Prólogo

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   Ouvia-se do outro lado da rua Bela Vista o som dos tapas que Nicolas recebia de seu pai. O velho barão Thomas Queiroz não aceitava o estilo de vida do filho.

  A mãe de Nicolas, a baronesa Fernanda Queiroz se indignava com os ideais do filho. Gritava em silêncio. Pensava na reação dos vizinhos ao saber que seu filho era um pervertido.

  - Isso é um absurdo! Seu sádico! Boiola! Fora da minha casa! – Gritava Thomas em um tom ensurdecedor. Arrastara o filho de dezessete anos para o meio da rua. O jogou no chão.

  As roupas do garotos estavam rasgadas e sujas de sangue. Os moradores da rua saiam de suas casas para presenciar o escândalo. Falavam horrores do pobre garoto. Nada sobre o tenente Eduardo Duarte- que desvirginara o garoto- sobre ele, apenas se sabia que era um homem religioso, bondoso, extremamente respeitável.

  A única que então demostrou compaixão pelo jovem foi a sua babá, a Josefa, ou como era chamada por Nicolas, Mãe Zefa- ela o criou e fora sua ama de leite, o ensinou tudo sobre magia, ocultismo e vudoo .- Ela foi até ele, o cobriu com um pano de palha fina da costa, beijou seu rosto. O abençoou.

  - Vá e seja livre meu filho, que os deuses te acompanhem!- Falava Zefa enquanto chorava sobre o rosto ensanguentado do garoto.

  -Eu voltarei, Mãe Zefa. Comprarei sua liberdade. Eu te prometo.

  - Não precisa meu caro, eu não estarei aqui por muito tempo. Mas estarei contigo onde precisar.

  O garoto se ergueu e seguiu seu longo e árduo caminho. Estava decidido a nunca mais ser o mesmo garoto inocente. Estava decidido a vingar-se de Eduardo.


Diário de Um Acompanhante de LuxoOnde histórias criam vida. Descubra agora