- Introdução -
E ali estava eu. Mais uma noite sozinha em casa.
Estava a preparar algo para comer, visto que a minha mãe estava a trabalhar nos turnos da noite.
Já estava habituada a viver assim, mas nunca conseguia perder aquele receio de ficar sozinha em casa durante a noite.
Sempre com a aquela impressão de que o Freddy Krueger iria aparecer e matar-me sem qualquer misericórdia pela minha pobre alma.
Ok, então talvez tenha andado a ver filmes de terror a mais para quem tem que ficar sozinha durante a noite.
Resolvi ligar à Allison, a minha melhor amiga desde o 10º ano , para lhe dizer para passar por cá, porque, assim se o Freddy decidisse aparecer, ao menos não morreria sozinha.
- chamada on -
Allison: Sim?
Eu: Allie! Meu amor! - ri, falando animada com ela.
Allison: Sim, Violet, sou eu - falou um pouco seca, devido ao meu entusiasmo e, de a conhecer tão bem, quase que a conseguia ver a revirar os olhos. E ela também já me conhecia bem, visto que só falava com tanta alegria quando estava prestes a pedir algo. O normal.
Eu: Queres passar por cá, minha fofa? - continuei a falar no mesmo tom e, percebia que estava a irritá-la e, de qualquer forma, isso divertia-me.
Allison: Agora?
Eu: Não, amanhã! - revirei os olhos, recorrendo ao meu uso habitual do sarcasmo.
Allison: Sorry, love, mas hoje não vai dar. Os meus pais organizaram uma festa surpresa de aniversário para o meu irmão e querem que eu fique - conseguia ouvi-la a suspirar pelo telemóvel.
Eu: Mas... Podes sempre fugir daí - Sim, o meu espírito rebelde de adolescente falava sempre mais alto.
Allison: Era bom... Podia tentar, mas aqui a minha mãe não sai de ao pé de mim e está a tentar obrigar-me a usar um dos vestidos dela do milénio passado!
Eu: Ohhh coitadinha - tentei manter-me séria, perante a minha expressão sarcástica, mas acabo por rir e ouço-a bufar do outro lado da chamada.
Allison: Sua idiota - tentou também parecer chateada comigo, mas acabou por rir - Porque não vens cá ter?
Eu: Eu? Nahh, que ia eu, a pobrezinha da Violet, fazer numa festa organizada pela tua mãe? Filha, nem roupa tenho para festa de tal calibre - ironizei, rindo.
Allison: Vem e vestes um vestido meu - respondeu rapidamente, o que me faz revirar os olhos. Aquela rapariga tinha sempre solução para tudo.
Eu: Parva. Chego daí a 15 minutos.
- chamada off -
Acabo de comer a tigela de cereais que havia preparado e vou preparar-me.
Chego a casa da Allison, estacionando a minha bicicleta lá à frente e volto a ligar-lhe para que ela me viesse abrir a porta, mas ela não atendia. Não queria tocar à campainha, pois sabia o quão bem recebida eu era sempre que vinha a esta casa. E talvez a minha timidez e a minha falta de coordenação falassem mais alto.
Liguei várias vezes à Allison, mas ela continuava a não atender.
Bufo, revoltada por ela não atender e o frio da noite começava a fazer-se sentir e, com isto, sento-me no pequeno degrau à entada da grande casa da Allison, encostando-me à parede. Esperava ansiosamente uma resposta da Allie, mas isso parecia não acontecer. Cinco minutos passaram e o meu telemóvel, finalmente, dá sinal.
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The boy of my nightmares.
Teen Fiction“If evil had a laugh, she thought it would sound like his.” ― Nenia Campbell