Amor, Histórias e Outros Vícios.

Eu Poderia.

"E mais uma vez, estou aqui parada na chuva. Com os lábios tremendo, e abraçando meu próprio corpo, imaginando um outro calor.
  Ele passou pela minha frente ao lado dela, com os dedos entrelaçados e os sapatos fazendo barulho ao bater contra as poças de água, mas isso não o incomoda. A única coisa que ele nota, é o sorriso de lado dela... Ah! Eu queria tanto que ele soubesse que aquele sorriso não era só dele. Eu já sabia o que aconteceria naquele anoitecer, eles estavam caminhando em direção a casa dela... a neblina estava alta, e em cada passo eles ficavam mais distantes da minha vista, mas mais próximos da minha mente. Ela consegue fazer ele ter uma boa noite, e pra mim? Às vezes é insuportável, talvez eu devesse deixá-lo de vez... O único problema, é que não consigo, mesmo sem nenhum contato, ele me faz feliz. O pior é imaginar o seu corpo sensível pregado em um falso suor de amor, suas bochechas avermelhadas a cada toque em que seus corpos se envolviam, e o corpo dela, envolvido com vários outros, e o dele, só focado nela. Aquilo estava doendo tanto, eu não pude lidar... ajoelhei no chão molhado, com aquela chuva forte que molhava meus cabelos e lábios, e chorei, chorei muito! Eu pedia pra que meu amor voltasse, pedi tantas vezes, mas ele não escutou... Se o barulho das poças de água não o chamavam atenção, quem dirá o grito de dor e falta de amor de uma garota.
  Eu poderia ter lhe proporcionado as melhores noites de amor, as melhores manhãs de carinho.
 Eu poderia ter cuidado de seu coração maltratado por ela, poderia beijar sua testa e dizer que tudo ficaria bem.
 Eu poderia e aceitaria colocar um anel em seu dedo, eu poderia ter te chamado de meu.
 Eu poderia até mesmo aprender a cozinhar pra você, e poderia preparar aquele seu prato favorito pra você assistir sua série favorita.
   Eu poderia, poderia ter te dado toda a atenção, poderia me entregar a você, poderia te amar como nunca amei ninguém antes.
Eu poderia, se essa dor não tivesse feito eu desistir de tudo! De nós, de mim mesma.
Eu poderia, mas naquela mesma noite, eu morri. Posso dizer que já estava morta psicológicamente, mas dessa vez... Eu desisti de mim.
Eu poderia."
     - Lays Rodrigues