Capítulo único: Pensamentos...

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Sempre achei estranho pensar no futuro, pois como adolescente que sou com quinze anos o máximo que me preocupava era "Estou gostando de Heraldo. Será que tenho chance?" Realmente, confesso que todo ano é uma paixonite diferente, para minha sorte, todas eram platônicas, pois era tão experiente nessa área sentimental quanto na física quântica ou na biologia molecular. Enfim, além de me chatear com o milésimo "crush" não correspondido, também ficava morrendo de medo de ir para a temida recuperação.

Eis que um dia qualquer um professor de filosofia fez uma pergunta que poderia soar corriqueira, mas que passou a martelar em minha cabeça:
"Quais propósitos tenho para minha vida?"
"Como é? Além da dúvida se assumirei minha milésima paixonite não correspondida e meu medo de levar bomba tenho que pensar em mais algo? Aí é difícil... "
"Vocês têm uma semana", sentenciou.

Escrevi palavras bonitas, aquelas que as pessoas adultas geralmente gostam de ouvir e nós adolescentes normalmente achamos chatas, mesmo sabendo necessárias.
"Ajudar na descoberta da cura do câncer."
Audácia, não? E se contar que odeio ir em hospital e nunca sonhei, nem no pesadelo mais bem dormido ou mal acordado, em trabalhar na área de saúde?
Enfim... Acabado o pesadelo, anos depois decidi fazer faculdade sim, mas na área da Psicologia. O que será que pretendo fazer? Ajudar os outros ? Me entender? N.R.A.? Até hoje busco e continuarei buscando. Pois como diz Clarice Lispector, "enquanto houver perguntas sem respostas, continuarei a escrever..."
Fiz a faculdade, sempre fui estudiosa mas ainda pensava... Qual meu propósito de vida?
Tive finalmente um relacionamento sério, gostei muito dele e (pasmem) fui correspondida... Acho que a "patinha feia" estava virando uma cisne. Mas a imaturidade era quase a mesma...
Quase me casei com ele, mas descobri uma traição e depois descobri que na verdade, apesar de tanto estudar os comportamentos humanos, seja lendo Gestalt, Behaviorismo, Freud ou Macabeas (A hora da estrela) e Bentinhos (Dom Casmurro) ainda pouco me lia. Conhecia o mundo fora (claro que de forma turva, nebulosa, fragmentada e muitíssimo parcamente), mas a inexorável entranha do ser, como dizia Drummond, ainda estava na superfície...

Foi a partir daí que passei a me procurar. Quem eu sou? O que vim fazer? Para onde vou?
E passei a buscar de forma mais fecunda e perguntando a pessoas certas, a principal foi a um autor que nem todos conhecem. Ele inspirou pessoas a escreverem o livro mais lido, vendido, mas também um dos mais incompreendidos e tão pouco seguido... Passei a bater um papo com o Criador e pedir umas dicas a Ele. Estar com outras pessoas com esse objetivo passou a ser muitíssimo interessante também... Apesar de ter recebido mais de quarenta ligações (sem hipérbole), estava determinada, terminei com meu namorado e passarei a me relacionar com alguém que me ama, nunca irá me trair, mesmo quando infelizmente, eu agir com infidelidade para com Ele.

Quando se é muito jovem diversas dúvidas surgem. Fiquei com uma vontade louca de abandonar tudo, faculdade, família, casa e ir para onde o Senhor me mandasse levar o amor dEle, mas esse seria o propósito dEle ou fruto de uma paixão avassaladora que aos poucos iria tornar o "primeiro amor"?
Milhares de jovens se perguntam: Com quem devo casar? Que curso devo fazer? Qual o propósito de Deus para mim?
São perguntas fundamentais e nada simples ou de uma resposta imediata. Em meio a tamanhas inquietações um vaso falou assim "Ore a Deus, ouça a vontade e Palavra dEle que te trará convicção para superar as adversidades."

E assim que percebi que para cumprir os propósitos de Deus o foco precisaria sair da primeira pessoa do singular para a terceira pessoa do singular....
Se não for assim será meu propósito não o propósito de Deus...

Conto construído com 631 palavras.

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⏰ Última atualização: Jul 06, 2017 ⏰

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