A primeira semana de setembro
A bolha de gel verde escorria como alguma coisa saída do fundo de um pântano deteriorado. Espalhou e acomodou-se na vasilha, estremecendo, como à procura de um modo de escapar ou meio de dominar a situação.
Deena Martinson mergulhou a mão na pia de porcelana e apertou devagar a massa gelatinosa.
-Que nojo!-disse ela Deena.- tem certeza de que pôr esta coisa no seu cabelo?
-Vá em frente - respondeu Jade Smith, que estava sentada numa banqueta de madeira, na frente do espelho do banheiro, com uma toalha sobre os ombros; as mechas do cabelo ruivo ainda molhadas, chegando até o meio das costas.
-Sei que sua mãe é cabeleireira profissional -disse Deena- Mas isto parece com a coisa que devorou Cincinnati, e nem vou dizer a sensação que da nos meus dedos.
-Vá em frente - insistiu Jade.-Minha mãe usa sempre no cabelo e fica uma beleza brilhante e cheio.
-Só se for cheio de porcaria - brincou Deena. Começou a aplicar o gel no cabelo da amiga. Logo o cabelo longo estava todo coberto com aquela coisa pegajosa, com um leve cheiro de geléia.
-E agora? - perguntou Deena quando acabou de aplicar.
-Agora vamos esperar secar - disse Jade.- então o cabelo vai ficar sensacional. Tem certeza que não quer experimentar? Podemos fazer seu cabelo em espigões.Deena levou a mão ao seu cabelo fino como de criança.
Era cortado relativamente curto, alourado e liso. Tudo que ela podia fazer era usa-lo em camadas e esperar o melhor. Sua mãe dizia que seu cabelo fazia parecer um anjo. Deena não tinha muita certeza se gostava da idéia, mas em espigões não iria parecer melhor.
-Não obrigada - recusou ela -ja tenho muitos problemas sem tentar a fórmula secreta x-zero-nove, ou seja lá o que for.
-Pode ser sua grande chance - disse Jade, mas não insistiu. Não parecia muito interessada. Na verdade, parecia entediada, tanto quanto Deena.
-Que modo de passar uma noite de sábado - disse Deena, com um suspiro.
-É sso aí, detesto admitir - concordou Jade -, mas na verdade, ficarei feliz na segunda -feira quandl começarem as aulas. Vai ser ótimo ver o pessoal, recomeçar a dançar e ir aos jogos.
-É... Acho que tem razão - disse Deena.
-Ei senhorita entusiasmo.
-Acontece que eu não sei muito bem o que esperar - disse Deena.-As coisas vão ser diferentes.
-Como assim? -disse Jade
-Acabo de saber que meu irmão Chuck vem morar aqui.
-Seu irmão? Você não tem irmão - estranhou Jade.
-Na verdade, meu meio-irmão. Filho do primeiro casamento do meu pai. Eu só estive com ele poucas vezes. Vem fazer o último ano em Shadyside.
-É mesmo? -Jade era toda ouvidos agora, mas, normalmente, ela prestava muita atenção quando o assunto era garotos.
-Calma, garota - aconselhou Deena. - Chuck não passar de um grande problema. Na verdade, por isso vem para cá. Devia ter se formado no Central City no ano passado, mas foi expulso. A mãe dele e meu pai resolveram que ele pode se sair melhor numa cidade pequena como Shadyside.
-Expulso? - perguntou Jade.-Por quê?
-Não tenho certeza. Teve alguma coisa a ver com uns garotos com quem ele andava. Na verdade, ele foi preso uma vez. Só arruma encrenca desde pequeno.
-Ele parece interessante - disse Jade, com um sorriso malicioso.
-Para você, até Freddy Krueger, de sexta feira treze deve parecer interessante - alfinetou Deena, indo para seu quarto.
-O caso é que os garotos de Shadyside são todos tão previsíveis - retrucou jade, indo atrás dela. -Estou dizendo previsíveis, que só soletra como C-H-A-T-O-S.
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Número Errado
FanfictionPara Jade Deena aqueles trotes começaram como uma forma de passar o tempo, de animar o novo semestre. Apenas isso. Entre uma aula e outra... Não poderia ser tão grave assim. Era excitante. E divertido também. Sentir o gosto do perigo de perto nunca...