"O amor quando vem enfeita a alma, cultiva jardins, borboletas bailam por seu estômago e com um simples abraço cola os cacos do coração."
"Paris é uma festa",
Eu nunca me arrisquei, por medo, mas chega uma hora em nossas vidas que precisamos provar algo que nos inspire, nos preencha de alguma forma, algo para se agarrar e criar esperanças, esperanças que um dia venha, de fato, para se apoiar e realizar. Já que a minha vida estava um turbilhão, meus pais se separaram minha mãe, recebeu uma proposta de emprego irrecusável em outra cidade e não pôde me manter por lá e se desfez de mim, me mandou há alguns anos para morar com o meu pai em Belo Horizonte, porém com o tempo acabei me mudando e dividindo um apartamento com a minha melhor amiga, já que meu pai nunca ficava em casa.
Minas, lugar aconchegante, pessoas simpáticas e bonitas, não é cinzento como o Sul, gosto bastante daqui, não me arrependo - como se tivesse escolha: vá ou vire moradora de rua, porque não a quero mais. Ela nunca entendeu que filho não é mercadora, fazer o que, né?
Minhas férias de primavera chegaram e com o apoio da minha melhor amiga Louize, decidi ir à cidade do amor, "PÁRRRI", me arriscar a quem sabe encontrar o meu, fixar um cadeado e eternizar o amor na Pont des Arts, para simbolizar nosso amor. Baboseira, não sei como se pode amar em apenas dois meses. E fui.
Um dia antes de voltar para casa, fui com uns novos amigos a um botequim qualquer de Paris e é aí que começa o maior turbilhão da minha vida. Quando nos apaixonamos tudo em nossas vidas muda, você muda, às vezes para melhor, ou para pior, depende do caminhar desse amor. O amor é bastante mal educado, ele não pede licença para invadir seu coração, ele simplesmente vem floresce ou destrói.
Eu nunca me apaixonei, não sabia me relacionar com as pessoas, sempre fui muito sonhadora, gosto de ficar sozinha, minha própria companhia basta haha. Até a hora que o vi descendo do palco, com seu violão em uma das mãos e a outra mexendo no cabelo, com sorriso lindo no canto da boca. Seus cabelos na altura do queixo, caindo no rosto e pretos. Tive que parar para admirar. Apoiei o queixo na mão e fiquei bem ali, "desce um babador aí, garçom". Continuei sentada no bar, mergulhando naqueles seus olhos negros, profundos, que escondiam noites mal dormidas e me prometiam aventura. Eu não me moveria para ir até ele, mas eu queria. Bem, vamos tentar bancar a sedutora dos filmes daqui mesmo.
E num repente meu olhar encontrou o dele, sorrimos sem dor e tristeza. Seu sorriso, ahh... Nunca esquecerei, quando sorriu em minha direção eu pensei: "Que lindo, vai me destruir por dentro", é talvez eu seja mesmo autodestrutiva, ainda assim não mudei meu caminho enquanto vinha a mim: "Fique a vontade, pode entrar e bagunçar tudo por aqui"... A melhor parte é que ele me olhou de volta, várias vezes durante a noite toda, até que resolveu vir até mim. Felizmente minha tentava de chamar atenção dele, deu certo. Ele vinha, com seus olhos fixos a mim. Chegou, tocando de leve meu rosto e me puxando para perto, bastante ousado, em passos dançantes. Eu juro, já imaginei nossos filhos com seu sorriso e seus olhos, sim, um tanto exagerada, porque não? Cazuza era...
No decorrer da noite riamos, enquanto ele me rodava pra lá e pra cá, depois me grudava pela cintura, e eu apoiava minha cabeça no seu ombro, seu cheiro era bom. Parecia que já nos conhecíamos há tempos. Tínhamos uma sintonia e tanto. Poderia morar nos seus braços... E foi bem ali, ao som de uma banda qualquer -- em que as músicas nem eram tão boas para se tornar trilha sonora de um primeiro amor -- que o cultivei nas bordas do meu coração, nem sei se com você foi amor à primeira vista, talvez eu estivesse me perdendo pra você naquele dia. Não me importei. Precisava mergulhar um pouco, eu era boa nisso. Queria mesmo um abismo desses para me jogar, mas também queria alguém para me segurar quando chegar lá embaixo. Seria você? Eu não faço ideia, eu queria e faria acontecer.
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Depois que te conheci
RomanceEu estava no bar quando me deparei com aqueles seus olhos negros, profundos, escondiam noites mal dormidas e prometiam aventura. Num repente, meu olhar encontrou o dele, sorrimos sem dor e tristeza. Seu sorriso, ahh... Nunca o esquecerei, quando sor...