O resgate

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Depois de perseguir um homem da máfia por dois dias, tudo que eu preciso é encontra-la. Preciso ter a certeza de que está segura. Entro quase que correndo pelas portas do hospital. A mesma mulher de quando a trouxe em meus braços está na recepção. Ela me olha sorrindo.

- Onde ela está? - A pergunto. Com certeza ela sabe de quem se trata.

- Segundo andar, quarto 202. 

- Obrigado. - Dou um aceno de cabeça em agradecimento. Entro no elevador e aperto o botão para ir de encontro a ela.

Não consegui dormir esses dias, não só pela caçada frustrada, mas pela imagem dela na minha mente. Nunca vi uma vítima naquele estado nos meus cinco anos de FBI. A encontrei num galpão suja de sangue e desacordada. Seu rosto desconfigurado pelo inchaço e arranhões, seu cabelo grudado pelo liquido vermelho provavelmente de suas próprias veias. Só Deus sabe o que ela passou. Tudo o que eu conseguia pensar é que ela precisava ser salva. Esquecendo até dois homens mortos a quinze metros dela. Tudo indica que presenciou o duplo assassinato. Não esperei o socorro, a trouxe no meu carro e a coloquei nos meus braços pra que entrasse de imediato nesse hospital. 

Chegando ao quarto indicado vejo um policial do lado da porta em vigilância. Levanto minha identificação e ele autoriza minha entrada. Fico totalmente paralisado. Seu rosto está menos inchado e suas feições são encantadoras, delicadas e completamente lindas. Seu cabelo é ruivo quase laranja. Ainda não vi os seus olhos, mas nem haveria necessidade disso pra dizer com toda convicção que ela é a criatura mais doce que já tive o prazer de olhar. E eu fico assim paralisado, apenas admirando. 


- Agente Miles? - Olho para trás e vejo o médico que a atendeu com uma prancheta na mão. 

- Olá Dr. Bagwell. Como foram os exames?

- Nunca vi tanta brutalidade com um ser humano nos meus dez anos de carreira. 

- Por favor, apenas me dê os resultados. - Peço por que não quero ouvir mais detalhes do que meus olhos me deram. 

- Bom, a Srta. Codwell , sofreu traumatismo craniano, fratura leve, a lesão não foi tão grave, acredito que não ficará com sequelas. Alguns cortes superficiais nos braços e as suas pernas estão muito machucadas, principalmente na parte interna das coxas. Fizemos o corpo de delito, mas graças a Deus não consta agressão sexual. - Finalmente consigo respirar. Ponho as duas mãos na cabeça aliviado. Ela não precisaria de mais isso. - Acredito que não por falta de tentativa. Essa garota lutou muito Sr. Miles.

- Muito obrigado Dr. Bagwell. - Me despeço do médico. Imediatamente ligo para o outro agente interno responsável pelo caso. 

- Alvarez. - Ele atende rapidamente.

- A família de Amanda Codwell foi localizada? - O pergunto.

- Eu localizaria, caso ela tivesse.

- Você está me dizendo que essa menina não tem ninguém?

- Ela agora tem; o governo dos Estados Unidos da America. Amanda Codwell viu o rosto de Vicenzo Benacci o mafioso italiano mais perigoso do país. A única testemunha viva. Acaba de entrar para o Serviço de proteção a testemunha. 

- A questão é: Benacci sabe que Amanda está viva? - O pergunto. 

- Se ninguém foi até aí tentar mata-la, ele provavelmente ainda não sabe. - Volto meu olhar para as portas do quarto de hospital quando ouço um barulho vindo do corredor.  Termino a ligação e guardo o celular em seguida ponho a mão na minha arma deixada na cintura escondida pelo terno e tiro uma do coldre no meu peito do lado direito. Nada nem ninguém a machucará. De costas pra cama dela eu aponto as armas para os dois lados do corredor. Vejo um homem vindo distraído, até perceber minha arma e se assustar. Guardo as imediatamente.

PROTEÇÃO À TESTEMUNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora