Prólogo

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-Não! - gritei - Por favor!

-Por que as pessoas sempre dizem essas mesmas palavras em momentos assim - riu.

-Por favor, eu nunca te fiz nada, me deixa ir - implorei mais uma vez.

- É aí que está o problema, belezinha. Você nunca me fez nada - sorriu malicioso, me colando na parede do corredor sujo e vazio.

Um sorriso nojento. Um sorriso que a partir de hoje, iria me atormentar pelo resto da vida.

-Ah! - gritei mais uma vez tentando inutilmente me soltar de seus braços fortes.

- Ei, ei, calma aí. Vai ser rápido, você vai adorar, eu garanto.

Dito isso, ele cobriu a sua boca imunda com a minha. Não me contive e mordi o seu lábio inferior, sentindo gosto de sangue logo em seguida.

-Sua vadia - senti meu rosto arder com o tapa que levei - Acho bom você ficar bem quietinha aí, ou vai ser pior para você.

Ele acariciou o lugar avermelhado e marcado em meu rosto, beijando-o, me chamando de linda.

-Você é louco! Eu nunca vou te perdoar - disse com todas as forças que ainda me restavam.

Outro tapa

- Agora sim você está mais linda ainda - me olhou admirado.

Cuspi em seu rosto.
Ele pareceu não ligar, se limpou e então me prensou mais forte contra a parede, limitando qualquer movimento que eventualmente eu poderia ter. Ironia, nesse momento a única coisa que eu menos tinha era força. Eu estava acabada. Meus cabelos pretos estavam colados em meu rosto pelo suor, meus olhos antes com vida, agora estavam azul opaco, abatidos, olhando horrorizada para o homem que marcaria a minha vida para sempre.
Bonito, eu achei em um primeiro momento. Cabelos lisos pretos, porte atlético, e olhos castanhos claro. Mas me arrependo amargamente de ter sequer cruzado meu olhar com esse ser. Sim, ele não merece ser classificado nem mesmo como humano. Animal talvez? Não, animais são irracionais e não tem consciência de seus atos, eles são inocentes. Vi que não adiantaria nada tentar fugir, me senti impotente e culpada. Quem sabe se não tivesse vindo nessa festa, ou com uma roupa mais composta?

Então eu chorei. Gritei tanto que tive a impressão que minha garganta se rasgaria, mas ele colocou sua boca sobre a minha de novo, impedido que eu gritasse mais uma vez.
Cobriu meu seio com sua mão por cima do vestido que eu usava, o massageando. Colocou sua perna entre as minhas e forçou que eu as separasse, então me pressionou, roçando seu membro em mim. Desceu os beijos para o meu pescoço, lambendo todo o suor que descia por ele, fazendo caminho até o meu decote. Ainda me segurando, ele rasgou a frente do meu vestido, empurrou meu sutiã para cima e abocanhou um dos meus seios, me causando náuseas ainda mais violentas por estar sendo tocada dessa maneira, obrigada.

- Ora, ora, você é uma puta gostosa. Desde o momento que te vi soube que seria minha.

Terminando de rasgar o meu vestido, ele me olhou e sorriu mais uma vez.

Socorro, pedi mentalmente.

Mas era inútil, ninguém viria me ajudar. Já era.
Mais lágrimas rolaram pelo meu rosto e me senti seca por dentro. O que aconteceria depois? Ele me mataria, ou me deixaria viver para suportar tudo?
Melhor a morte, ponderei.

Me senti sendo tocada no vão entre as pernas, e vi ele tirar as mãos de mim por um momento para abrir o zíper de sua calça.
Deviei o olhar. Não precisava de mais essa imagem para a coleção.
Então ele puxou minha calcinha para o lado, e eu grunhi de raiva, tristeza, revolta, culpa, tudo.
Senti ele me penetrar violentamente, satisfazendo suas vontades. O hímen que antes fazia-me pura se rompeu, e eu gritei de dor.

- Uma puta gostosa, e ainda virgem - gargalhou - parece que ganhei na loteria.

Uma. Duas. Três. Quatro. Ele ia e vinha. Gemia, e me chamava por nomes pejorativos.
Ele ia e vinha. Eu chorava.
Ele ia e vinha. Eu gritava.
Mais rápido, ele ia mais rápido.
Lento. Rápido. Perdi as contas de quantas vezes ele me violou. Me senti tonta, só queria que isso acabasse.
Então parou. Ele fez uma careta de satisfação, e se derramou dentro de mim, passou a mão em meu rosto e me empurrou. Caí no chão desesperada, procurando forças para sair dali.

- Foi muito bom - disse fechando a calça e me olhando de cima. - Até mais, belezinha.

- N-não, v-você não vai sair dessa tão fácil - chorei - E-eu vou te denunc-ciar, EU TE ODEIO!!!

Ele se aproximou de mim e agachou, levantando meu rosto com o indicador.

- Não viaja, vadia. Te aconselho a não fazer algo que vá se arrepender depois. Você não me conhece, então nem queira conhecer. - e saiu andando pelo corredor, como se nada tivesse acontecido.

- Por quê?- olhei para o céu- Por quê, porra? - gritei.

Fiquei tanto tempo ali deitada que adormeci. Seminua, com o vestido rasgado, desesperada e violada. Senti alguém gritar e me erguer, tentei abrir os olhos em busca de uma fresta sequer de luz, porém só enxerguei a parede escura com uma pequena borboleta pousada nela, mas ela voou, o vento frio cessou, e então eu apaguei.

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