In nomine Christi, Amen.

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Era fim da tarde, e o crepúsculo começava a aparecer, enquanto o sol desaparecia por trás dos prédios. O dia tinha sido muito quente, e o concreto dos prédios ainda não tivera tempo de esfriar, então Jolun começava a suar um pouco dentro de seu casaco de algodão. Ainda havia um curto caminho a percorrer até seu destino, mas ele não ousaria abrir seu casaco. Deixar a mostra o material que estava carregando debaixo de suas roupas iria atrair olhares indesejados e perguntas inconvenientes.

Entre dois prédios de moradores menores, ele pode ver seu destino. Era uma antiga construção arredondada em ruínas, protegida por um portão de grades. Havia um buraco visível em seu teto, e várias vinhas e musgos adornavam as paredes de tinta descascada, que aparentemente já foram brancas. O portão estava trancado por um cadeado grande e pesado, mas era possível entrar com uma certa dificuldade através de uma passagem aberta por um conjunto de grades que estavam retorcidas. Jolun passou a sacola que estava carregando pelo espaço, e com algum esforço também atravessou as grades, recolheu a sacola e entrou na construção.

Entrando no local, haviam várias cadeiras de madeira longas enfileiras, muitas delas já apodrecidas, mas outras estavam tão fortes como se fossem novas, e exceto pela sujeira estavam totalmente funcionais. Havia muita terra no local, e algumas flores eram vísiveis agora sob a luz da lua que adentrava o local do buraco no teto. Logo ao centro, havia uma pequena construção de pedra coberta de mármore, que se erguia como um semi círculo do canto superior do local. Na parede atrás dela, havia a imagem de uma mulher vestida com panos, ajoelhada por cima de suas coxas e com as mãos espalmadas de uma forma estranha.

Jolun subiu a elevação, sentou-se no chão e começou a remover os materiais que carregava na sua sacola: duas velas, e uma caixa de fósforos. Estes eram praticamente itens de colecionador nos tempos atuais, visto que esse tipo de material de iluminação já havia saído de circulação a muitos séculos, mas com o contato certo na internet ainda era possível achar alguns destes por um preço considerável.

Ainda sentado no chão, limpou com as mãos uma parte do chão, acendeu as velas, deixou pingar um pouco de cera no chão e as posicionou no centro da elevação em posição vertical. Feito isso, desligou seu celular e o removeu da bateria, se posicionou imitando a mulher e ali ficou observando as velas derreterem até que sobrasse apenas a cera derretida. Já faziam 6 meses que repetia esse mesmo ritual ao menos uma vez por semana. Não sabia o que significava, nem porque fazia isso, apenas sabia que isso lhe trazia uma sensação diferente de todas as outras que já sentira. Sentia-se leve, deixava para trás tudo aquilo que pudesse lhe incomodar, e era só isso que importava.

Já passava da meia noite quando a última vela por fim apagou. Terminado isso, ele recolocou a carga em seu aparelho, guardou os fósforos na sacola e se dirigiu de volta para casa.

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⏰ Última atualização: Jun 30, 2017 ⏰

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