Prólogo

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O céu estava mais escuro agora. Não haviam estrelas no céu, talvez chovesse.

Depois de fechar o notebook e deixá-lo sobre a mesa de centro, ela andou até a sala de TV, ligando em um canal de reportagens.

A televisão apenas chiava, com vários tons de cinza na tela. Ela mexeu no controle, mas nada aconteceu. Saiu dali e procurou por algum empregado.

"Paul, está aí?" Ela perguntou e começou a subir as escadas.

Muito silêncio. Muito estranho.

"Paul!" Ela gritou novamente quando chegou ao corredor do primeiro andar. De um lado, a enorme parade branca, separando todos os quartos. Do outro, a grande parede de vidro, do chão ao teto. "'Ryan? Mel?" E de repente às luzes apagaram, o seu corpo tremeu.

E ela teve a certeza de que ele estava ali.

"Por quanto tempo achou que ele não daria um descuido?" Uma voz robótica soou pelo corredor. "Talvez você vivesse mais um pouco se tivesse aceitado ir." Então, a voz se multiplicou, tornando-se mais assustadora.

Estava escuro, não dava para correr; não dava para gritar; sequer dava para respirar.

Ela não enxergava nada.

As luzes voltaram aos poucos, vindo do final de onde ela olhava, até chegar nela. Ela pôs as mãos na boca, vendo o corpo dos empregados no chão. Ryan e Paul. Ela andou até eles, mas não teve coragem de tocar ou se abaixar. Eles estavam estraçalhados, os olhos abertos e o vômito de sangue.

Ela sentiu algumas gotas caírem sobre si. Olhou para cima e não teve tempo de correr, o corpo da empregada caiu sobre ela, totalmente ensanguentado.

"Kay?" A voz doce e suave a tiraram do choque.

Ele foi até ela, que havia caído com o peso do outro corpo, a levantou, pegando o rosto dela entre as mãos.

"Ele está aqui... Está aqui!" Disse chorando e o homem apenas lhe puxou para um abraço.

"Nada vai te machucar, amor." Prometeu e ela levantou o rosto, deixando a luz dos olhos dele lhe acalmar.

Ela viu a tatuagem um pouco escondida na gola da camisa dele. Era o símbolo que ele deixava nas vítimas.

Não podia ser. Não podia ser ele.

Ela o abraçou mais, olhando por cima do ombro dele para a empregada que estava deitada de costas. As iniciais estavam nas bochechas do corpo já sem vida.

"Por que fez isso?" Ela perguntou com a voz embargada pelo choro.

"Minha menina é tão inteligente." Disse orgulhoso, passando a mão pelos cabelos dela. Ele sabia que agora, ela sabia quem era.

A mulher tentou se afastar, o empurrando.

"Por que não me matou logo?" Ela disse enquanto as lágrimas desciam.

"Qual seria a graça?" Perguntou como uma criança curiosa. "Não tenha medo." Disse debochado. "Venha aqui e me dê um beijo, neném." Disse tentando abracá-la, levando um tapa no rosto.

"Prestes a morrer e continua com o gênio do capeta." Disse negando com o rosto e estalando a língua. "Vamos brincar um pouco, sim?"

Fucked Love.

Votem, comentem ou façam qualquer coisa para que eu saiba se continuo ou não.

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