II. A chegada do detetive

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II. A chegada do detetive

Arthur jamais deixaria de ser astuto e arrogante; jamais abandonaria sua imagem de homem severo e desejado, tão menos aceitaria ser rebaixado a ponto de correr atrás de alguém que o fez refletir sobre sua personalidade; alguém tão astuta e de pose como ele. Mas era o correto a se fazer. Já fizera suas falas para quando se encontrasse com Fausta Feodorovna, tentando manter-se a altura que chegara. Tentaria ser alguém desinteressado em vê-la; iria tentar fazê-la um objeto para a continuação de seu império.

Ficou por mais duas horas na sala de controle, pensando em como reagiria na hora que iria vê-la. Deixou que seus pensamentos chegassem à níveis alarmantes e desesperadores quando lembrou-se da última vez em que conversaram... Sentiu-se humilhado de saber que um dia já houvera alguém mais inteligente que ele naquele país... e que iria voltar a ter, por mais que fosse por somente alguns dias ou apenas algumas horas. Isso era demasiadamente preocupante à Arthur.

Jacobe andava pela varanda de sua suíte observando a paisagem vantajosa das chapadas que o Palácio Bonaparte trazia. Sempre fora romântico, apaixonado por lugares esplêndidos e com magnitudes tão elevadas em pontos estéticos como estes. Enquanto pequeno, sonhava em um dia ter uma esposa, onde sentaria com ela diante de uma bela paisagem romântica e passariam horas e horas jogando conversa fora, enquanto trocavam algumas carícias. Esse insano desejo realizou-se, mas agora, após tantos anos juntos realizando esse sonho, ele viu-se diante de uma situação onde estava entre o abismo e o penhasco.

Ele, que sempre fora tão incerto, estava perdidamente tendo mais uma de suas recaídas. Como alguém poderia estar com uma pessoa sendo que gosta de outra? É isso que ele perguntava-se todas as noites. Coisas em seu passado o assombrava. Ele reprimiu seus sentimentos por Feodorovna durante tantos anos, por incerteza, e agora já fazia mais de cem anos, praticamente, que não se viam. Nenhuma notícia, nada. Isso doía muito nele. Ele perdera o amor de sua vida para sempre. Arrependeu-se dos momentos que tivera chance e não aproveitou.

Apesar disso, ele ainda amava sua mulher, tinham dois filhos... mas não era o mesmo amor que sentia por Fausta Feodorovna. Por outro lado, ele também nunca sentira que isso era recíproco, afastando-se amorosamente dela por certificar-se e estabilizar-se com Mariane, cujo amor, por sua vez, era recíproco.

Tentando esquecer tantos pensamentos que o fazia ficar cada vez mais depressivo, Jacobe olhou para trás, onde estava Mariane observando-o.

- Desculpe, não queria assustá-lo – ela disse, ao ver o espanto do marido. – Estava tão perdido em seus pensamentos, que nem me viu chegar.

- É, eu estava.

Direcionou-se para o espelho, onde fitou sua imagem desgastante. E então, avistou ela chegando por trás e ficando com o olhar na altura de seus ombros.

- É ela novamente, não é? – perguntou, incerta.

- Como sabe?

- Você ama essa mulher, Jacobe.

- Não quero que tenha ciúmes.

- Como poderia ter ciúmes de uma mulher que você nem mesmo fizera amor? – perguntou, observando a expressão de seus olhos diante do espelho. – Ou fizera?

- Jamais tivemos qualquer envolvimento mais íntimo, Mariane. És muito paranoica às vezes.

- Mesmo porque, se fizeram amor alguma vez, você chegou a me trair.

- Eu nunca te traí... sabe disso. Eu jamais seria capaz de fazer isso, pois não sou esse tipo de homem. Não sou, nunca fui e jamais serei.

Mariane respirou, aliviada com a resposta arrogante e preocupada do marido.

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⏰ Última atualização: Jul 09, 2017 ⏰

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