Caminho do destino

Capitulo 3

Olhei o meu reflexo no espelho. O meu cabelo castanho escuro estava esticado, chegava-me até ao peito. A minha base e o rímel estavam bem. Parecia natural, como se não estivesse a usar maquilhagem. Mas, não sabia o que usar, já tinha experimentando 4 tops e ainda não sabia o que usar.

Afinal de contas, estava nervosa. Recomeçar já era minimamente normal para mim. Mas, nunca ficava mais fácil. Especialmente tendo em conta o facto de ser tímida e insegura. Sinto sempre que toda as pessoas estão a olhar para mim e a rirem-se de mim.

Acabei por decidir usar umas calças pretas e um crop  cinzento, com uns all-star  brancos.

Melhor do que isto, não conseguia. Peguei na mala que estava em cima da cadeira e lanceia-a para o meu ombro.

Ainda me lembro da última vez que recomecei tudo ...

Olhei o meu reflexo no espelho, o meu cabelo estava com as suas ondas naturais a caírem-me nos olhos. Peguei em dois ganchos e prendi a minha franja.

Estava bastante nervosa, novo país, nova língua, nova escola. Deixou tudo para trás para estar aqui. Não por escolha própria, obviamente.

Falando do Diabo. Na entrada da casa de banho, encontrava-se a minha mãe. Os cabelos dela encaracolados como sempre desmazelados. As olheiras nos seus olhos evidentes, desgastando a expressão da sua cara. Tornando-a mais sóbria. Mas ,mesmo assim ela sorria e os seus olhos brilhavam com alegria.

"Tu és tão linda, minha filha." Disse enquanto que descia o degrau da porta, para me dar um beijo na testa. " estas pronta para o teu primeiro dia?"

Eu queria dizer não. Que preferia ficar trancada em casa, contar-lhe todas as minhas ansiedades e medos. O facto de eu preferir simplesmente voltar para casa. Não esta. A minha.

Mas, não conseguia destroçar o coração da minha mãe e dizer-lhe a verdade. Por isso simplesmente acenei que sim.

Fui até a sala e pus a mochila ao ombro, enquanto que a minha mãe descia as escadas à minha espera, para me levar para a escola.

Muito bem, o meu primeiro dia de aulas logo a meio do período e eu chego atrasada. O portão da escola está  praticamente vazio, ocasionalmente sai ou entra alguém.

Ao lodo das traves da entrada para a escola, encontrava-se uma senhora idosa, baixinha de cabelos grisalhos. Aproximei-me dela.

"Desculpe." Disse chegando ao pé dela "eu sou nova e ainda não tenho o cartão de entrada, poderia deixar-me entrar. " a senhora olhou-me de cima abaixo e depois pressionou num pequeno botão vermelho, que se encontrava na sua secretária. Possibilitando que uma das traves se abrisse e me deixasse entrar.

"Muito obrigada"

Olhei para o grande edifício que se situava à minha frente, há bastante tempo que já não punha cá os pés.

Respirei fundo ... E comecei a subir os degraus da escola que levavam á secretaria.  Abri a porta e na secretaria estava sentada uma senhora de cabelo apanhado e óculos, com uma cara bastante antipatica.

"Bom dia." Disse chamando a atenção da senhora, que levantou os olhos do telemóvel para olhar para mim. "Diga." Disse com um tom pouco amigável.

" hum... Eu sou nova, podia me dizer em que turma é que estou. "

" qual é o seu nome? "

"Mia Hudson."

" Muito bem, a menina está no décimo primeiro B. Na sala C.14, aqui está o seu horário."

"Muito obrigada. "

Olhei para o horário e reparei que a minha primeira aula seria história.

Ainda faltavam 20 minutos para a aula começar e como todas as pessoas estavam em aulas os corredores encontravam-se vazios. Assim sendo, fui à máquina e tirei um café.

Conseguia sentir a ansiedade a escalar. Por isso fui à casa de banho e tranquei-me lá dentro, enquanto a minha aula não começava.

Quando ouvi o toque da campainha. Abri a porta lentamente, olhei-me no grande espelho da casa de banho, certificando-me que estava bem. Tentando me acalmar a mim mesma, dizendo que tudo ia correr bem.

A minha sala era logo a primeira no corredor, não sendo muito difícil encontrá-la.

Todas as portas têm janelas, possibilitando que o interior se veja. A sala não era muito grande, mas dava para ver que estava cheia. Também que havia muita gente fora do lugar e a falar demasiado alto.

Bati à porta, devagarinho. Sentido imediatamente alguns pares de olhos em cima de mim.

A professora, uma senhora, alta, magra e elegante, abriu a porta. Olhando para mim com uma cara nada amigável.

"Diga menina. " ela tinha um tom áspero na voz, como se fumasse demais, durante demasiados anos.

"Eu sou a nova aluna. "

"Muito bem, entre . Tenho de lhe encontrar um lugar. " abriu mais a porta, permitindo a minha entrada.

A sala tinha ficado tão silenciosa que era possível ouvir os meus passos ao entrar na sala. Agora, já não eram só alguns olhos, eram todos. Eu não conseguia olhar para nenhum deles, mas ao entrar ouvi duas pessoas a dizerem "mia".