Capítulo 3

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5 anos e um dia atrás, no dia do terceiro encontro...

Derrubo mais 3 livros no chão, tem sido assim o dia todo. O dia todo no mundo da lua, ou melhor, no mundo de Kile Fernandes. Esse cretino não saiu da minha cabeça a noite passada e o dia de hoje inteiro, perdi a conta de quantas vezes minhas amigas tiveram que me acordar pra vida hoje na aula e agora na biblioteca já é a terceira vez que derrubo os livros que deveria estar enfileirando, no chão e tenho que descer as escadas torcendo para que não tenham sido danificados.
Mas é que a imagem desse cretino cantando enquanto tocava sua bateria não saia da minha cabeça, sobe um arrepio, aquela voz rouca e doce, seus braços fortes e habilidosos que tocavam a bateria com destreza e plena atenção em seus movimentos e ainda assim mantinha seu olhar intenso em mim, deixando escapar um sorriso sacana, que só ele sabe dar, entre um verso e outro e uma batucada e outra.
Percebo que me distrai pensando no cretino de novo quando mais um livro cai no chão.
Bufo e desço as escadas pra buscar, ainda bem que a biblioteca está vazia, odiaria atrapalhar os leitores por conta de meus pensamentos nesse cretino.
Quando volto ao auto das escadas meu celular toca.
Número Desconhecido.

Minha curiosidade fala mais alto e eu atendo automaticamente.

- Então quer dizer que seu nome é Alicia Galvão.

Meu nome pronunciado por esse cretino fica tão mais bonito, eu sei exatamente que é ele, conheceria esse timbre em qualquer lugar mas a pergunta sai sem que eu perceba.

- Quem tá falando?

- Eu achei que tinha sido uma pessoa mais marcante em sua vida.

Bufo e reviro os olhos automaticamente imaginando Kile dando o seu lindo sorriso convencido.

- Ah! Agora eu seu quem é...

- É eu sei que eu não sou fácil assim de se esquecer.

Não consigo evitar de revirar os olhos novamente e uma risadinha do outro lado acusa que o mesmo sabe de meu ato.

- A propósito eu estou tendo uma ótima visão da sua bunda com você nessa escada arrumando a prateleira.

Um arrepio percorre todo meu corpo ao ouvir sua voz rouca ao meu ouvido, mesmo que por telefone.

- Me lembra de vir aqui mais vezes.

- Você está na biblioteca? Como descobriu onde eu trabalho??

- Eu sou um bom stalker. Estou te esperando aqui fora marrentinha.

Ele desliga e eu pego o celular olhando pro mesmo indignada.
Além de descobrir meu número sei lá como, vir ao meu trabalho, ele ainda desliga na minha cara. Cretino. Isso que você é !
Como ele conseguiu essas informações??

Bufo de frustração pela falta de respostas às minhas perguntas, ou melhor, as respostas às minhas perguntas estão ali fora, mas é um perigo pra minha sanidade e para meus pensamentos e sonhos.

Pelo visto quando ele disse que eu seria dele ele não estava brincando. E eu não sei mais quanto tempo eu vou aguentar.
Me dirijo para a porta da biblioteca, sou muito curiosa pra deixa-lo plantado lá esperando, e acho que se eu fizesse isso ia ser pior pra mim.
Saio da biblioteca e não o encontro.

- Ele só pode estar de sacanagem...

- Sacanagem comigo é só na cama, já te disse isso.- ele diz bem perto do meu ouvido atrás de mim.

Pulo surpresa com o susto e todos os meus sentidos já ficam em alerta depois de ouvir essa  voz.

- Credo, que susto! De onde você saiu assombração.- digo colocando a mão no peito.

- Dos seus pensamentos e sonhos mais eróticos. - ele diz me analisando de cima a baixo e morde o lábio.

- Me poupe Kile.

- Vai dizer que não sonhou comigo e nem pensou em mim depois do show de ontem, depois de tudo que eu disse que poderia fazer com você. Duvido.- ele diz sorrindo convencido. Vai se aproximando de mim e eu o impeço colocando a mão em seu peito.

Meu Deus do céu, tira esse sorriso da cara desse garoto antes que eu o agarre aqui mesmo, no meio da calçada.

- Não, não sonhei.- digo mantendo a compostura.- e eu tenho que voltar ao meu trabalho me dá licença.

Eu me viro pra entrar na biblioteca e em um movimento rápido ele segura meu braço me puxa contra seu corpo e logo já estou encostada na parede com seu rosto a centímetros do meu.

- Você não vai embora tão rápido, marrentinha. Não sem antes me dar um beijo de despedida.

Ele está muito perto de mim, sinto sua respiração em meu rosto e de perto ele parece muito mais bonito. Meus olhos percorrem todo o seu rosto guardando cada detalhe. Seu maxilar marcado, seus lábios levemente rosados, seus olhos amendoados e seu sorriso, como sempre convencido.

- Eu não quero te beijar.- trato de dizer logo.

- Sua boca pode dizer que não, mas todo o resto do seu corpo diz o contrário. Seus olhos estão cheios de desejo, marrentinha. Você quer isso tanto eu, sua respiração acelerada também te entrega totalmente.

Sem esperar que eu proteste mais nenhuma vez Kile me beija, passa a língua em meu lábio pedindo passagem e eu cedo. Não é um beijo doce e muito menos carinhoso. É um beijo forte e cheio de desejo.

Como todos os beijos que recebi de Kile.

Não consigo evitar de morder seu lábio levemente quando ele aperta minha cintura e assim nós nos separamos.
Os dois com a respiração totalmente acelerada e o desgraçado ainda me puxa mais pra ele beijando meu pescoço.

- Eu disse que você ia ser minha, é só questão de tempo. - ele sussurra contra meu pescoço.

Eu não digo nada, eu sei que é verdade, mas eu me recuso a admitir.

Ele me solta e eu tento normalizar minha respiração, mas é quase impossível com ele tão perto assim.
Ele tem um sorriso vitorioso no rosto e eu não consigo deixar de sorrir olhando pro sorriso dele e ele solta uma risadinha. Muito fofa por sinal.

- Eu passo na sua casa as 20h.- ele diz e vai andando sem me dar chance de dizer não.

- Como você sabe onde eu moro?- grito pro mesmo que já se encontra um pouco longe de mim.

- Eu já disse que sou um bom stalker, marrentinha. - ele grita de volta.

- Cretino.- digo alto e mesmo de costas eu sei que ele riu.

E dessa vez, eu também estava sorrindo, mesmo sabendo que estava ferrada.

Bad meets GoodOnde histórias criam vida. Descubra agora