Todos os preparativos para viagem estavam prontos. Mapas, mochilas, alimentos básicos, barracas, roupas... Tudo já estava guardado e empacotado. O plano era ficar duas semanas na floresta sem telefone, internet, computadores. As câmeras foram permitidas, pois Lizzie queria postar todas as belas fotos na volta pra casa. Essa semana serviria para eles se desconectarem do mundo e fortalecer os laços entre eles. Após o acampamento eles viajariam com seus respectivos pais e, na volta, partiriam para suas novas vidas.
Com tudo organizado, a dúvida era se eles iriam de carro ou não, pois como a floresta era perto de suas casas, uma simples carona de seus pais já seria o suficiente. Lucas era o mais cuidadoso do grupo. Apesar de jovem, ele sabia que a floresta poderia apresentar algum risco como animais, quedas... Por isso a sua palavra final foi que o carro seria importante, pois caso acontecesse uma emergência, eles chegariam mais rapidamente ao hospital. Ninguém pareceu levar isso a sério, mas todos aceitaram sua decisão.
Na manhã seguinte colocaram todo o equipamento na caminhonete, deram um abraço de até logo em seus pais e seguiram até a avenida W Lawrence onde havia uma entrada para a floresta e uma pequena estrada. Era uma manhã ensolarada. Lucas no volante olhava para os belos olhos verdes de Lizzie. Ele planejava na manhã seguinte levá-la ao riacho e dar a ela um anel de compromisso, para que pudessem mais anos mais tarde trocar para anéis de noivado. Yan, Terry e Ana iam cantando e fazendo piadas na parte de trás da caminhonete como três crianças felizes prestes a passar as melhores semanas de suas vidas com seus amigos.
Ao chegarem no final da estrada, estacionaram o carro e decidiram montar acampamento. A estrada era distante o suficiente da avenida para que se sentissem longe da civilização, e próxima o suficiente para que pudessem correr, caso acontecesse alguma coisa. Essa definição obviamente foi dada por Lucas.
Após montarem as barracas, tirarem as comidas do carro, pegarem as madeiras para montar a fogueira mais tarde, todos trocaram seus shorts e tênis por biquínis e bermudas e correram para o rio. Todos estavam se divertindo, nadando, enquanto Lizzie observava os amigos de longe e pensava como sentiria saudade deles na sua faculdade. Enquanto já alimentava o pensamento de saudade, pensou ter ouvido um barulho entre os galhos, na direção de suas barracas. Ela se levantou e ouviu um barulho de passos cada vez mais distantes, como se alguém estivesse observando-os e, ao perceber que Lizzie ouviu algum movimento, correu de perto do grupo. Ela se levantou e resolveu andar entre as árvores, pois pensava ter visto algum animal. Após procurar sem sucesso um animal (ou alguém), decidiu voltar para o grupo. Com um medo repentino, ela decidiu entrar no rio com os amigos, mas ela sentiu que os passos não eram de um animal, mas sim de uma pessoa.
Ao entrar no rio seu rosto estava nitidamente pálido, então seus amigos e, principalmente Lucas, perguntaram o que havia acontecido. Ao contar para eles, Ana disse que com certeza não era nada, afinal, animais sempre percorrida aquela região, pois era próxima do lago, então com certeza eles encontrariam animais por ali. Terry, que mais parecia uma criança de nove anos, logo se ofereceu para caçar o possível animal, pois a ideia de ser um caçador por um dia e levar o alimento ao bando lhe parecia muito divertida. Como todos sabiam de suas péssimas habilidades para qualquer coisa que dependesse de mão de obra, decidiram permanecer ali se divertindo, afinal, aquele barulho com certeza era de algum animal.
A tarde foi chegando e com ele o frio. Era verão, mas a temperatura sempre caía severamente à noite e acender a fogueira se tornava cada vez mais necessário. O grupo então resolveu retornar ao acampamento para se aquecer.
Ana chegou primeiro ao acampamento. Precisava, de acordo com ela mesma, tirar aquela roupa fria e se embalar na sua mais nova aquisição: cobertor-casaco. Para isso, ela correu na frente de todos.
Ao chegar no acampamento, Ana percebeu que a porta da caminhonete estava aberta e que o vidro da janela estava estraçalhado no chão. Assim que os demais retornaram ao acampamento, ela mostrou a janela. Todos ficaram preocupados, mas como Yan já havia dito, acampar perto de rio tinha dessas coisas. Naquela região haviam muitos animais. Eram mansos, mas desconjuntados de certa forma e, por isso, eles provavelmente haviam deixado a porta aberta, algum animal veio curiosamente cheirar e acabou quebrando o vidro com seus chifres. Todos aceitaram a rápida resposta de Yan, pois ele já havia feito trilhas com seus pais na região.
Todos decidiram arrumar a fogueira e começar a contar histórias de terror. Ana se mostrou muito feliz em começar as histórias, pois era muito criativa e sabia envolver as pessoas.
Decidiram contar uma das mais antigas histórias da floresta. A história das luzes da floresta de Robinson Woods. Era uma velha história e dizia que alguns turistas relataram ver luzes estranhas à noite na floresta. Acreditavam ser os fantasmas da família de Alexander Robinson, pois toda a família havia sido enterrada naquele lugar. Com excessão de Terry, todos ficaram com certo medo.
Depois da história de fantasmas, todos se recolheram para suas barracas. Lucas e Lizzie, apesar de serem namorados, cresceram em lares muito religiosos e por isso não queriam ter relações antes do casamento. Como forma de se "protegerem" um do outro, pediram que Ana ficasse com eles na barraca, pois apesar de não poderem dormir juntos, Lucas queria estar perto de sua namorada. Terry e Yan ficaram juntos em uma mesma barraca. Com a chegada da noite, todos decidiram dormir.
Uma da manhã e todos dormiam, mas Terry sentiu que precisava sair da barraca para ir ao "banheiro" mais próximo. Yan ouviu o barulho da barraca se abrindo, mas estava com muito sono e decidiu não acompanhar seu amigo. Terry foi à moita mais próxima, estava concentrado em completar sua necessidade fisiológica, mas ouviu um barulho entre os arbustos. Era passos e alguém estava rindo. Terry logo pensou que fosse Yan com suas brincadeiras, então decidiu acompanhar o barulho e se distanciou cada vez mais das barracas. Após correr atrás de "Yan", Terry pediu que ele parasse a brincadeira, pois já estava cansado, quando ouviu um barulho de metal arrastado no chão atrás dele. Quando Terry virou, era tarde demais. O metal, que era um facão muito bem afiado, foi cravado em sua cabeça com toda a força que um homem de 1.85m e 90 kg poderia despejar. Terry mal viu o rosto de seu assassino. Um homem alto, forte, vestido de preto, com uma máscara de palhaço havia acabado de levar toda sua juventude. O homem retirou o facão da cabeça de Terry e como forma de satisfazer seu sadismo arrancou sua mão esquerda e deixou o corpo do jovem ensanguentado, morto no meio da floresta, enquanto seus amigos dormiam sem saber o que havia acontecido.
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O Livro do Medo
HorrorUm conjunto de histórias contadas por famílias e passadas de gerações a gerações.