Alex

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Há algumas quadras do colégio Adams, em uma casa de dois andares, um jovem se encontra em seus pensamentos mais profundos. Mergulhado em lembranças, flashbacks do fatídico dia em que, pela primeira vez, chorou por uma dor que não tinha remédio, nem previsão de cura. Uma ferida que talvez nunca cicatrizasse, e que a marca ficaria ali, para que lembrasse dos detalhes. Para que não tivesse a opção de esquecer.

- Eu tenho que ir, Alex.

- Mas você não pode! Me prometeu que ficaria comigo nesse momento!

Ele fecha os olhos e vira a cabeça para o outro lado. Mais flashbacks vem em sua memória.

- Precisa esquecer...

- Por que fez isso comigo? Poderia ter me deixado em paz. Eu preferiria nunca ter te conhecido à ter que passar por isso.

- Você foi idiota. Eu não queria... mas em algum momento, eu me deixei levar. Mas nunca é tarde pra reparar um erro.

As lágrimas escorrem livremente pelo rosto do jovem rapaz.

- Talvez um dia me entenda.

- Entender o quê?

- Eu não posso te enganar. Não quero. Vai ser melhor para nós dois. Achei que não iria tão longe... mas... É melhor dar um ponto final.

- O... que...

- Adeus, Alex.

A porta do quarto se abre devagar, então uma senhora de estatura média com cabelos pretos e pequenos olhos entra no quarto.

- Filho? - o rapaz rapidamente seca as lágrimas com a manga da camisa e se põe de pé, colocando um sorriso no rosto enquanto vai de encontro a sua mãe.

- O que foi? - pergunta se sentando na beirada da cama de solteiro na lateral do quarto.

A mulher analisa a expressão do garoto. As olheiras, os olhos vermelhos, os resquícios de lágrimas... Então suspira e se aproxima.

- Está tudo bem? - mesmo sabendo a verdade e a resposta que seu filho daria, continua fazendo a mesma pergunta desde o acontecido.

- Está. - responde simplesmente sem a encarar. Com i olhar focado em um ponto do tapete aos pés da cama.

Sem mais nada a dizer, a mãe sai do quarto, com as lágrimas já embaçando sua visão. Seu filho já não era mais o mesmo. E suas esperanças de que voltasse a ser, aos poucos se esvaem.

Alex se joga de costas na cama e respira fundo. Mesmo que quisesse, não conseguiria esquecer. E ele queria. E como queria. Fecha seus olhos e tenta, mesmo que por poucas horas, um pouco de descanso. Pois mesmo que dormisse a noite, quando acordasse, seria como se tivesse passado noites em claro.
Sua vida já não era mais a mesma. Sua rotina. Tudo. Tudo havia se quebrado, desmoronado, desmontado, destruído. Por uma única pessoa. A pessoa que ele julgava nunca o machucar, foi a que quase o matou.

A Escolha DefinitivaOnde histórias criam vida. Descubra agora