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DEPOIS DA NOITE DE ONTEM.

- Ignácio, oi. Marcamos algo para hoje? - Pergunto, eu realmente não lembrava de marcar nada. - Entra. 

Faço sinal para ele me seguir para dentro da sala e indico a cadeira para ele sentar, enquanto faço a volta na mesa para sentar no meu lugar.

- Jade, descobriu alguma coisa? - Marcela aparece na porta e demora a perceber que eu estava acompanhada.

- Ignácio, olá - e da o sorriso diabólico de sempre - reunião marcada para hoje? Precisam da minha presença?

- Não, não - ele responde casualmente - Vim falar com a Jade.

- Certo, depois eu volto aqui, tudo certo com o celular, Jade?

- Ok - faço que sim com a cabeça e aguardo ela sair para conversar com a minha ilustre visita. - Então... Acho que esqueceram de marcar na minha agenda nosso horário. O que seria para ti? Alguma dúvida sobre o projeto?

- Não tínhamos nada marcado, mas creio que acabamos nos enganando, eu achei que fosse melhor eu te devolver teu telefone e pegar o meu.

- Devolver meu telefone? - Sinto o pavor tomando conta de mim. Meu peito começa a bater mais rápido do que antes e perco as conexões da fala.

- Esse que está carregando aqui é o meu? - Ele se levanta e caminha em direção a tomada que eu havia deixado o celular a minutos atrás carregando.

- Você deixou esse celular aqui no início da semana? - Tento uma teoria que não faz sentido algum, já que eu havia usado meus aplicativos conectados em minha conta a semana inteira. E aquele era o aparelho que eu peguei na manhã de hoje

- Não Jade, hoje de manhã você saiu antes de eu chegar e pegou o celular errado. -Ignácio coloca os dois aparelhos lado a lado - Eles são bem parecidos mesmo.

- Ok. - tento lembrar como respira, por que nao poderia ser simples como toda caminhada da vergonha? - Eu sinceramente não sei o que aconteceu ontem. Ignácio, eu não lembro de nada.

- Eu te falo. - O pânico começa a surgir novamente. Não quero nada disso envolvendo meu local de trabalho.

- Aqui não. É meu local de trabalho, e eu não sou de misturar as coisas.

- Eu posso te contar o pouco que eu sei se tu quiseres. - Ele liga o celular que eu achava que fosse meu - Nate me mandou várias mensagens, ficou preocupado com o meu sumiço. - Ele silencia por um momento, certamente prestando atenção nas mensagens que recebeu desde a última vez que checou o telefone - Hoje de noite eu tenho evento com presença vip para fazer. Quer me acompanhar? Posso te contar as coisas lá e ainda podemos beber alguma coisa.

- Quero que tu me contes, mas prefiro um lugar mais calmo.  Eu escolho um lugar e te mando a localização.

- Tudo bem. Hoje às 18 horas? - Confirmo afirmando com a cabeça. Ele se levanta e caminha em minha direção. Automaticamente estico minha mão em direção a ele como faço com todos os outros cantores que trabalhamos - Só que me falta, Jade. O hematoma que tenho no peito mostra que já passamos dessa fase - ele enlaça a mão em minha cintura e cola a boca em minha bochecha.  O gesto não demora mais que 10 segundos mas me deixa gelada com dentro, enlouquecida de nervosismo.

Ele se afasta e sai em direção a porta.

- Qualquer coisa me liga, tens o meu número.

E sai da sala completamente. Ainda escuto os suspirares das estagiárias quando ele passa enquanto afundo o corpo na minha cadeira querendo que ela me sugue para outra dimensão.

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⏰ Última atualização: Nov 14, 2017 ⏰

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