RAFAEL LANGE

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Um mês após a saída do hospital

Já faz um mês que aconteceu meu acidente. Ninguém fala sobre isso. Felps está me ajudando a arrumar minhas coisas para ir para São Paulo, e Melanie, bem ela tem ficado no quarto dela ( que é em frente ao meu ), das poucas vezes que vi a janela aberta ela me parecia distante. 

-- Mãe, tem algo que eu deveria saber? -- ela me encara. Estamos almoçando, Felps para de comer e a olha

-- Rafael eu não vou me intrometer no meio disso tudo. Não concordo, mas também não me imponho -- diz mais para o Felps do que para mim

-- Tia Deya, não foi uma escolha minha! Também não concordo, mas não há nada que eu possa fazer. -- eles conversam como se eu nem estivesse aqui, então me levanto irritado e saio me sento na calçada.

-- O que você faz aqui fora nesse frio Raz? -- ouço a voz de Melanie e a olho. Ela está com um moletom do Damon e um short, se senta do meu lado porém mantém o olhar no chão

-- Melanie,  o que foi que eu perdi? -- ela fica tensa e isso prova que ela sabe mais do que demonstra

-- Nada de mais. Confia em mim -- da de ombros e finalmente me olha -- Algumas coisas nos temos que deixar quieto Rafael... -- e então ela se levanta -- Apenas siga em frente -- sorri triste e vai para casa me deixando sozinho na calçada

Atualmente

-- Como foi que aconteceu o acidente? -- pergunto mais ansioso do que deveria

-- Bem, você estava dirigindo um carro e estava sendo seguido. -- respira fundo como se estivesse revivendo tudo -- Você viu uma única saída.  Acelerou o carro e de  repente virou de frente com que estava nos seguindo, e bum.

-- Você estava comigo? -- indago um pouco confuso e ela consente lentamente -- Tá! E quem estava nos seguindo? 

-- Lembra da Fabiola? -- consinto -- Pois é, ela e o Leonardo! Digamos que ela ficou obcecada por você,  e não no bom sentido!! -- ri sem humor

Penso um pouco. Melanie está deitada na minha cama de olhos fechados, porém eu estou sentado em uma cadeira em frente à cama apenas a observando

-- Eu estava com você não era? -- ela abre os olhos -- Estava namorando você não era? -- ela consente. E mesmo que eu já de certa forma soubesse daquilo, ela ter confirmado torna tudo diferente -- E por que não queria que eu soubesse?

-- Raz, em um ano de relacionamento aconteceram muitas coisas -- fecha os olhos novamente -- Muitas merdas aconteceram, você ter perdido a memória não foi uma delas. Na verdade foi uma dadiva! Assim você esqueceu tudo de ruim que passamos...

-- E o que foi tão ruim? -- indago me deitado ao seu lado na cama

-- Estou com sono -- finge um bocejo

-- Fala rápido e logo!  -- digo já sem paciência

-- Uma das coisas foi: perdemos um filho -- sua voz está pesada -- A segunda: você me deu um cachorro.

-- Isso não é ruim! --ela ri sem humor -- O que mais?

-- Fui sequestrada, meu pai reapareceu -- ela parece pensar um pouco sobre o que vai falar -- Ficamos juntos por um ano. Tivemos emoção demais para um ano, sabe? -- ouço ela suspirar -- No dia do acidente você me entregou uma carta e uma caixinha -- lembro disso -- Você ia me pedir em casamento.

-- Uau -- fecho os olhos -- Íamos casar? Só com um ano de namoro?

-- Um ano de namoro e uma infância inteira praticamente juntos. -- ri fraco -- E lógico algumas brigas...

--  E por que não falou antes? Quer dizer... meu que idéia idiota de merda essa de ficar com tudo sozinha e...

-- Foi minha escolha Rafael -- diz me interrompendo -- Você está sem dor nem nada do tipo.  E mesmo que eu fale tudo o que vivemos, você não vai sentir o que já sentiu no passado...

-- E como foi que começamos a nos das bem e etc? -- pergunto ignorando tudo o que ela disse

-- Foi no seu aniversário... -- me esforço a me lembrar do meu aniversário -- Você estava como sempre: um idiota -- rio -- E pelo que eu soube um tempo depois a Maethe teve a idéia de  te passar meu número e falou para me mandar mensagem. Porém quando estávamos cortando o bolo você decidiu se vingar de mim e jogou bolo em mim.

-- Fomos sempre tão gentis um com o outro -- soou irônico

-- Pois é. Mas então eu fui embora da sua casa e fui para a minha. Não sei o que você fez, mas meia hora depois você me mandou mensagem em um número anônimo ou o seu tanto faz... -- suspira -- E começamos a conversar

-- Você não sabia quem eu era? -- pergunto

-- Não -- ri -- E durante o tempo que foi anônimo eu nem sequer suspeitei. Talvez eu fosse ler da demais, mas não reparei quando mudou de idiota pra um idiota gentil comigo, quando descobri foi porque sem querer o Zelune falou. E eu fiquei com raiva, muita raiva na verdade -- ri -- Mas depois de muito insistir; conversamos. E decidimos depois de muito tempo tentar algo. E então a Fabiola disse que sempre foi afim de você e etc..

-- E tentou nos matar? -- indago

-- É... -- suspira --E no acidente quando perdeu a memória eu vi você como privilegiado de certa forma. Depois de tudo o que passamos, você não lembra mas, ficamos estranhos. Viamos refúgio um no outro, mas era como viver em um filme de ação. O perigo parecia constante...

-- E agora? O que vai acontecer agora?  -- indago abrindo os olhos

-- Nada. Você queria saber o que aconteceu, e agora sabe -- olho para ela confuso -- Mas isso não muda nada Rafael...







Why? - Rafael LangeOnde histórias criam vida. Descubra agora