Capítulo 1

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-Emma


"Você não vai escapar de mim, dessa vez docinho. Hoje vou fazer com você tudo aquilo que eu queria a muito tempo" ....

Essa Voz...

A voz que me persegue sempre, cada vez que eu durmo e tento o máximo relaxar. Desde o ataque que sofri quando era adolescente.

Na minha época de escola, fui uma ótima aluna notas excepcionais, minha frequência era lá encima e sempre participava de todas as atividades extracurriculares da escola. Todos me conheciam.

Numa certa tarde, fiquei até depois da aula na biblioteca, aplicava monitoria para alguns alunos que precisavam de ajuda. Fui uma das últimas pessoas a saírem dali naquele dia.

Chegando ao lado fora, o tempo tinha mudado, estava chovendo e fazia frio. Minha mãe não ia me buscar aquele dia, meu pai então nem se fala. Não pensei muito apenas segui o caminho para fora da escola e fui direto para casa. Havia dois caminhos, o mais longo que seguia pela enorme avenida e vários quarteirões ou o caminho que seguia pelo parque que era o mais rápido. Eu adorava ir pelo parque o ar livre, poder apreciar a natureza, as árvores e os pássaros. Fiquei pensando e acabei optando pelo parque, queria chegar em casa logo e fugir do tempo horrível que estava se formando.

Estava um tanto silencioso, havia somente o barulho das gotículas de chuva caindo contra as folhas das árvores e contra as poças d'água no chão frio. Andei o mais rápido que pude agarrada com minha mochila e segurando meu guarda-chuva. Completamente distraída e com bastante pressa para chegar em casa, quando de repente apareceu um cara na minha frente, eu congelei no mesmo lugar e o encarei. A aparência dele não era agradável, estava todo molhado, sujo e bêbado. Um vento forte e frio bateu contra meu corpo, me fazendo arrepiar e o cheiro de bebida chegar ao meu nariz me causando uma baita ânsia de vômito.

Uma sensação estranha me atingiu.

- Que susto. - coloco a mão no peito. - Com licença senhor- tentei ao máximo não transmitir o que estava sentindo

Ele me encarou e começou a me avaliar de cima a baixo, aquilo me incomodou. O medo passou a tomar conta de mim a partir do momento que ele sorriu.

ELE SORRIU!

- É perigoso demais uma garota que nem você, a essa hora sozinha pelo parque não acha, docinho?!- dava para sentir o sarcasmo na sua voz, rouca e atravessada.

Meu cérebro começou a transmitir para mim um sinal de alerta. Passei a olhar para os lados tentando procurar um lugar para correr e fugir ou um lugar para que eu possa me esconder, porque gritar por socorro não vai adiantar, não há ninguém por perto. Meus pais desde pequena me ensinaram a não falar com estranhos. Bendita hora que fui escolher vir pelo parque.

- Sei muito bem o que está tentando fazer. - ele disse, chegando cada vez mais perto.

Quando dei por mim ele estava bem colocado na minha frente. Não tive nenhuma chance para correr, o medo me consumiu por completo! Lágrimas já jorravam dos meus olhos eu tremia, mas não era mais de frio. Apertava o guarda-chuva em minhas mãos até sentir meus dedos doerem de contato com o cabo de ferro. Já se passava na minha cabeça o que iria acontecer. Eu seria violentada no caminho de casa, no meio do parque.

- Quanto mais você colaborar comigo docinho, mais rápido acabamos aqui. - ele disse, tocando minha bochecha e tirando o guarda-chuva das minhas mãos.

- Por... Por favor, moço me deixe ir. Não conto para ninguém. Por favor! – eu me encontrava em pânico.

NINGUÉM.

Nenhuma pessoa passou por ali, estava na esperança de alguém chegar, poderia ser qualquer pessoa. Mas nada, ninguém apareceu!

E foi quando ele agarrou nos meus cabelos, me puxou mais perto de seu rosto. E sussurrou bem perto de mim.

- Hoje você vai ser minha, sua cadela suja. Ando te reparando há um tempo já, toda sorridente e falante. Vamos vê o quanto você é falante agora! - ele disse bem perto do meu ouvido num sussurro rouco.

Eu já chorava de soluçar alto, não sabia há quanto tempo estava ali. Só pensava na dor que sentia por ele estar puxando meus cabelos, nos meus pais e amigos. Nesses momentos nossa vida passa como num filme.

- Eu... Por favor, não faz nada comigo. Me deixa ir- eu falava entre os soluços. - Me deixe ir pra minha casa. - desabei.

E quando ele já estava prestes a rasgar minhas roupas, escuto uma voz. Alguém apareceu para me socorrer. Alívio me acerta como um raio volto a respirar novamente, abro meus olhos e vejo por trás do aliciador. Um policial.

Oh Meu Deus!

O cara me largou na hora, me emburrou com tudo e como estava abalada fui parar direto no chão, de joelhos. Droga! Senti uma dor me atingir em cheio no joelho e nas palmas das minhas mãos.

Depois disso tudo passou numa velocidade impressionante, de repente uma viatura, outros policiais aparecem renderam o cara, eu fui atendida por eles, ligaram para os meus pais, depois meus pais chegando desesperados, o parque ficando movimentado, meus pais comigo prestando depoimento, o cara já sendo levado preso. E eu no fundo da ambulância sendo atendida. E todos da cidade sabendo do que aconteceu.

TRIM. TRIM. TRIM. TRIM. TRIM

Acordo assustada, suada e com o coração acelerado. Mais uma vez esse pesadelo com ele, com aquele dia, com aquela lembrança, a mesma voz rouca e atravessada. Consigo até sentir o mesmo cheiro ruim daquela noite.

Ficou impregnado no meu nariz!

Isso bate com tudo no meu estômago e corro apressada para o banheiro, abaixo na frente do vaso sanitário e despejo tudo que tinha no meu estômago.

"Sonho. Era tudo um Sonho Emma, ele está preso e bem longe de você"

Levanto me limpo e dou descarga. Olho meu reflexo no espelho. Não tenho noites normais desde aquele dia, mas preciso seguir, faz anos tenho que mostrar que isso não me afeta, porém é uma coisa que fica guardado com a gente para sempre.

Meus pais vivem preocupados comigo, estranham meu comportamento de um tempo pra cá. Meus amigos tentam me fazer mais sociável, mas não dá mais. Quanto mais invisível melhor mais protegida estarei.

- Vamos lá Emma, volta às aulas. Semestre novo. Os mesmos professores de sempre. - tento me animar, coisa que não adianta muito.

Corro para o banho, devo estar atrasada. Daqui a pouco minha mãe bate.

- Emma querida, anda logo vai se atrasar pra faculdade. - minha mãe bate na porta do quarto, interrompendo meu pensamento.

Eu não disse?

- Já vou mãe, estou terminando de me arrumar. - tento ser convincente, mesmo sabendo que ela já me conhece e sabe quando estou mentindo.

Escuto uma risada atrás da porta.

_ Querida, na próxima vez pelo menos liga o chuveiro pra poder disfarçar. - fala dando risada, escuto seus passos se afastando da porta do meu quarto

Droga!

Não consigo convencer ela nunca quando conto uma mentira. Ela percebe pelo meu tom de voz!

Minha mãe é um detector de mentiras ambulante.

Paro de pensar nisso, e foco em ir pro banho que mais um semestre está começando e eu preciso correr.

A Escolha Perfeita - Livro 1 - Trilogia #FRIENDS (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora