Até que enfim chegou o Outono.
Sabe tão bem ouvir as folhas a cair. O vento a soprar pelas janelas e ao mesmo tempo o barulho da chuva. Os dias de Outono são os meus preferidos. Sei que é Outono quando já posso usar o pijama mais quente do meu armário e por cima um robe robusto. Outono querido Outono, tão feliz por estares de volta..===
Bem posso dizer que este foi o meu pior ano. O ano em que a minha mãe morreu num acidente de carro. O ano em que mudei de cidade com o meu pai e por conseguinte mudei de escola. Estou à um mês nesta escola, não tenho amigos, não tenho vontade de ir à escola. Basicamente, não tenho vontade de fazer nada, sinto que estou a morrer aos bocados. Sem razões para viver. Pergunto-me senão seria mais fácil. Ao menos não teria que pensar constantemente nos meus problemas.
Tento afastar o meu pensamento negativo e trazer boas memórias. Tais como, quando tive o meu primeiro cão ou quando a minha mãe me comprou um gelado azul e fiquei super contente. Okay, isto não é fácil, eu tento, mas as boas memórias duram pouco na minha cabeça, são como um bando de pássaros a fugir da chuva.
Sábado
São 11:00 horas.
Levanto-me e visto o meu robe. Calço as minhas pantufas e saio do quarto. Desço as escadas e oiço uma voz masculina a cantar vinda da cozinha. É o meu pai. Nunca percebi como é que o meu pai acorda tão bem disposto num fim-de-semana.
-Bom dia pai.
-Bom dia Indie!
-Dormiste bem?
-Sim..
-Não me parece, estás com uma cara.
-Pai, estou sempre com esta cara.
-Okay filha, já vi que hoje não estás com paciência. Come estas panquecas que te preparei.
-Obrigada pai.
Vejo o meu pai a virar as costas.
-Onde vais pai?
-Vou ao quiosque comprar um jornal e aproveito para fazer as compras do mês, precisas de alguma coisa?
-Sim, de pensos higiénicos com abas.
-Okay filha, até já. - dando-me um beijinho caloroso na bocheha.
Desde que a minha mãe morreu, o meu pai tem-se esforçado bastante para fazer o papel dela. Tentar perceber-me. Admiro-o muito por isso, sinto que agora estamos mais próximos e unidos.
Acabo de comer as panquecas , ponho a loiça de molho e caminho para a sala. Atiro-me para o sofá e começo a ver as news nas redes sociais. Instagram. Nada de especial. Twitter. Nada, nada, nada..okay wait. Vai haver uma festa de halloween. Questão: Com quem é que vou se nem amigos tenho..Ya estou à um mês na escola mas vou ter que arranjar um amigo.
Domingo
Levanto-me, são 8:00 horas. Observo através da janela, céu limpo e um sol radiante. Visto o meu fato de treino e calço os meus ténis. Pego numa peça de fruta e deixo uma carta em cima da mesa ("Fui correr. Beijinhos, Indie. 8:15"). Saio de casa, ponho os fones e começo a correr. Corro até ao jardim da gulbenkian e sento-me num banco. Contemplo o jardim, ao mesmo tempo que recupero a minha respiração. Vejo as horas no meu relógio, 8:45. Levanto-me do banco e começo a correr para tomar o caminho de regresso a casa. Tropeço numa pedra e caio batendo com a cabeça no chão.
-AUU, foda-se.
Oiço uma voz masculina por trás.
-Ajuda?- diz um rapaz, esticando a mão.
Estico a mão, aceitando.
-Obrigada.- digo, mexendo na cabeça.
-Estás bem?- tocando-me na bochecha.
-Hm, sim- afastando-me.-Bem, tenho que ir.
Viro as costas e começo a correr para sair do jardim.
-O meu nome é Charlieee!
Continuo a correr, mas com alguma vontade de olhar para trás. Saio do jardim e paro. Recupero a imagem breve e rápida do rapaz do jardim, o Charlie. Um rapaz alto, com cerca de 1,80m, cabelo castanho, olhos verdes e penetrantes. Tinha um estilo tipo street style e possuía um livro nas mãos.
Chego a casa.
-Haloo
-Bom dia, como foi a corrida?
-Foi boa.
Entro na sala.
-O que te aconteceu filha??- disse o meu pai com uma cara preocupada levantando-se do sofá e caminhando na minha direção.
-Não é nada de especial pai, tropecei no jardim.
-Estás mesmo bem?
-Estou pai, não dramatizes, é so uma ferida de nada.
-Okay, pronto, pronto.
-Já tomaste o pequeno almoço?
-Já, não sabia a que horas ias chegar.
-Okay.
Caminho para a cozinha, pego no telemóvel e abro o Instagram. Vou ao pesquisar e escrevo Charlie. Aparecem inúmeras contas. Abro uma a uma tentando encontrá-lo. Lá está ele, o rapaz do jardim.
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É certo: passa...
RomantikUma adolescente, tenta ultrapassar a morte de um familiar. Muda de cidade com o seu pai, muda de escola, muda de rumo . Deixa tudo para trás. Como vai ela ultrapassar isto?