Musica : http://www.youtube.com/watch?v=tNx1y8AXZxw
- Não vais com Katrine ou com Jason? – o meu enumerou os meus amigos.
Eu olhei-o enquanto levava o garfo com arroz em cima à minha boca.
-Estou a morrer, para quê aproximar-me deles e aumentar o seu sofrimento quando eu for?
-Amanda! – a minha mãe quase berrou e a sua voz ecoou pela sala de jantar.
-Mãe – eu olhei-a – é verdade.
-O teu cancro está estável. Não vai atacar de novo. – o meu pai falou tentando por um pouco de esperança em mim.
-Onde está Dave agora? Eram o que todos diziam e depois ele… ele… vocês sabem. - Eu olhei de novo para o meu prato.
-Amanda já pensamos em colocar-te na escola de novo.Apenas queremos que sejas uma adolescente que saia e se diver-
-Mãe, pára. Eu não sou normal. Queres que saia para noite e que me embebede e fume maconha? Já basta o cancro a matar-me, obrigada. – o meu rosto mostrou-lhe um sorriso irónico. – Posso ir para o meu quarto? – lembrei que estava no penúltimo capitulo de “Orgulho e Preconceito” de Jane Austen.
Eu tentei ouvir o que os meus pais murmuravam lá me baixo mas depois de vários nomeei-me por derrotada e desisti. Que puta de vida. Eu já podia ver e estar naquele quarto com tons verdes e azuis. “Milagre: Saí. Tomei os compridos. P.S : hoje não toco em vodka, mãe. –A” eu escrevi num papel que poisei na minha cama. Saltei para o jardim. Hmm não estava de todo mal treinada a sair pela janela do meu quarto.
Eu virei para o caminho oposto quando reparei que estava perto da casa de Dave. Tudo o que menos queria era ver os seus pais e chorar a sua morte. Ninguém sabe como eu o amava. “Amanda Clark!” ele dizia cada vez que atendia o seu telemóvel. Eu sei que fui cobarde em não ir ao seu funeral. Mas sei também que a minha relação com ele era apenas entre nós e não queria aturar montes de pessoas a chorarem no meu ombro e a dizerem que tinha muita pena por um rapaz tão inteligente ter sido vencido por um mero cancro. Por vezes apetecia-me morrer. Já estava cansada de batalhar o cancro desde os meus 14 anos.
YorkShire, a minha puta e maravilhosa cidade era uma merda à noite. Os candieiros estavam com uma luz branca e fraca então eu não conseguia ver um corno. Eu pensei voltar para casa, mas não me apetecia de todo ir para o meu quarto e pensar Dave, ler livros ou relembrar a conversa habitual dos meus pais que diziam que devia ser uma adolescente normal e aproveitar a vida ao máximo já que o meu cancro estava estabilizado e a minha sobrevivência se resumia a um monte de comprimidos “milagrosos”. Então continuei a mover as minha pernas magras e pálidas.
#AmandaOff
*
#ZaynOn
-Jason, o meu dinheiro? – eu avisei o miúdo de cabelos louros que preparava para meter um cigarro à boca.
-Até o final desta semana. – ele respondeu-me baixo para que todos os outros não ouvissem a nossa conversa.
Acenei-lhe. A noite estava realmente escura e eu perguntava-me o que estava ali a fazer com demasiadas pessoas com olhos vermelhos e com algum canábis no organismo. Eu devia estar a dormir depois da ressaca e da sova que apanhei das botas pesadas. Nirvana tocava aos altos berros num dos carros estacionados perto do Lago onde nos encontrávamos.
Eu vi uma rapariga com os cabelos totalmente numa confusão e com as suas pernas, apesar de magras, atraentes e brancas ao alcance dos meus olhos. Eu via a rodar os seus calcanhares assim que ouviu o barulho e viu as nossas faces.
-Amanda? – Jason berrou para ela e nesse momento ela vira-se para ele.
-Boa noite. – ela falou com a sua voz fina e educada.
Jason aproximou-se dela e conversaram algo que não pode ouvir. Eu continuava vidrado nela. Os nossos olhares encontraram-se num instante mas ela apenas me deu um revirar dos olhos e uma careta de desprezo.
Amanda. Levei o meu cigarro à boca e expirei o fumo. Eu decorei o seu nome na minha mente.
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Ponho o proximo capitulo com 10 like