Lendas de Valét

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LUCIANO V. VALENTINE

LENDAS DE VALÉT

"Há muito esquecido,

O casamento explosivo,

Poucos se relembram da noite macabra,

A trágica noite em que a princesa Agatha fora sequestrada,

Ainda assim há males que vêm para o bem,

Pois de seu famoso resgate surgiu o príncipe de Mérem,

E em seu legado devemos nos recordar,

Que em nenhuma outra raça podemos confiar".

A luz dos lustres resplandecia junto dos abajures o local em que estiveram, uma mesa retangular larga abrangera diversas pessoas ao seu redor, entre elas um homem de cabelos grisalhos penteados para trás de tal modo que disfarçara sua volumosa cabeleira; e ao topo dela uma majestosa coroa diamantada com retalhos de belas pedras avermelhadas de rubi; trajava um longo sobretudo azulado que ao seu topo seria completamente felpudo com peles de ursos do gelo, abaixo de seu manto escondera sua robusta armadura platinada.

- Sejam bem-vindos cavalheiros – Disse o tal homem que ostentara sua coroa brilhante – Sei que alguns de vocês vieram de bem longe. Assim sendo, espero que sua estadia em Glassty seja digna da mais alta qualidade, mesmo com os devidos acontecimentos recentes – Terminou, em um singelo sorriso que logo se tornara complacente pelos convidados ao seu redor.

Um dos homens que se acomodara na mesa levantou-se em ímpeto e semicerrou seu olhar de soslaio à suas laterais e então arregalara seus olhos franzindo parte de sua testa afim de fintar o rei, ainda com um sorriso idiota em sua face não tão sóbria aparentemente.

- E vossa majestade pensa que eu me sujeitaria a perder o casamento da princesa Agatha por causa de monstrengos rebeldes? – Agarrara a taça dourada próxima de seu canto da mesa e a levantara acima de sua cabeça – Um brinde à princesa Agatha Evenonn e seu prometido príncipe de Mérem, Sir Gabriel Zandra – Apontara sua taça de modo vacilante à um homem de pouca barba em compensação ao seu longo e desajeitado cabelo castanho ondulado que trajara uma pontuda armadura dourada – E por último, um brinde ao senhor Rei Teigon, o mais justo de todos – Todos ao redor ergueram suas taças e brindaram em urro.

- Só há bêbados aspirantes à filósofos em festas assim – Sussurrou em seu ouvido o homem ao lado de Gabriel, aparentava ser mais jovem e trajara uma armadura mais leve dourada; seus cabelos curtos e raspados à lateral o diferenciava com facilidade do homem perto de si – Como você consegue lidar com isso sempre, não faço a mínima ideia.

- Pode parar de resmungar, afinal você é meu irmão e tem a obrigação de estar alegre em meu casamento – Jogou-o uma piscadela.

- É mesmo? Então por que diabos estou me sentindo como a droga de um escudeiro? – Indagou-o quase elevando sua voz para que os outros ao redor escutassem.

- Apenas finja que se importa – Sussurrou de volta em tom grave – E Marcus, não ouse nos envergonhar aqui, senão te garanto que o pai ficará sabendo! – Amedrontou-o com suas vagarosas palavras.

Um tremendo agito abaixo dali se infestara, Marcus levantou-se de prontidão e caminhou em passos suaves dando as costas à seu irmão que o repreendia. Chegando ao parapeito ornamentado, segurou-o com ambas as mãos e inclinou sua cabeça vendo o que estivera abaixo: Um gigantesco salão com uma larga passarela; entre a passarela fileiras lotavam de pessoas alegres comemorando o que aconteceria abaixo, uma linda mulher atravessara a porta de madeira junto de dois guardas parrudos que a serviam de proteção. A jovem mulher ostentara imensurável beleza, seus cabelos loiros douravam-se ainda mais com as luzes fortes que nele batiam; estariam amarrados em uma larga trança enfeitada com minúsculas pedras ágata; trajava um longo e sedoso vestido dourado fazendo cair o queixo das mais nobres e ricas duquesas presentes.

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