Boneca

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  Apos meu encontro com Rosa fui até onde estava a  senhorita resgatada,  aquela historia não tinha acabado, e ela não teria força para  enfrentar qual quer coisa,  eu tinha que a protege-la e saberia lidar com qual quer coisa que a perseguisse.

  O terreiro onde Zeca gostava de ficar, trabalhara desde a sua ultima incarnação , fora médium lá e agora não largara o lugar mesmo depois de sua morte. Era um lugar simples com pessoas boas,  uma pessoa que guio já trabalhou como passista ali, mas decidiu abrir seu próprio terreiro por isso conheci  o lugar e por ele conheci Zeca. 

  O lugar era simples, paredes brancas  um conga com imagens já desgastadas com o tempo, os mortais mais jovem agora estavam jogando capoeira,  não era dia de gira , mas ali era um lugar q nunca ficava  vazio, e ali estava  madame , nem um humano a via, a não ser um único médium que dava aulas de capoeira ali , Zeca cuidava dela  , ele era sempre se transmutava naquela forma, um senhor de idade negro que usava roupas de senzala  de cabelos e barba branca, vi que ela já estava bem melhor que antes,  não estava assustada como antes  Zeca conversava algo que não consegui ouvir, fui ao encontro deles, e de longe Zeca me vira e dissera.

—  Oia vosmecê, não se vai tão cedo —Disse ele rindo com sua risada carinhosa de sempre .

— Não me diga , estavam a falar  sobre mim...  —  Disse com meu sorriso de canto de boca.

—  Pois é...   — Sorriu, olhou para a madame que só observava   —   ei a sinhá não quer ver ler ali os menino dando umas pernada?

 Ela foi sem questionar, o velho ficou com uma cara mais preocupada e disse enquanto via ela do lado  dos capoerista.

 —  A Dona Rosa me falou o que aconteceu... Acha que alguma kiumba ainda vai atacar ela ?

  — Isso ainda não acabou...  Os bestiais estavam procurando por ela, não é qual quer um que faz isso. 

  —   O sinho não muda né?   —  Disse ele com um sorriso carinhoso no rosto— Sempre protegendo uma sinhazinha, ou correndo atras de rabo de saia — E riu baixo , com o mesmo jeito carinhoso, como um avô que tem muitos netos.

 —   É... Cada um tem a cruz que merece...

 — A Sinha é bem forte, parece muito com Dona Rosa Caveira, vai dar uma pomba-gira pra lá de boa.

  —  Jura  ? —  jamais pensaria aquilo.

 —  Sim sinho...—  Fez uma pausa  e a chamou—  Sinházinha quer dar uma volta  com Seu Caveira?

 —  Para onde?— Disse a moça .

 — Vamos dar uma caminha madame —   Disse fazendo um gesto indicando a porta.

 A levei em uma praça da cidade  como a noite caia chuvosa , as pessoas voltavam para suas casas e a escuridão começava a tomar conta daquela pequena praça.

— A Senhorita já esta bem melhor pelo que vejo... — Disse com uma tentativa horrível de começar um assunto.

— Seu Zeca me curou, não sabia que era possível estar ferida  apos a morte... — Disse ela com um tom mais sarcástico.

—  Sim... — Parece que fazia muito tempo que não conversava com uma jovem — A senhorita sabia quem eu era aquela noite não é?

—  Sim meu pai é da Umbanda desde que a minha mãe se foi  ... Ei eu vou ver minha mãe? —Disse animada, quanto sentávamos em um  banco, admirando a chuva cair.

  Era uma pergunta difícil, algumas almas sempre se cruzavam , no caso meu e da Rosa, mas na maioria das vezes  era só uma lição que aquela pessoa deveria ensinar, não queria responder a pergunta dela, não queria a magoar.

Ossos e EncruzilhadasOnde histórias criam vida. Descubra agora