmente o caminhão parou bem na frente de uma casa amarela. Seus olhinhos de menina eram preenchidos por uma felicidade exorbitante. Desceram do carro, e Sol correu até a porta com sua mãe logo atrás com as chaves para abrir o que seria de agora em diante, seu novo mundo. A casa não era grande, mas também não era pequena. Tinha o espaço necessário para todas as peripécias de Sol. Aos fundos ficava a cozinha, e tinha uma enorme janela que mostrava a rua de trás com um parque de recreação completo para as crianças. Sol maravilhou-se ao ver a quantidade de crianças que alí brincavam. Olhou para sua mãe com sorriso de orelha a orelha e perguntou:
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O Vizinho
RomanceSol era uma menina muito amável, uma urgência positiva a faz mudar-se juntamente com sua família para uma pequena cidade chamada Liberdade. Junto com a mudança, vieram novos vizinhos. Liberdade parecia a cidade perfeita até ser tomada por uma intrig...