São Paulo, Tucuruvi, Zona Norte.
07 de junho, 09:00 A.M.
Casa da Família Rodrigues.
‒Juliana, você viu a caixa com as minhas roupas de inverno?‒ perguntou minha mãe.
Tirei minha cabeça de dentro do meu guarda-roupa e virei para trás. Avistei ela me olhando impaciente, de braços cruzados, enquanto batia seu pé esquerdo inquieta no chão.
‒Caixa com suas roupas?‒ perguntei franzindo o cenho‒ Pensei que tivesse colocado ela no quintal ontem à noite, mãe.
Funguei, esfregando levemente a mão no meu nariz. Ele estava coçando a algumas horas. Tudo isso? Foi devido a poeira que vinha do quarto ao lado, o da minha avó. Ele estava cheio de poeira quando fui limpa-lo, então minha rinite acabou dando as caras para me infernizar.
Rinite é um caso complicado, para não falar um saco. Só quem tem essa desgraça que sabe o terror que é quando ela resolve atacar.
‒Ah, é verdade! Como fui me esquecer disso!?‒ riu ela.
‒Sério isso, mãe? ‒ revirei os olhos‒ Como foi se esquecer!? Acho que só tem uma explicação para isso.
‒E qual seria a sua explicação para isso então? ‒ ela estreitou os olhos, temendo saber a minha resposta.
‒Bom, minha querida, acho que está ficando velha‒ pisquei, revelando meu sorriso malicioso ‒ E não diga que eu estou errada, Sra. Virginia‒ pus as mãos em minha cintura, exibindo cada vez mais o meu sorriso.
‒Velha uma ova, humf! ‒empinou o nariz.
Ri alto enquanto ela se preparava para sair do meu quarto, bufando com seu nariz ainda empinado. Minha mãe odiava quando diziam que ela estava ficando velha ‒ o que era aparente, já que ela tinha diversos fios brancos por todo o seu cabelo curto e preto, ah, e também por estar com seus cinquenta e três anos.
Ela agia como se fosse uma ofensa para o seu "jovem ser", o que me fazia rir. Isso era como se ela fosse uma adolescente, o que ela estava longe de aparentar.
‒Não estou vendo graça nenhuma‒ disse saindo do meu campo de visão‒ Quero ver quando chegar na minha idade como vai estar, já que esta aí se divertindo com a minha situação. A vida cobra, hein.
‒Espero estar com saúde e sem esse complexo de "Senhora Virgínia"‒ respondi parando de rir, mas ainda com um grande sorriso estampado no meu rosto.
Apenas a ouvi descer as escadas resmungando. Provavelmente indo atrás da suposta caixa com as roupas dela, que só Deus sabe onde ela enfiou‒ para mim ainda está no quintal, então espero que continue lá. Isso se meu pai não resolveu mover ela de lugar, porque se moveu, a casa vai pegar fogo.
Minha mãe iria fazer um breve show por não encontrar suas coisas no lugar em que ela mesma colocou, o que eu até concordo, porque ninguém gosta quando alguém mexe em nossas coisas e tiram elas do lugar em que estamos acostumados a coloca-las ou vê-las.
Balancei a cabeça em negação e virei novamente para olhar o meu guarda-roupa quase vazio. Estava tirando todas as minhas roupas para empacota-las em algumas caixas. Hoje à noite iria viajar e me mudar para County Town, uma cidade no condado de Gloucestershire‒ou Gloucester‒, no sudoeste da Inglaterra, próximo a Gwent, outro condado do país de Gales, que faz fronteira com o local que estava indo morar.
Meu pai, Luiz, é um biólogo muito reconhecido no ramo de pesquisas sobre a vida dos animais em grandes florestas. E devido ele ter sido muito dedicado ao seu trabalho ano passado, ele ganhou uma chance de ir para a Inglaterra, com tudo pago pela sua empresa, para poder estudar a floresta de Dean, que é uma floresta deveras famosa na Inglaterra pela sua grande biodiversidade.
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O Lobo de Gloucester [PAUSADA]
WerewolfJuliana é uma jovem brasileira de vinte anos que esta deixando sua antiga vida no Brasil e indo se mudar com os seus pais para County Town, uma cidade localizada no condado de Gloucester, na Inglaterra. Sem nenhuma noção do que seria de sua vida da...