tudo piora quando a insegurança e insuficiência resolvem aparecer. ligadas, elas formam uma dupla poderosa que destrói todo seu interior e consequentemente afeta o lado de fora. sinto-me nada. atraio problemas e não consigo resolve-los. destruo quem amo, sem querer. eternamente armada, a bomba ambulante.
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- como você está se sentindo hoje?
- queria que você tivesse um divã
- se eu tivesse um divã, você falaria dos seus pensamentos, X?
- impotente
- como?
o profissional levantou para que sentasse melhor na sua cadeira macia, marrom, grande e possivelmente cara.
- estrago meu relacionamento desde quando ele ainda nem sequer existia. - o jaleco abriu a boca, mas o som não saiu, fora cortado: - nasci pro caos, nunca consigo conserta-lo, sou incapaz, apenas estrago. não consigo fazer nada, sou uma pedra. você é fruto da minha imaginação, então sabe disso.
- entendo._________________________
começa quando você se sente menor. continua aprofundando e diminuindo. num momento, você acredita que seja infinito, que é tão ínfima, tão pequena. por hora sinto-me nada, por outra sinto-me caos. pois como ser caos se sou nada? concluo que o que já não faço, pioro.
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sentou no chão, recostou no sofá, olhou para Z na cozinha - que dava para ver daquele ponto específico da sala. recolheu os dedos dos pés.
- o que está fazendo?
- te olhando, pensando. o que você está fazendo?
- preparando algo pra comer, estou com fome - tentou soar calmo, falhou.
- está mal?
- disse para não se preocupar
- me diz, quero ajudar
- não é nada demais
- sou eu
na hora, o silêncio.