Chapter 1
Houston, Texas
Nada é mais assustador que esperar pelo destino de alguém que amamos, fechados no nosso quarto, sem podermos fazer nada.
A doença da minha mãe alastrara-se rapidamente durante estes ultimos meses.
Nessa noite o meu padrasto chamara um médico. Talvez apenas para que a sua consciência não pesasse ao longo dos anos.
Todos sabiamos que a mãe morreria mais cedo ou mais tarde. Uns anos depois de a minha irmã nascer, a minha mãe contraiu uma doença que nenhum médico conseguiu desvendar. Ninguém sabia o nome do que causara todo aquele mau estar a pessoa que eu mais amava. A falta de tecnologia de ponta, não permitia aos medicos procurarem uma cura para aquela doença fatal.
Então aqui estava eu. No meu quarto, à espera de noticias. Sentada no fundo da cama, de pernas fletidas e cabeça sobre os joelhos. Não ouvia nada senão a chuva a bater contra a janela do meu quarto e os fortes trovões que entoavam por entre a chuva.
A espera fora longa, mas todos sabiam o resultado dela. Mas ainda assim eu não podia acreditar.
No momento em que o médico se aproximou da porta do meu quarto, o meu coração parou e inspirei, sentindo-me sem ar. O médico apenas abanara a cabeça negativamente. Senti lágrimas a formarem-se nos meu olhos e rapidamente me afastei do meu quarto, correndo na direção de, onde agora, descançava o corpo da minha mãe. Senti a minha irmã do meu lado enquanto as lágrimas corriam intensamente pelo meu rosto. Abracei-a e sussurrei no seu ouvido que tudo iria correr bem, mesmo sabendo o que viria a seguir.
Desde sempre que o meu padrasto, anteriormente ''amigo'' de familia, se interessara apenas pelo dinheiro que possuiamos.
Quando o meu pai morreu, ele foi o primeiro a apresentar as condolências à minha mãe e desde aí nunca mais se desapegou. Acabou por casar com a minha mãe, que foi convencida sabe Deus como, e ficou apenas à espera que o dia do seu funeral chegasse, para que assim, pudesse ficar com todo o dinheiro.
Depois do funeral, o advogado veio até ele. Entregou um pequeno baú ao meu padrasto, que disse que o abriria mais tarde. Talvez para mais tarde gozar da sua vitória.
Nas ultimas noites desde que a minha mãe morreu, não consegui dormir, não me sentia segura com o meu padrasto por aqui.
Estava sentada perto da janela, vendo a chuva cair, quando ouço um grito de raiva, o que fez com que olhasse em direção da porta do meu quarto
Fountain Hills, Phoenix, Arizona
Fora uma longa viagem, mas o meu padrasto fazia de tudo para que eu desaparecesse de vez.
''St Joseph Children's Home'' estava gravado numa grande placa em frente ao portão principal.
Tentei pensar positivo sobre o facto de eu estar a passos de entrar num orfanato, mas nada do que me vinha a cabeça era, de modo algum, positivo.
'' Boa tarde e bem vindos ao St Joseph Children's Home'' Disse uma senhora depois de abrirem o grande portão principal. Ela tinha a pele enrugada e mostrava cansaso no seu rosto. Teria entre os 50 e os 60 anos e a sua voz era doce e fraca. Estava vestida com uma bata branca e trazia um pequeno pendente ao seu pescoço. ''Temos o prazer de os receber aqui nesta instituição''
Pois já eu, não tenho prazer nenhum de vir para aqui, pensei enquanto olhava o edificio velho. Vi algumas raparigas olharem por entre as cortinas de algumas janelas, e muitas delas não pareciam muito amigaveis.
Depois de entrarmos e o meu padrasto tratar de todos os papeis, uma senhora um pouco mais nova que a anterior, dera-me para as mãos uma pilha de lençóis lavados e um uniforme branco.
Olhei para o meu padrasto uma ultima vez, mostrando raiva no meu olhar e direcionaram-me para um pequeno quarto. ''Podes mudar-te e mais logo alguém te virá buscar para o jantar'', sorriu um pouco e fechou a porta logo depois de eu ter assentido levemente.
Mudei da minha roupa para o uniforme e sentei-me na cama, olhando pela janela. Chovia torrencialmente. Estava fixada naquele portão. Eu não posso ficar aqui, não posso. Tenho que procurar a minha irmã e quando a encontrar fugiremos daqui e mais ninguem nos separará.
Mas não vou conseguir sair daqui sozinha. Sabe-se lá o que o meu padrasto disse sobre mim. Só sei que há empregadas por todo o lado e que nao vai ser nada facil, mas eu tenho que arranjar uma maneira, nem que seja a ultima coisa que faça
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Sweet Dreams
Fanfiction''Todos temos um anjo. Um guardião que nos vigia. Não sabemos que forma assumirá. Um dia, um idoso. No dia seguinte, uma menina. Mas não se deixem iludir pelas aparências. Pois podem ser temíveis como qualquer dragão. No entanto, não existem para co...