Eu estava cansada de sempre ter que refazer minhas histórias e de nunca terminar minhas criações feitas. Era nove da manhã e eu estava no meu quarto tentando terminar meu livro, novamente travo e paro de escrever, assopro minha franja, ajeito meus óculos e saio do quarto. Desço para tomar café e encontro minha mãe saindo para ir trabalhar, meu pai estava na cozinha lendo seu jornal enquanto pegava sua xícara de café. Vou direto para a cozinha abro a geladeira e pego a caixa de leite e, de repente escuto ele resmungando.
· Pouca vergonha! – Ele grita.
Vou ver o que se tratava.
· O que houve? – Pergunto.
· Essas lésbicas e gays indo para suas paradas LGBT , isso não é certo. – Ela disse.
Seguro a raiva e volto para a cozinha.
Eu fui preparar meu café e percebo que não tem ovos, fui até meu quarto peguei meu dinheiro, coloco um vestido curto branco, passo meu batom vermelho e vou até o mercado. Vou andando e o dia estava muito lindo, vejo meu amigo Joey em sua bicicleta, aceno para ele e, como sempre ele estava atrasado para seu curso de designer. Passo pela casa de uma amiga de minha mãe e seu esposo estava na porta me olhando, e acelero o passo. Chego ao mercado e abro a porta, Alfred o dono do mercado era um grande amigo da minha família, eu o comprimento com um bom dia e ele responde.
· O que essa bela moça quer hoje? – Ele pergunta
· Ovos e manteiga. – Respondo.
· É para já. – Ele diz tirando seu pequeno chapéu.
Escuto o sino da porta e me viro para ver quem entrou. Vejo um jovem com roupas pretas, sua calça era rasgada, seu cabelo era grande e preto. Ela me olha de cima a baixo e sorri.
· Aqui está seu pedido Pequena moça. – Diz o Alfred estendendo um saco com os ovos e a manteiga.
· Obrigado! Meu bom senhor. – Digo.
· Ei! Coisa fofa. – A jovem me chama.
· Oi! – Respondo.
· Belo vestido.
· Obrigado. – Respondo sem graça.
Saio do mercado sem graça e assim que eu fecho a porta do mercado, a mesma garota abre. Continuo andando e percebo que estou sendo perseguida, olho para trás e vejo a garota me seguindo e me olhando com um sorriso no rosto. Acelero o passo para ver se conseguia despistá-lá, mas ela acelerou também. Eu fico cansada do que estava acontecendo e paro.
· Agora que estava divertido você parou. – Ela grita.
· Isso não é uma brinca... – Digo me virando e ela estava na minha frente, bem perto de mim.
· Esqueceu isso. – Ela me dá um laço vermelho. – Para prender esse sou lindo cabelo ruivo. – Ela disse passando a mão nele.
· Ta... Obrigada... – Gaguejo. - Qual é o seu nome? – Pergunto.
· Paula. – Ela responde. – Fique calma, não vou te machucar. – Ela diz.
· Meu nome é Rebecca! Prazer. – Digo estendo a mão.
Ela aperta minha mão e acompanha até em casa. Conversamos muito no trajeto de volta para casa, Percebo que estilo não define quem você é. Vi nela algo diferente, algo bom. Chegamos á porta da minha casa e nos olhamos, ela pega o laço da minha mão e amarra meu cabelo com ele.
· Pronto! Agora você ficou mais linda com o cabelo amarrado. E agora eu tenho que ir. Preciso ir tomar café.
· Você não estava indo comprar pães? – Pergunto.
· Então... – Ela fica sem graça. – Só entrei naquele mercado porque vi você entrando. – Ela diz.
Fico corada e estendo a mão para ela.
· Bom... Eu estou indo. – Disse ela apertando a minha mão.
Eram dez e meia na hora que eu tinha chegado e meu pai estava lendo outro jornal. Fui direto para a cozinha para preparar meu café, estava faminta. Coloco tudo na mesa e pego a garrafa de café e percebo que estava vazia. Fui preparar mais, parecia que eu nunca iria tomar café. Coloco a água para ferver e enquanto isso fico pensando em Paula, de ela foi legal comigo e percebo que eu não tinha perdido nenhum laço. Chego á conclusão de que ela só usou o laço para chegar até a mim. Perco meus pensamentos e esqueço o tempo. Meu pai chega á cozinha e me chama estalando os dedos.
· Ei! – Ele grita. – O café está pronto.
Volto do ‘’Transe’’
· Desculpe pai! Estava perdida aqui. – Digo.
· Essa cozinha é tão grande assim? – Ele pergunta, brincando.
· Não é isso! – Digo rindo.
· Como está indo o seu livro? – Ela pergunta.
· Falta inspiração, mas acho que já achei. – Respondo, pensando em Paula.
· Então essa inspiração é muito boa, para te deixar perdida no tempo. – Ele diz, preparando o meu café.
· É sim. – Digo com um sorriso no rosto.
Vou para o meu quarto a bandeja com meu café pronto, sento na minha mesa e tento voltar a escrever. Quanto mais eu pensava no meu dia, mas eu tinha vontade de escrever. Passou-se alguns minutos e meu pai bate na porta do meu quarto,vou abri-lá. Ele precisava sair para resolver os negócios de trabalho, todo aquele lugar precisava dele. Ele termina de falar e me dá um beijo na testa, acompanho ele até a porta e nos despedimos. Fecho a porta e fico feliz de estar sozinha, podia finalmente escrever em silêncio. Volto para o quarto e quando vou sentar na cadeira escuto a campainha, desço para atender.
Abro a porta e vejo ele.
O que você quer? - Pergunto arrogante.Estou aqui para ver se está tudo bem, seus pais sairam e é perigoso uma moça tão bonita ficar sozinha em casa. - Ele diz, passando a mão no meu cabelo.
Deu uma tapa na mão dele.
Eu sei me cuidar sozinha. - Digo.Será mesmo! - Ele diz se aproximando de mim.
Antes que ele chegasse perto de mim, fecho a porta.
Não faça isso, Minha pequena. - Ele diz.
Fico em choque ao ouvir esse nome de novo.
Vá embora! - Grito.
Volto correndo para meu quarto, pego meu celular e ligo para Joey.
Ele de novo? - Ele pergunta.Sim! - Respondo chorando.Já estou indo para sua casa. - Ele diz e desliga o telefone
Passou-se meia hora quando Joey chega correndo ao meu quarto.
Ele te tocou? - Ele pergunta apavorado.Não, mas ele veio para me provocar. - Digo.Maldito! - Ele grita, indo para a janela do meu quarto.Fique calmo, não faça nada que vá te prejudicar. - Digo, indo até ele.Calma?! Só vou ficar calmo quando ver ele morto. - Ele diz pegando sua mochila e indo em direção a porta.Joey! - Grito. - Vem cá.
Ele vem em minha direção e me dá um abraço.
Fique bem! eu vou em casa tomar banho, me trocar e volto para cá. - Ele diz.Tudo bem!Tranquei a porta, se ele voltar de novo me liga. - Ele diz.Ok!
Vou com ele até a porta e assim que ele sai eu tranco a porta e volto para meu quarto.